
A mineradora canadense Origen Resources, listada nas bolsas de Ontário e Frankfurt, anunciou a assinatura de uma carta de intenções para adquirir um projeto de terras raras no Piauí. A área, localizada em dois blocos no interior do estado, soma 3.978 hectares e inclui direito de preferência sobre outras cinco áreas exploratórias, o que pode abrir caminho para a formação de um distrito minerário de terras raras no Nordeste.
Segundo fato relevante divulgado pela empresa, amostras de superfície já indicaram teores de até 1,61% de óxidos totais de terras raras — índice considerado alto para essa fase inicial e suficiente para confirmar o potencial mineral da região. Esses elementos são fundamentais para a fabricação de ímãs permanentes, baterias e equipamentos de alta tecnologia, tornando o setor estratégico para a transição energética e a indústria global.
Potencial geológico e baixo impacto ambiental
O estudo preliminar conduzido pela Origen avalia a possível presença de um depósito de argila de adsorção iônica (IACD, na sigla em inglês) — modelo geológico caracterizado pela alta concentração de terras raras pesadas e amplamente explorado na China. Diferente dos depósitos rochosos convencionais, esse tipo de formação permite uma extração menos agressiva e com menor impacto ambiental, o que reforça o interesse estratégico na área.
A mineradora terá 150 dias de exclusividade para realizar a fase de due diligence, quando serão analisados os aspectos técnicos e jurídicos do projeto. Caso os resultados confirmem a viabilidade econômica, a empresa poderá assumir 90% de participação, mediante o pagamento de US$ 50 mil, emissão de 2 milhões de ações e investimento mínimo de US$ 1 milhão em exploração nos dois anos seguintes.
Ao final desse período, o vendedor — que não teve o nome divulgado — receberá 15% das ações da companhia e um assento no conselho de administração.
Governo busca ampliar mapeamento mineral no Piauí
O Piauí está entre os estados brasileiros com maior potencial para a ocorrência de terras raras. Com o avanço do interesse internacional e a carência de dados detalhados sobre o subsolo, o governo estadual vem tentando ampliar os estudos geológicos e atrair investimentos para o setor mineral.
Na última quinta-feira (6), o governador Rafael Fonteles se reuniu, em Brasília, com a diretora-presidente do Serviço Geológico do Brasil (SGB), Sabrina Góis, para discutir parcerias voltadas à ampliação do mapeamento mineral no estado. Durante o encontro, Fonteles manifestou interesse em contar com o apoio técnico do SGB para expandir os levantamentos e identificar novas oportunidades.
Atualmente, apenas 27% do território continental brasileiro está mapeado na escala 1:100.000 — considerada a mais adequada para detalhamento mineral. Isso significa que mais de 70% do potencial do subsolo nacional ainda é desconhecido, cenário que reforça a importância de novos investimentos em pesquisa geológica.