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17 de novembro de 2025 12:52

Ceará atrai investimentos bilionários e se consolida como paraíso dos data centers

Ceará atrai investimentos bilionários e se consolida como paraíso dos data centers

Com mega data centers e energia 100% renovável, estado se torna referência em inovação, conectividade e sustentabilidade
Foto: Reprodução/Internet

O Ceará vive um momento de transformação que pode redefinir sua posição no cenário econômico e tecnológico brasileiro. Nos últimos meses, o estado passou a ocupar o centro das discussões sobre inovação, infraestrutura digital e sustentabilidade energética, com a promessa de investimentos bilionários em data centers e o fortalecimento de sua matriz renovável.

A virada de chave veio com a medida provisória assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no começo do ano, que estabelece que empresas instaladas em Zonas de Processamento de Exportação (ZPEs) utilizem exclusivamente energia renovável ainda não em operação até a data da publicação da norma. A medida, celebrada como uma solução para destravar projetos travados por insegurança jurídica, abriu caminho para a chegada de grandes empreendimentos no estado.

Durante o anúncio, Lula destacou que o Ceará seria o primeiro lugar do país a receber um mega data center, iniciativa que, segundo ele, colocará o Brasil em sintonia com a transformação digital global.

Mega investimentos no Pecém

O maior símbolo desse novo ciclo é o complexo de data centers da Casa dos Ventos, no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP). Com investimentos estimados entre R$ 50 e R$ 55 bilhões, o projeto terá capacidade inicial de 300 MW dedicados ao funcionamento da estrutura — o equivalente a um salto de 30% na capacidade nacional de processamento de dados.

Leia também: Dona do TikTok prepara construção de data center no Ceará

A expectativa é que as obras tenham início no segundo semestre de 2025, com conclusão até 2027. O empreendimento já negocia contratos com gigantes globais da tecnologia, como a ByteDance, dona do TikTok, e deve ampliar a presença internacional do estado.

De acordo com o ministro da Educação e ex-governador do Ceará, Camilo Santana, trata-se de um dos maiores investimentos privados da história do estado. “Vamos atrair empresas globais, fomentar inovação e garantir desenvolvimento com sustentabilidade”, afirmou.

Fortaleza no mapa mundial dos dados

A capital cearense e sua região metropolitana já possuem uma infraestrutura digital consolidada. Estima-se que Fortaleza concentre cerca de 25 data centers em funcionamento, com conexão a 18 cabos submarinos intercontinentais que ligam a América do Sul à Europa, África e Estados Unidos. Esse diferencial coloca a cidade entre os maiores hubs de dados da América Latina.

Entre os projetos em andamento, está o Mega Lobster, da Tecto (grupo BTG), que será inaugurado em outubro, na Praia do Futuro. O centro terá capacidade inicial de 10 MW, expansível para 20 MW, em uma obra de R$ 550 milhões. Outros destaques incluem a Ascenty, com 9 mil metros quadrados de estrutura em Maracanaú, e a V.tal, que opera dois data centers na capital, além de construir outro de 20 MW.

Em Caucaia, a Aloo Telecom mantém um centro voltado para soluções corporativas, enquanto empresas como Angola Cables, ProveNET, Ultranet, Lumen e IPXON reforçam a diversidade do setor.

A construção de data centers, porém, levanta questões ambientais e sociais. Em Caucaia, representantes do povo indígena Anacé protestaram contra a instalação do empreendimento da Casa dos Ventos, alegando falta de comunicação e participação no processo. Outro ponto em debate é o licenciamento ambiental: hoje, esses projetos seguem critérios semelhantes aos aplicados a shoppings, o que especialistas consideram insuficiente diante da complexidade dos empreendimentos.

Se por um lado há dúvidas, por outro a sustentabilidade aparece como um trunfo. Os data centers instalados no Ceará têm priorizado o uso de energia eólica e solar, com turbinas fabricadas em Aquiraz e projetos de usinas dedicadas exclusivamente à operação das estruturas. Nenhuma das empresas ouvidas afirma usar o método de resfriamento por evaporação, que demanda grande volume de água.

Os desafios climáticos e geográficos também exigem soluções criativas. A maresia intensa da Praia do Futuro, por exemplo, obriga a adoção de tintas especiais e reforços de borracha nos equipamentos externos. Já as construções em áreas residenciais precisam de isolamento acústico reforçado, para conter o ruído de geradores que podem chegar a 110 decibéis.

Impacto econômico e social

O impacto esperado é robusto. O governo estadual estima a geração de milhares de empregos diretos e indiretos, sobretudo nas fases de construção. Embora a operação demande menos pessoal — no caso do Mega Lobster, serão cerca de 40 trabalhadores fixos —, o efeito multiplicador sobre a cadeia de fornecedores, serviços e tecnologia é significativo.

Além disso, a consolidação do Ceará como polo digital tende a estimular setores como economia criativa, startups e serviços financeiros digitais. Com PIB superior a R$ 100 bilhões e população de 4,1 milhões de pessoas na Grande Fortaleza, a região se posiciona como ambiente favorável à inovação e à internacionalização da economia.

Até pouco tempo atrás, parecia natural que os grandes investimentos em infraestrutura digital se concentrassem no Sudeste. São Paulo e Rio de Janeiro eram praticamente sinônimos de tecnologia e inovação. Mas a realidade está mudando. Com localização estratégica, matriz energética limpa e incentivos governamentais, o Ceará se insere como um novo protagonista.

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