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11 de fevereiro de 2025 20:17

Potência agrícola, Jaçanã desafia convenções no Rio Grande do Norte

Potência agrícola, Jaçanã desafia convenções no Rio Grande do Norte

Jaçanã, situada a 150 quilômetros da capital Natal, se destaca pelas produções de caju, café e, principalmente, maracujá, no qual é o principal produtor do estado
Jaçanã, no Rio Grande do Norte | Foto: Wikipedia

Com apenas 54,561 km², destes sendo 1.014 km² de área urbana, o município de Jaçanã é notoriamente conhecido no Rio Grande do Norte por sua força agrícola, mesmo com a pequena extensão territorial da cidade. Pertencente à região Imediata de Santa Cruz, Jaçanã, situada a 150 quilômetros da capital Natal, se destaca pelas produções de caju, café e, principalmente, maracujá, no qual é o principal produtor do estado. Mesmo com índices positivos na agricultura, o município chamou atenção por uma decrescência populacional. De acordo com o último censo realizado, cerca de 2 mil pessoas evadiram a cidade entre os anos de 2020 e 2022.

O site Investindo por Aí conversou com o atual prefeito de jaçanã, Uady Antônio de Farias (União Brasil) sobre os potenciais agrícolas e econômicos da cidade, além da queda populacional registrada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e como este número pode afetar a economia local. Farias é um velho conhecido da política local, aos 64 anos de idade, ele já está em seu quarto mandato como prefeito de Jaçanã.

Potência agrícola

Apesar de ser uma cidade essencialmente urbana, com cerca de 85% da população vivendo na zona urbana, o que insufla sua densidade, Jaçanã tem como base da economia o trabalho agrícola. Assim, o município se caracteriza como uma cidade dormitório, em que as pessoas vão ao campo para trabalhar e voltam apenas para dormir na cidade. Outros fatores que fazem com que Jaçanã se destaque na agricultura estão relacionados ao microclima da região, qualidade do solo e abundância de água localizada no subsolo.

Dessa forma, mesmo sendo um município de extensão territorial pequena, Jaçanã tornou-se o principal produtor de maracujá do Rio Grande do Norte, com uma produção de 1.295 toneladas em 2023. Além de abastecer o mercado da região, como Natal, Campina Grande e Recife e até Maceió, por exemplo, a cidade possui uma fábrica de beneficiamento de suco que permitiu explorar o fruto.

Outro fruto que foi muito importante para a economia local foi o Caju. Bem como o maracujá, fábricas de beneficiamentos de suco, e no caso do caju, de castanha, fizeram com que o fruto tivesse muito destaque em Jaçanã. Contudo, devido um período de seca em 2011 e infestação de pragas, o pomar foi dizimado. O prefeito Uady comentou que, ao ser reeleito, foi implantada a secretaria de agricultura, e que está nos planos da Prefeitura recuperar o cajueiro.

Paralelamente, uma cultura que tem voltado a ganhar espaço no RN, por meio de incentivos de entidades como o Sebrae é o café. Em Jaçanã essa tendência não é diferente, cultivado a partir da agricultura familiar, o café jaçanense tornou-se uma herança passada de avô para neto. Firmino Gomes de Castro foi o responsável por começar o plantio dos primeiros cafeeiros da cidade ainda nos anos 1980 e 1990. Contudo, aos poucos, após a sua morte, a família foi abandonando o plantio até deixar a cidade. Coube a Diogo Castro, neto de Firmino, retornar ao município com a cafeicultura, quase 30 anos depois de seu avô. Hoje, a fazenda possui 15 mil pés espalhados em 3,5 hectares.

Pensando em perenizar a força agrícola da cidade de Jaçanã, a prefeitura tem estabelecido estratégias para potencializar a força de seu produtor. Segundo Uady, para conseguir manter a principal fonte econômica do município é necessário estabelecer parcerias da secretaria de agricultura junto com os governos estadual e federal. Além de ações da própria prefeitura para buscar ajudar o agricultor, como a disponibilização de máquinas, o trabalho de corte de terras e a perfuração de poços.

Além da produção agrícola, um dos fatores primordiais para a economia de Jaçanã é a estrada RN-023, que passa por uma recuperação. Antes das obras, segundo Uady, o município precisava escoar as produções para estados como Paraíba e Pernambuco, hoje, por outro lado, os produtos do município podem ir diretamente para a capital do estado, facilitando a logística . Farias comenta sobre a importância da rodovia para a cidade de Jaçanã. “Ultimamente estávamos enfrentando dificuldade para escoar a produção para a área de Natal. Eu como prefeito, junto da câmara dos vereadores, nos juntamos com a governadora (Fátima Bezerra) para a recuperação da RN-023, agora ela está sendo recuperada e vai melhorar muito. Até para o consumidor final vai ter uma melhoria no preço final dos produtos, uma vez que o custo do transporte diminuirá.”

Queda no número de habitantes

Apesar dos conhecidos valores econômicos, recentemente outro fator a respeito da cidade chamou a atenção. O município registrou uma queda populacional de cerca de 2 mil habitantes em relação ao censo anterior. De acordo com dados coletados pelo IBGE em 2022, a população da cidade é de 7.834 pessoas, sendo estimado 8.051 em 2024. Contudo, de acordo com a prefeitura de Jaçanã, o número de habitantes da cidade está em cerca de 10 mil pessoas. Para o prefeito Uady, esta divergência de números se deve a uma diferença de critérios utilizados entre o instituto e a própria prefeitura.

“ Nós temos problemas de divisas de estados e limites de municípios. Não temos questões com a Paraíba nem com as cidades de Nova Floresta, Cuité e Picuí. O problema é o IBGE que usa um sistema de georreferenciamento que “leva” dois bairros nossos, nos quais as escrituras públicas são todas em Jaçanã. Quem presta serviços e assistência a essas comunidades é a prefeitura de Jaçanã.”- explicou Uady.

Ainda de acordo com a Prefeitura, essa divergência numérica gerou à cidade um prejuízo de cerca de 500 mil reais mensais em arrecadação. O prefeito confirmou que está judicializando o caso para tentar reaver os 2.143 habitantes no censo do IBGE. “Estamos judicializando para ver se revertemos e conseguimos melhorar a qualidade de vida do nosso povo”.

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