O Grupo Sá Cavalcante, especializado em incorporação imobiliária e administração de complexos comerciais, está investindo R$ 100 milhões na ampliação de seus empreendimentos nas regiões Norte e Nordeste. O movimento consolida uma estratégia de transformar os centros comerciais em eixos estruturantes das cidades, conectando consumo, lazer, serviços e habitação. “A expressão “”eixo estruturante”” é um conceito que orienta nossas decisões, reforçando nossa estratégia de entregar projetos multiuso. Enxergamos o shopping como um equipamento que tem a capacidade de reorganizar o entorno, fomentar a economia e cultura locais”, afirma Marcelo Rennó, diretor de Operações e Digital da Sá Cavalcante.
O principal foco do investimento da empresa é a ampliação do Shopping Rio Poty, em Teresina (PI), que receberá R$ 60 milhões para um projeto de redesenvolvimento do piso L4, iniciativa que irá gerar mais de 7 mil m² de intervenções no empreendimento. “Isso significa criar um ambiente que combine moradia, comércio, lazer, saúde, convivência, trabalho, educação e serviços em um único espaço, que será possível através dos projetos que envolvem as áreas de shoppings e incorporação imobiliária da Sá Cavalcante”, completa o diretor.
Em 2024, o grupo capixaba obteve R$ 500 milhões de faturamento, com um desempenho surpreendente em seus empreendimentos: foram R$ 3,6 bilhões em vendas nos seus shoppings, um crescimento de 17%, superando amplamente a média nacional do setor (1,9%). Os shoppings do grupo também ultrapassaram 45 milhões de visitas no ano passado. “Os números reforçam algo que já percebíamos no comportamento do consumidor: a valorização de espaços que entregam conveniência, experiência e propósito. Estes resultados validam o modelo que estamos promovendo: empreendimentos que não competem apenas por compras, mas por atenção, conexão e relevância na vida das pessoas”, afirma Marcelo.
Norte e Nordeste apresentam dinâmicas sociais e econômicas favoráveis
Segundo Rennó, a decisão de investir nas regiões Norte e Nordeste é resultado de uma leitura estratégica de longo prazo. “Essas regiões estão em pleno processo de transformação e apresentam dinâmicas sociais e econômicas que favorecem projetos com alto nível de integração entre consumo, serviços e vida urbana.”
Enquanto parte do setor ainda concentra investimentos no Sudeste, a Sá Cavalcante optou por antecipar tendências e ampliar sua atuação em regiões com forte potencial de crescimento, onde têm empreendimentos que já são destaques de resultado e influência onde operam. “Mais do que expansão geográfica, estamos falando de consolidar nosso papel como agentes de desenvolvimento econômico e social das regiões onde estamos”, completa o diretor.
Teresina e Maranhão estão no foco do Grupo
A escolha por Teresina e pelo Maranhão como prioridades está ligada tanto à performance dos ativos da empresa quanto ao potencial de mercado das regiões. “São praças onde o varejo segue em expansão, o público tem forte conexão com os empreendimentos e cultura local, e há uma demanda clara por potencialização dos nossos shoppings dessas regiões”, afirma Rennó.
Em Teresina e São Luís, o grupo já tem liderança de mercado e percebe que há espaço para entregar ainda mais não apenas em termos comerciais, mas também de contribuição urbana. “É esse alinhamento entre desempenho, oportunidade e legado que orienta nossas escolhas”, completa Marcelo.
Shoppings como motores urbanos
A visão do grupo Sá Cavalcante sobre os shoppings como “eixos estruturantes das cidades” encontra respaldo no que observa a Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers). Para a associação, os shoppings atuam como agentes de desenvolvimento urbano e social, especialmente em regiões com menor infraestrutura pública.
“Os shoppings contribuem para a urbanização e qualificação do entorno ao atrair investimentos, estimular melhorias em mobilidade, segurança e serviços, e gerar empregos formais. Além disso, têm o papel de plataformas de acesso a serviços essenciais, como farmácias, cartórios e agências públicas, e como espaços seguros de convivência, lazer e cultura em áreas carentes de equipamentos públicos”, afirma a Abrasce.
