A aprovação pela ONU da expansão da plataforma continental brasileira na Margem Equatorial representa um marco para o desenvolvimento econômico dos estados do Norte e Nordeste. A decisão da Comissão de Limites da Plataforma Continental (CLPC), anunciada no último mês, reconhece a soberania do Brasil sobre cerca de 360 mil km² no oceano Atlântico, além das 200 milhas náuticas previstas na Zona Econômica Exclusiva (ZEE).
A área corresponde a aproximadamente o tamanho da Alemanha e se estende do litoral do Amapá ao Rio Grande do Norte, abrangendo cerca de 38,6% da costa brasileira e contemplando também os estados nordestinos do Maranhão, Piauí e Ceará.
A região é estratégica para a transição energética do país, especialmente para o Nordeste, que já se destaca na geração de energia limpa. O Rio Grande do Norte, por exemplo, lidera a produção de energia eólica terrestre no Brasil e desponta como um dos polos mais promissores para a implantação de usinas eólicas offshore.
O Instituto Margem Equatorial (IMEQ), iniciativa associada ao Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), foi criado com o objetivo de aproveitar esse novo contexto geopolítico e ambiental para atrair investimentos, desenvolver tecnologias e integrar políticas públicas voltadas à sustentabilidade.
“O objetivo é maximizar o aproveitamento das condições naturais, minimizando os impactos ambientais e, ao mesmo tempo, gerando riqueza para a região”, afirma o diretor do SENAI-RN e do ISI-ER, Rodrigo Mello.
A nova delimitação marítima deve facilitar o estabelecimento de parcerias estratégicas e impulsionar cadeias produtivas ligadas à energia, mineração e infraestrutura. Para os estados do Nordeste, a possibilidade de integrar ações conjuntas e planejar investimentos coordenados é um diferencial competitivo.
“A ideia é unir forças e potencializar o desenvolvimento econômico e ambiental de toda a região, sem criar uma competição desnecessária entre os estados”, destaca Antônio Medeiros, coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento do ISI-ER.
Medeiros reforça ainda o papel do IMEQ como plataforma de inovação. “Estamos criando uma plataforma onde ideias, experiências e inovações possam convergir, gerando soluções que atendam tanto às demandas locais quanto às necessidades do setor energético global”, conclui.