
O mais recente Ranking de Competitividade dos Estados, divulgado pelo Centro de Liderança Pública (CLP) neste mês, trouxe novidades relevantes para o Nordeste, especialmente para Alagoas e Sergipe, dois estados que, embora com trajetórias distintas, ganharam destaque no cenário nacional de inovação e governança.
No caso de Alagoas, os resultados de 2025 representaram um salto histórico. O estado alcançou a 5ª posição nacional no pilar Inovação, subindo dez colocações em relação ao ano anterior e registrando o maior crescimento relativo entre todos os estados do país. O desempenho foi impulsionado por indicadores como concessão de bolsas de mestrado e doutorado — em que Alagoas lidera em nível nacional — e pela estrutura de apoio à inovação, na qual também ocupa o primeiro lugar do Brasil. Além disso, houve avanços expressivos em pesquisa científica e em setores como informação, comunicação e empresas de alto crescimento. Segundo o diretor-presidente da Fapeal, Fábio Guedes, esse cenário é fruto de uma política consistente de apoio à ciência, iniciada em 2015 e fortalecida nos últimos três anos, com aumento significativo de recursos públicos. “Isso garante a perenidade dos editais e a confiança da comunidade acadêmica”, destacou. Com isso, Alagoas começa a se posicionar como um polo emergente de conhecimento, reduzindo desigualdades regionais e abrindo oportunidades para jovens pesquisadores.
Já Sergipe vive uma realidade marcada por contrastes. De um lado, conquistou em 2025 o Prêmio de Excelência em Competitividade, consolidando-se como o segundo estado mais competitivo do Nordeste. O resultado reflete o avanço em seis dos dez pilares avaliados pelo ranking do CLP, entre eles Inovação, no qual Sergipe apresenta desempenho respeitável em nível nacional. Esse progresso revela um esforço crescente do estado em diversificar sua economia e apostar em ciência e tecnologia como motores de desenvolvimento.
Por outro lado, o desempenho sergipano sofre abalos no campo da transparência administrativa. No ranking divulgado pela Faculdade de Direito da USP, Sergipe ficou em último lugar entre os estados brasileiros, cumprindo apenas 66,18% dos critérios avaliados. A queda é significativa, já que em 2022 havia alcançado 19ª posição, com 81,80%. Entre as falhas apontadas estão a ausência de dados sobre gastos com saúde, educação e previdência, além de um portal de transparência considerado pouco acessível e com informações incompletas. O governo estadual, em resposta, anunciou o desenvolvimento de um novo Observatório de Controle, com painéis interativos para ampliar o acesso da população às informações públicas.
Os casos de Alagoas e Sergipe mostram que a competitividade regional no Nordeste não pode ser analisada de forma linear. Se Alagoas projeta sua imagem por meio de investimentos robustos em ciência e inovação, Sergipe revela o desafio de conciliar avanços em competitividade e inovação com a necessidade urgente de melhorar sua governança e transparência. Em comum, ambos os estados demonstram que o futuro do desenvolvimento nordestino passa necessariamente pela combinação entre políticas de inovação e boas práticas de gestão pública.