A associação destaca que o Nordeste é atualmente uma das regiões mais dinâmicas do setor: são 109 shoppings, o que representa 17% do total nacional. Fortaleza (CE) lidera entre as capitais com 13 shoppings. Já a região Norte conta com 31 empreendimentos, o equivalente a 5% do total, com destaque para o Amazonas, que possui 11 centros comerciais em operação.
A tabela abaixo compara o crescimento de shoppings, vendas e visitantes no Nordeste com o restante do Brasil:
Indicador | Nordeste | Brasil (Média Nacional) | Observações |
Total de shoppings em 2025 | 109 | ~640 | Nordeste representa 17% do total nacional |
Participação na expansão de shoppings (última década) | Acima da média | Estável | Nordeste tem crescimento acima da média nos últimos 10 anos |
Crescimento de vendas (1º tri de 2025) | +1,0% | 0% | Única região com aumento simultâneo de vendas e fluxo de visitantes |
Crescimento do fluxo de visitantes (1º tri de 2025) | +0,5% | Estável | Sinaliza engajamento do público e atratividade crescente |
Destaque regional (cidades com mais shoppings) | Fortaleza (13 shoppings) | São Paulo, Rio, Belo Horizonte | Fortaleza lidera entre as capitais do Nordeste |
Crescimento do varejo ampliado (PMC-IBGE – 1º tri/2025) | +6,2% | +5,9% | Acima da média nacional |
Os números reforçam a estratégia da Sá Cavalcante. No primeiro trimestre de 2025, o Nordeste foi a única região do Brasil a registrar crescimento simultâneo em vendas (+1,0%) e no fluxo de visitantes (+0,5%), superando a média nacional.
No comércio varejista ampliado, o Norte teve o segundo melhor desempenho do país, com crescimento de 8,1%, enquanto a região Nordeste em quarto com 6,2% – ambas acima da média nacional de 5,9%.
Para a Abrasce, há um novo ciclo de investimentos estruturantes fora dos grandes centros urbanos. “Esse novo ciclo é motivado por fatores como aumento da renda e da ocupação em cidades médias, melhoria na infraestrutura regional e maior busca por conveniência, lazer e segurança em ambientes integrados. Exemplos recentes são os lançamentos no Centro-Oeste (Singapura Shopping, em Caldas Novas) e no Norte (Jardins de Vilhena Shopping, em Rondônia), que mostram como o setor tem ampliado sua presença em áreas com demanda reprimida e menos saturadas.”
O modelo adotado pela Sá Cavalcante também leva em conta os impactos socioeconômicos de cada investimento. “Nosso compromisso vai além do ativo imobiliário. Cada investimento que fazemos é precedido de uma análise de impacto socioeconômico. Falamos de geração de empregos, fortalecimento do ecossistema de varejo e serviços, mas também de melhoria na mobilidade urbana, valorização imobiliária e acesso a novos serviços pela população”, destaca Rennó. “Ao transformar um shopping em um centro multiuso, ampliamos seu papel social e ativamos uma cadeia de benefícios que se estende por toda a cidade. É por isso que tratamos cada expansão ou lançamento, como um projeto de cidade e não apenas de negócio.”
Próximos passos e expansão seletiva
Questionado sobre a possibilidade de replicar o modelo de expansão para outras cidades do Norte e Nordeste, Rennó é cauteloso: “Nossos planos de expansão são construídos com muita responsabilidade e inteligência. Não seguimos uma lógica de replicação em massa, nosso crescimento é seletivo, baseado em dados e na compreensão profunda de cada realidade local. A experiência em Teresina, São Luís e em nossas demais regiões, mostra que o modelo multiuso tem aderência, mas também exige sensibilidade cultural.”
Por fim, o executivo afirma que o papel da empresa como operadora e desenvolvedora é identificar onde podem contribuir com uma transformação urbana positiva. “Já estamos estudando novas praças e oportunidades de greenfield, sempre com o objetivo de consolidar a Sá Cavalcante como referência em desenvolvimento de shoppings”, finaliza.