
No início deste ano, a Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (Fiea), por meio do Observatório da Indústria, divulgou dados detalhados dos principais indicadores econômicos do estado. O documento, chamado de Boletim Econômico, trouxe dados sobre o mercado de trabalho, inflação, atividade econômica, balança comercial, entre outros.
O boletim destaca o saldo positivo de novos postos de trabalhos formais em novembro de 2024, que contou com 1.773 vagas, impulsionados, principalmente, pelos setores da indústria e construção civil – um dos que mais gerará empregos em Alagoas até 2027, segundo o “Mapa do Trabalho Industrial 2025-2027”. O setor industrial registrou um saldo positivo de 343 novos empregos, com um total de 116.164 vagas formais. No acumulado do último ano, houve um crescimento de 3,96% para a indústria e 9,17% para a construção.
A região encerrou o ano de 2024 com um total de 466,5 mil pessoas trabalhando com a carteira assinada, sendo 4,56% maior do que em 2023, segundo dados do Novo Caged, ficando entre os 14 estados que registraram a menor taxa de desemprego anual. Esse crescimento e evolução no mercado de trabalho movimenta, como os dados mostram, a economia do Nordeste, em especial de Alagoas.
Programas do Senai auxiliam na inserção no mercado de trabalho
Programas como os do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) contribuem para suprir o déficit de mão de obra qualificada, como no caso da construção civil, que tem crescido exponencialmente. O Departamento Nacional da empresa divulgou dados que mostram que 80% dos alunos graduados em cursos técnicos no Senai conseguem se inserir no mercado de trabalho e possuem uma renda, em média, 24% maior do que os profissionais não qualificados.
A instituição investe em metodologias de ensino alinhadas às exigências e tendências do mercado, o que garante uma formação ainda mais próxima da realidade industrial. A formação profissional do Senai é embasada em experiências e simulações que remetem a realidade da indústria, permitindo que o aluno trabalhe com projetos e processos produtivos, preparando-se para as oportunidades que o mercado oferece. “ Estamos fortemente alinhados com a Indústria 4.0 e com as tendências do futuro do trabalho”, observa Welton Barbosa, gerente operacional no Senai em Alagoas. “Nossos cursos integram tecnologias emergentes, metodologias ativas de aprendizagem e formação por competências. Além disso, investimos na atualização constante de nossos instrutores e na modernização dos laboratórios e oficinas para simular ambientes industriais reais”.
No âmbito financeiro, a qualificação de mão de obra é um fator relevante para atrair novos investimentos à região. Welton explica que a instituição auxilia diversas indústrias de base nacional a se instalarem no estado, contribuindo diretamente na atração de investimentos. “O Senai Alagoas, através de seus programas, garante que o estado disponha de profissionais preparados, infraestrutura educacional de excelência e um ambiente de inovação que favorece o crescimento industrial, o que abre portas para novos investimentos e injeção de capitais”, diz.
O gerente do Senai afirma também que atuam em rede, ou seja, quando uma indústria se instala em seu parque industrial, o Instituto de Inovação e Tecnologia são acionados, caso necessário, para eventuais ajustes e auxílios. “As soluções desenvolvidas pelos especialistas são customizadas de acordo com as necessidades dos clientes, envolvendo projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I), serviços técnicos especializados, serviços laboratoriais e consultorias em diversas áreas industriais.” Esse preparo técnico e a capacidade de articulação fortalecem o ambiente de negócios em Alagoas, tornando-o mais atrativo para investimentos industriais de médio e grande porte.
Trabalho qualificado é fator decisivo para a economia local
O aumento da capacitação profissional em Alagoas não só melhora a empregabilidade da população, como também atrai investimentos para o Estado, ao criar um ambiente mais competitivo e produtivo. Empresas de diversos setores têm buscado mão-de-obra especializada para expandir suas operações, especialmente no contexto de indústria 4.0 e economia digital, áreas que demandam profissionais com formação específica e habilidades de alto nível.
