Jornalismo econômico para a inovação no Nordeste -
Jornalismo econômico para a inovação no Nordeste -
15 de outubro de 2025 13:42

Alta do cacau mexe com a dinâmica de toda a indústria da Páscoa

Alta do cacau mexe com a dinâmica de toda a indústria da Páscoa

A disparada do preço da commodity, com um aumento de cerca de 180% nos últimos dois anos, tem gerado um impacto significativo em toda a cadeia produtiva
A produção de cacau em Coaraci, na Bahia | Foto: Rafael Martins – AFP.

A disparada do preço do cacau, com um aumento de cerca de 180% nos últimos dois anos, tem gerado um impacto significativo em toda a cadeia produtiva, desde os produtores até os consumidores de chocolate, especialmente em produtos sazonais como os de Páscoa. Essa alta se intensificou no segundo semestre de 2023, impulsionada por quebras de safra nos principais países produtores da África Ocidental, como Costa do Marfim e Gana, devido a condições climáticas adversas, incluindo seca e calor extremo.

A produção global de cacau enfrenta desafios crescentes decorrentes da aridez progressiva, um fenômeno complexo influenciado pelas mudanças climáticas induzidas pela atividade humana, práticas de uso da terra insustentáveis e degradação de recursos naturais essenciais. Regiões produtoras como o Nordeste do Brasil também sofrem com a crescente aridez, ameaçando a sobrevivência das plantações de cacau, que dependem de climas úmidos para seu desenvolvimento. A expansão global das terras secas, que aumentaram em 4,3 milhões de quilômetros quadrados nos últimos 30 anos, representa uma ameaça existencial não apenas para o cacau, mas para diversas culturas agrícolas e ecossistemas em todo o mundo, com potenciais crises de segurança alimentar iminentes.

No Brasil, a perspectiva para a produção de cacau apresenta nuances regionais. Enquanto a Bahia e o Pará, responsáveis por 90% da produção nacional, sinalizam uma recuperação da safra após anos de quedas, a volatilidade do mercado cacaueiro continua a preocupar toda a cadeia produtiva. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) projeta um crescimento na produção nos próximos anos, impulsionado por investimentos em novas áreas e tecnologias de produção que visam aumentar a produtividade e a qualidade do cacau.

A alta do cacau impactou diretamente a indústria do chocolate, com uma previsão de queda de 20% na produção de ovos de Páscoa em 2025, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates (Abicab). Para mitigar os custos elevados, as empresas têm adotado estratégias como a diversificação de produtos, oferecendo opções menores e mais acessíveis aos consumidores. Nos supermercados, os preços dos ovos de Páscoa já registraram um aumento de 14%, e os das colombas, 5%, conforme dados da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). A indústria tenta limitar os reajustes diante de uma possível redução da demanda causada pelos preços mais altos.

A Bahia, principal estado produtor e processador de cacau do Brasil, registrou um crescimento expressivo nas exportações em 2024, alcançando US$434 milhões, um aumento de 119% em relação ao ano anterior. Esse aumento na receita foi impulsionado principalmente pela valorização do cacau no mercado internacional, que atingiu patamares recordes devido à forte demanda global e à queda na oferta em importantes regiões produtoras. A expectativa para 2025 é de continuidade da demanda robusta, o que deve sustentar os preços em alta e fortalecer ainda mais a economia local.

👆

Assine a newsletter
do Investindo por aí!

 

Gostou desse artigo? compartilhe!

Últimas

Construnordeste
Enseada
porto de recife
cana-de-acucar
Senac
43353_Original
caminhão
Shopee
polo RN
Moura (1)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

div#pf-content img.pf-large-image.pf-primary-img.flex-width.pf-size-full.mediumImage{ display:none !important; }