
Novos projetos e investimentos no Nordeste reafirmam o curso natural de sua liderança na geração e consumo de energias renováveis no País. Nos últimos anos, governo e empresas independentes do setor têm demarcado o mapa com financiamentos representativos e explorado novas potencialidades de geração e distribuição de energias limpas, tanto quanto aquelas cuja viabilidade já estão praticamente assegurada pelos recursos oferecidos pela topografia e pelas condições meteorológicas da região.
Uma das iniciativas de alta visibilidade dessa vocação é o parque solar Agripark que a empresa Acelen está finalizando no município de Irecê (BA), para abastecer a refinaria Mataripe. O início do funcionamento da usina solar já bate à porta: está previsto para o começo do terceiro trimestre deste ano. A partir de então, metade da energia consumida pela segunda maior refinaria do país e uma das três maiores da América Latina será gerada pelo novo complexo, composto por 230 mil módulos solares.
O projeto torna-se ainda mais representativo quando se considera que a Mataripe, hoje o principal ativo da empresa Acelen, posiciona-se como a primeira refinaria do Brasil, com cerca de 70 anos de atividades. Durante muito tempo, a pioneira sustentou a Bahia como o único estado brasileiro produtor de petróleo.
“É um investimento de mais de R$500 milhões que vai gerar 161 megawatts”, dimensiona Celso Ferreira, vice-presidente de Operações da Acelen, destacando a “linha de sustentabilidade” pela qual a empresa trafega. O parque solar corrobora essa trajetória. Sua construção gerou cerca de 500 postos de trabalho em Irecê. Quando em operação, o conjunto terá potencial para evitar a emissão de 128 mil toneladas de CO₂ por ano.

A usina solar pode ajudar a Acelen a bater outra marca. Recentemente, a Refinaria Mataripe recebeu a certificação bronze do selo Aterro Zero, conferido pela empresa Zero Resíduos. A validação provém de ações sustentáveis da empresa, que já têm promovido a redução de gases (64%), de consumo de água (37%) e de energia (19%). “Somos a primeira refinaria do Brasil a conquistar o selo”, comemora Celso Ferreira, que vislumbra uma subida de degrau no pódio: “Este ano, queremos o prata”.
A emissão de resíduos tem sido um tópico relevante na atuação da empresa, que assumiu a refinaria de Mataripe em 2021, com a aquisição do ativo pelo grupo Mubadala Capital. “Estamos fazendo uma gestão integrada, o que torna as operações tanto mais confiáveis quanto mais produtivas e sustentáveis”, afirma o VP de Operações. Ele destaca que essa é uma postura que permeia diversas etapas da produção e níveis de funcionamento da refinaria.
Recentemente, por exemplo, a Acelen fez outro maciço investimento (R$ 70 milhões) em um terreno de menor visibilidade, mas de impacto semelhante: o terminal aquaviário de Madre de Deus, principal escoadouro da refinaria de Mataripe. As obras permitem que os barcos que aportam no terminal transportem uma quantidade maior de produto. Menos viagens, menos consumo de combustível e, novamente, menos emissão de gases.
Uma etapa inaugural de outro carro-chefe da Acelen – a produção de combustível a partir do fruto da macaúba – teve sua largada no fim de maio. A empresa Acelen Renováveis realizou, numa fazenda do Recôncavo Baiano, o plantio dos primeiros 200 hectares que vão gerar o óleo vegetal para abastecer a biorrefinaria a ser construída ao lado da refinaria de Mataripe.
A Biorrefinaria vai produzir um combustível sustentável de aviação e diesel verde. Combustíveis para “transportes pesados”, como navios e aviões, são um dos gargalos quando se fala em energias limpas. O projeto com a macaúba, portanto, torna-se grandioso por si só – além do fato de a palmeira ser nativa do Nordeste e, até então, não explorada vastamente em suas potencialidades.

“O nosso plano é ir aumentando o plantio com o tempo e chegar à meta de 180 mil hectares”, projeta Celso Ferreira. As mudas foram plantadas na primeira fazenda-modelo da Acelen Renováveis – um desdobramento empresarial que ilustra bem a importância do desenvolvimento de energias limpas no setor de petróleo, gás e derivados. A Acelen Renováveis fez também robustos investimentos (R$ 300 milhões) em um centro de estudos em Montes Claros (MG), para aumentar e qualificar o cultivo e uso da macaúba.
Até alcançar essa vasta área de semeadura e as plantas oferecerem, sazonalmente, frutos para colheita (o que acontece a partir de três a cinco anos de idade), a Acelen planeja se abastecer com outras matérias-primas disponíveis. A biorrefinaria deve começar a operar em 2027, inicialmente com óleo de soja e gordura animal. A produção a partir da macaúba deve começar em 2030.
Uma resposta
Boa tarde, gostei muito da proposta do “Investindo por aí”. É importantíssimo mostrar a relevância da nossa região e as empresas que estão investindo nela. Sucesso ao portal!