Ao investir ainda mais em capacitação e cursos técnicos, como o caso do Senai, a região pode caminhar para se consolidar como um polo de inovação e atratividade para novos negócios, além de impulsionar o crescimento econômico sustentável e a redução das desigualdades sociais.

Construção civil é seara de oportunidades
O Mapa do Trabalho Industrial 2025-2027, baseado em modelagem econométricas que levam em conta as expectativas de crescimento econômico e ampliação do mercado de trabalho, mostra que o setor da Construção Civil é a segunda área que mais se destaca em volume de postos de trabalho formal, com 4.449.988 empregos.
Com o objetivo de atuar nas duas grandes frentes da área de construção civil – novas tendências de métodos construtivos e demanda de mão de obra qualificada, o Senai promove o Programa de Desenvolvimento da Construção Civil em Alagoas, oferecendo cursos com carga horária entre 40 e 160 horas, como técnicas para Drywall, modelagem BIM, alvenaria de vedação, supervisor de obras, aplicador de revestimento cerâmico, entre outros. Além dos cursos voltados à construção civil, o Senai oferece também outros programas que atendem às necessidades atuais do setor industrial em Alagoas, como técnico de edificações e mestre de obras.
A área vem ganhando destaque devido a diversos fatores econômicos e sociais que impulsionam essa área, como investimentos públicos em infraestrutura, aquecimento do mercado imobiliário, expansão do turismo e da infraestrutura turística, crescimento demográfico e urbanização, entre outros. Com esse crescimento e pelo dinamismo proporcionado na rotina de trabalho, alguns profissionais estão optando por mudanças na trajetória de carreira, como é o caso de Efraim de Castro Torres, ex-aluno do Senai em Alagoas.
Sua trajetória na instituição se iniciou quando teve a oportunidade de entrar como jovem aprendiz, a partir de um curso profissionalizante de ceramista. Efraim passou nove anos na indústria cerâmica como trabalhador efetivo, após realizar seis meses de curso e três como jovem aprendiz no Senai. Ele trabalhava em uma indústria consolidada no mercado, mas, por conta da rotina estagnada, o trabalho não correspondia a seus esforços, foi quando decidiu que queria algo novo – arriscou-se em um setor em que a tendência era de ainda mais crescimento: a construção civil. Em 2022, realizou o curso de técnico em edificações, área em crescimento na época, formando-se em 2024.
Hoje, trabalha na empresa EngenhArq e sua principal função é realizar tarefas relacionadas ao concreto – agendamento e programação com fornecedores, controle de recebimento e qualidade, rastreabilidade, ensaios, entre outras. O ex-aluno do Senai conta que a instituição teve papel fundamental na sua formação, já que adquiriu suas habilidades e oportunidades. “O diferencial do Senai é que ele tem toda a base profissionalizante e técnica que funciona como uma escada para quem quer iniciar em qualquer área mesmo sem ter conhecimento.”
Efraim ressalta a importância da qualificação profissional para os trabalhadores da construção civil, uma vez que o ramo enfrenta muitos problemas primários – como desperdício de material e matéria prima. “A gente só consegue aprender e mensurar a importância e o cuidado com as tarefas e materiais do trabalho dentro de uma sala de aula. É muito difícil aprender em um canteiro de obras, mesmo com o reforço de aviso feito pelos responsáveis.”
Desafios da qualificação e incentivo ao empreendedorismo local
Com a alta demanda por qualificação dos profissionais para atender às necessidades dos diversos setores da indústria alagoana, Welton Barbosa acredita que um dos principais desafios que a instituição enfrenta para garantir a boa formação dos alunos é acompanhar a velocidade das transformações tecnológicas e econômicas da região, além de garantir o acesso à formação de qualidade em todos os municípios alagoanos, inclusive naqueles onde não estão presente fisicamente. “É essencial manter uma escuta ativa com o setor produtivo e investir continuamente em inovação educacional, modernização da infraestrutura e capacitação dos nossos instrutores para a boa capacitação profissional. Nas cidades onde não estamos presentes, a formação qualificada é possível graças ao uso dos nossos kits didáticos, que viabilizam a oferta de cursos mesmo em regiões mais afastadas ou com menor presença industrial.”