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17 de novembro de 2025 13:12

Bienal movimenta a economia de Pernambuco e reafirma a força do mercado editorial no estado

Bienal movimenta a economia de Pernambuco e reafirma a força do mercado editorial no estado

Evento reuniu grandes nomes da literatura nacional e atraiu mais de 300 mil visitantes, gerando R$ 30 milhões em negócios
Bienal teve recorde de público e movimentou R$ 30 milhões em vendas e negócios | Foto: Evelyn Victoria

A última edição da Bienal Internacional do Livro de Pernambuco, realizada entre 3 e 12 de outubro, marcou um momento especial do mercado editorial no Estado, com o recorde de 300 mil visitantes presentes no evento, sediado no Centro de Convenções, em Olinda.

Com os números de público e vendas superando as edições anteriores, o evento reuniu grandes nomes da literatura nacional, além de novos autores, e reafirmou a força da cena literária pernambucana. No total, foram movimentados R$ 30 milhões em vendas e negócios, consolidando a edição pernambucana como a maior do Nordeste e uma das três principais do país.

Os dados refletem um movimento mais amplo de fortalecimento do mercado editorial nordestino, que vem ganhando espaço no cenário nacional. A diversidade de iniciativas e o crescimento da produção local sinalizam uma mudança de cenário. Nos últimos anos, Pernambuco consolidou políticas de incentivo à leitura e à economia criativa que ajudaram a estruturar esse avanço, através de ações guiadas pela Secretaria de Cultura.

Ao Investindo Por Aí, a gestão da Secult destaca o papel ocupado pelo estado dentro do cenário da região. “Pernambuco possui um importante parque gráfico regional, com editoras que se destacam na produção de conteúdos reconhecidos em premiações nacionais e internacionais. O mercado editorial brasileiro está entre os dez maiores do mundo. Embora Pernambuco participe de forma ainda tímida desse montante, seu posicionamento estratégico, aliado à qualificação dos profissionais e das empresas sediadas no estado, o torna um líder regional.”

Economia criativa e identidade cultural

Para além do aspecto econômico, cultural e de geração de renda, a Bienal também tem impactos simbólicos na dinâmica da sociedade. Por promover encontros e diálogos, o evento, que recebeu grandes nomes da literatura como Mia Couto, Socorro Acioli e Itamar Vieira Junior, foi também espaço para a chegada de novos nomes à literatura local, expandindo oportunidades dentro dessa cadeia criativa.

A presença da Companhia Editora de Pernambuco (CEPE) na Bienal reforçou ainda mais esse movimento de fortalecimento do setor. Segundo Jefferson Marques, superintendente comercial da instituição, a edição de 2025 registrou aumento de 38,06% nas vendas e na receita em relação à Bienal anterior, impulsionado pela forte presença digital da CEPE e pela divulgação feita por influenciadores. “É um momento de renovação, com muita produção independente. A cadeia editorial segue forte com muitos profissionais envolvidos: diagramadores, gráficos, revisores, designers gráficos e novos autores com muita qualidade”.

Para Alê Cavalcanti, jornalista e escritora que lançou seu primeiro livro, “Letras Jardineiras”, durante o evento, as conexões geradas vão além da compra e venda de exemplares. “A Bienal é, sem dúvida, um grande território de encontro e isso é o que mais me encanta. Ela abre espaço para que autores pernambucanos e nordestinos sejam vistos, lidos e escutados em sua pluralidade. Eventos assim não são apenas feiras de livros; são feiras de pertencimento. Elas nos lembram que a literatura não está distante da vida: ela nasce dela, fala dela e volta para ela”, destaca.

A autora reforça ainda a importância da conexão com o público e conta que foi recebida de braços abertos pelos leitores. “A recepção foi linda, acolhedora, comovente. Encontrei leitores, familiares, amigos e desconhecidos que se tornaram parte da minha história.”

Como muitos outros, Alê, que é natural de Catende, na Zona da Mata do estado, representa uma geração que vem renovando o cenário literário local, equilibrando a força da tradição com novas formas de expressão, que vão da poesia digital aos coletivos literários que emergem nas periferias e no interior.

Alê afirma que tem observado um fortalecimento do mercado editorial pernambucano, que se dá em várias frentes. “Como jornalista, percebo uma ampliação do olhar: editoras independentes se consolidando, coletivos literários em expansão, leitores mais engajados. Como escritora, acredito que o caminho é continuar plantando, investindo na formação de leitores, na presença dos livros nas escolas, na circulação entre cidades. Eu sigo escrevendo. A poesia não é um projeto. É um modo de existir”, conclui.

Alê Cavalcanti lançou seu primeiro livro na XV Bienal Pernambuco | Foto: Felipe Souto Maior

Políticas públicas e cadeia produtiva

No último Anuário Nacional de Livrarias, divulgado pela Associação Nacional de Livrarias (ANL) em 2023, Pernambuco possuía 50 livrarias ativas, 23 a menos do que o registrado em 2013. O desafio de manter os hábitos de leitura vivos na população esbarra, entre outros fatores, na digitalização do consumo de conteúdos.

Em nível nacional, apenas 16% da população brasileira com mais de 18 anos relatou ter comprado ao menos um livro nos últimos 12 meses, de acordo com dados da Câmara Brasileira do Livro. Esse número revela que, apesar de o livro ser a segunda categoria cultural mais consumida — atrás apenas do cinema — o mercado ainda enfrenta o desafio de atingir uma parcela mais significativa da população.

A pesquisa mostra ainda que 55% dos leitores preferem comprar livros online, enquanto 39% optam por lojas físicas. O Nordeste se destaca como a região com maior percentual de pessoas que combinam formatos físico e digital, onde 36% dos leitores consumiram obras em ambas as modalidades no período analisado. Esses dados são relevantes para entender como feiras como a Bienal ganham importância: elas atuam como plataforma física que se conecta a um mercado que cada vez mais migra para o digital, revelando tanto oportunidades quanto desafios para o setor editorial.

No cenário pernambucano, políticas públicas de incentivo à leitura são desenvolvidas visando tornar o universo dos livros mais palpável para a população. A política do livro e da leitura no estado está estruturada no Plano Estadual do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas (PELLLB), principal instrumento de fomento e monitoramento do setor. Implementado pela Secult-PE, em parceria com a Secretaria de Educação e com a sociedade civil, o plano atua em cinco eixos: democratização do acesso ao livro e às bibliotecas; formação e capacitação profissional; desenvolvimento da economia do livro; valorização da literatura; e gestão transparente.

Entre as principais ações de incentivo, destaca-se o Funcultura Geral, que destinou mais de R$ 1 milhão à linguagem Literatura em 2024, contemplando projetos de festivais, produção de conteúdos, circulação e formação. As iniciativas são complementadas pelos editais da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), que apoiam a criação, difusão e sustentabilidade de agentes literários.

A gestão reforça que esse conjunto de políticas consolida um ecossistema contínuo de incentivo ao livro e à leitura, fortalecendo a cadeia produtiva e ampliando o alcance da literatura pernambucana em todo o território estadual.

O fortalecimento do setor editorial pernambucano se sustenta em uma rede que une poder público, editoras, autores e leitores. Cada nova edição da Bienal reafirma o valor simbólico do livro e o protagonismo de Pernambuco na cena literária brasileira.

Como resume Alê Cavalcanti: “A Bienal nos devolve o espelho da nossa cultura e reafirma que o Nordeste não apenas produz literatura, mas é literatura viva”.

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