O segmento de luxo entre viajantes brasileiros e estrangeiros tem crescido no Brasil, especialmente após a pandemia — que impactou fortemente o turismo. A mudança de comportamento dos viajantes evidencia essa tendência: agora eles buscam mais privacidade, segurança, conforto e exclusividade, além de preferirem o “slow travel”, voltado para maior permanência no local e experiências imersivas — o chamado “turismo de experiências”.
O Anuário 2024 da Brazilian Luxury Travel Association (BLTA), realizado em parceria com o Senac São Paulo, em parceria com o Senac São Paulo, confirma a recuperação da hotelaria de luxo no Brasil. Em 2023, o faturamento dos associados da BLTA foi de R$3,12 bilhões, representando um crescimento de 14,05% em comparação a 2022 — um percentual superior ao crescimento do mercado global de luxo, estimado entre 8% e 10%, segundo a Bain & Company. Além disso, as operadoras de turismo de luxo no Brasil registraram um aumento de 73,7% em sua clientela, ampliando significativamente a captação de turistas.
Costa dos Milagres
Um dos destinos brasileiros que tem atraído e despertado o interesse dos viajantes de luxo é a Costa dos Milagres, que contempla três municípios de Alagoas: Porto de Pedras, São Miguel dos Milagres e Passo de Camaragibe.
Esse nicho é impulsionado pelo Alagoas Luxury, um Convention Bureau dedicado a fomentar o turismo local e promover o estado como um destino de alto padrão. De acordo com Tito Uchôa, presidente do Alagoas Luxury, o turismo de luxo se desenvolve naturalmente, enquanto entidades públicas e privadas ajustam a infraestrutura para acompanhar esse crescimento. “O Alagoas Luxury surgiu justamente para atender ao mercado de turismo de luxo e posicionar o estado como um destino sofisticado. A entidade também visa captar recursos, incluindo emendas parlamentares, para fortalecer a infraestrutura turística”, explica.
Segundo ele, os turistas que buscam luxo em Alagoas estão dispostos a investir em experiências excepcionais. Diárias em hoteis e pousadas de alto padrão chegam a R$5.000, refletindo o nível elevado de serviços e comodidades.
“Com infraestrutura de alto padrão e serviços personalizados, Alagoas está pronta para receber visitantes em busca do melhor do turismo de luxo. Em sua faixa de 23km, a Costa dos Milagres, é exemplo disso, oferecendo infraestrutura completa para turistas exigentes, com helipontos que facilitam o acesso e uma gastronomia de destaque, comandada por chefs renomados que elevam a experiência culinária”, complementa o presidente da entidade.
Resort exclusivo em Porto de Pedras
O Grupo Amarante, proprietário de três resorts all-inclusive em Alagoas — Salinas Maceió, Salinas Maragogi e Japaratinga Lounge Resort — anuncia uma quarta propriedade na Praia do Patacho, em Porto das Pedras.
Tito Uchôa afirma que o novo empreendimento atenderá aos padrões de luxo, com apenas dois andares para preservar a natureza local. “O projeto terá cerca de 100 apartamentos, em contraste com os resorts tradicionais que costumam ter 400 ou 500 unidades, garantindo uma experiência mais exclusiva”, comenta.
O novo negócio é um reflexo do apoio do governo estadual, que demonstra interesse genuíno em promover o desenvolvimento do estado, oferecendo infraestrutura, boas estradas e melhorias no aeroporto de Maceió, além da previsão de um novo aeroporto em Maragogi para 2025.
Empreendimento mais luxuoso do Nordeste: “6 estrelas”
O diretor da Fábrica, Omar Maluf, responsável pelo Réveillon Mil Sorrisos em Japaratinga, cidade vizinha a Maragogi, no litoral norte de Alagoas, expressa a empolgação da empresa com a região, que levou a investimentos na área imobiliária e hoteleira. Atualmente, a Fábrica já destinou R$150 milhões para empreendimentos imobiliários em Japaratinga. “Encontramos no governo de Alagoas tudo o que precisávamos para investir”, destacou Maluf em entrevista ao Gazeta Web.
Há rumores de que o projeto pode se tornar o hotel mais sofisticado de Alagoas, talvez de todo o Nordeste, com altíssimo padrão em 100 suítes. A expectativa é tão alta que comenta-se, informalmente, sobre um hotel “6 estrelas”. No entanto, Tito Uchôa ressalta que são apenas suposições. “Japaratinga não dispõe de espaço para um empreendimento desse porte. A faixa de areia é limitada, e é essencial manter as áreas verdes. Além disso, o projeto não estaria localizado à beira-mar”, opina.
