Jornalismo econômico para a inovação no Nordeste -
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13 de setembro de 2024 16:22

Empresas podem crescer mais quando adotam práticas sustentáveis

Empresas podem crescer mais quando adotam práticas sustentáveis

Sediada em Alagoas, Usina Caeté é exemplo de como a adoção de práticas sustentáveis contribui para alinhar os negócios às necessidades do mercado
Iniciativas sustentáveis viabilizam negócios | Foto: Acervo Usina Caeté.

As práticas sustentáveis estão cada vez mais presentes nas empresas brasileiras, com 85% delas adotando pelo menos uma medida ecológica em suas operações, segundo pesquisa do SEBRAE e FGV, realizada no primeiro semestre deste ano. Entre as micro e pequenas empresas, o controle do consumo de energia é a ação mais comum, seguido pela separação de lixo para coleta seletiva, implementada por 67% das MPEs e 64% dos MEIs. Nas grandes empresas, 92% já adotaram iniciativas para o controle de emissões de gases de efeito estufa.

Entre as empresas brasileiras que estão empenhadas em adotar práticas sustentáveis, a Usina Caeté se destaca com a implementação de um sistema de gestão alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, com uma série de ações nos mais diversos segmentos.

Entenda de que maneira as práticas sustentáveis avançam entre as empresas brasileiras

O avanço das práticas sustentáveis no Brasil é notável, especialmente entre micro e pequenas empresas (MPEs), como evidenciado pelo estudo. A sustentabilidade se torna não apenas uma questão ambiental, mas também uma vantagem competitiva em um cenário global de recursos escassos, com as empresas buscando eficiência e novas fontes de receita.

O controle do consumo de energia é a prática mais comum, com 75% dos Microempreendedores Individuais (MEI) e 70% das MPE adotando-a, embora ambas estejam abaixo das Médias e Grandes Empresas (MGE), que o implementam em 89% dos casos. A separação de lixo para coleta seletiva segue como a segunda prática mais comum, com 64% dos MEI, 67% das MPE e 87% das MGE adotando-a, influenciada pela expansão dos serviços de coleta seletiva pelo poder público.

Outras práticas sustentáveis são adotadas por menos de 70% das empresas, destacando diferenças entre portes. A destinação de resíduos tóxicos é mais comum em empresas de maior porte, enquanto a coleta de água da chuva é praticada por 18% dos MEI e MPE e 52% das MGE. A compra e venda de produtos usados é comum para 44% das MGE, 20% das MPE e 25% dos MEI, refletindo a preocupação com a reutilização e a redução de resíduos.

Conheça empresas nordestinas empenhadas na adoção de práticas sustentáveis

A Usina Caeté, Matriz, adquirida em 1965, foi a primeira unidade da Companhia, destacando-se por suas técnicas avançadas e capacidade de exportação global | Foto: Acervo Usina Caeté.

A Usina Caeté, sediada em Alagoas, se destaca ao incorporar princípios sustentáveis em sua produção diária, promovendo um desenvolvimento consciente. A empresa busca recursos no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) através do Crédito ASG – Ambiental, Social e Governança, alinhado com o estímulo à descarbonização do setor de combustíveis dentro do Programa BNDES Renovabio. O objetivo é expandir a produção de biocombustíveis e reduzir as emissões de CO2, contribuindo para as metas de Créditos de Descarbonização por Biocombustíveis (CBIOS).

Os dados são do Relatório de Sustentabilidade, referente à safra 2022/2023, que abrange informações das unidades Matriz e Marituba, localizadas nos municípios de São Miguel dos Campos e Igreja Nova, respectivamente, e Paulicéia no Oeste paulista. O documento destaca as dimensões Ambientais, Sociais e de Governança (ASG), em conformidade com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.

A analista de Sustentabilidade da Usina Caeté, Taciane Gomes, revela que as práticas sustentáveis têm sido fundamentais para a adaptação às constantes mudanças do mercado. “Em um cenário onde a demanda por responsabilidade ambiental, social e governança, junto ao compliance, apresenta um crescimento exponencial, é necessário que a empresa esteja sempre alinhada às novas regulamentações e demandas. Isso assegura o crescimento sustentável, preserva a viabilidade econômica e consolida a posição da Usina Caeté dentro do setor sucroenergético”, afirma.

Compromissos da Usina Caeté abrangem meio ambiente, responsabilidade social e governança corporativa

A Usina Caeté implementou o Sistema de Gestão Integrado para Qualidade, Meio Ambiente e Segurança de Alimentos em suas unidades produtivas. Atualmente, a usina está em processo de obtenção da certificação Bonsucro, que avalia o cumprimento de práticas sustentáveis na produção de cana-de-açúcar e promove melhorias nos impactos socioambientais ao longo da cadeia produtiva.

A Unidade Marituba, única no Grupo com refinaria, está em processo de implantação da Certificação FSSC 22000 para aprimorar a segurança e a qualidade na indústria de alimentos. A Unidade Paulicéia foi recertificada em 2023 com o selo UDOP de Boas Práticas Ambientais, destacando o projeto ArborizAÇÃO, que promove a produção e doação de mudas de árvores nativas e exóticas.

Todas as unidades da empresa possuem a certificação Renovabio, um programa governamental que visa a descarbonização e a geração de CBios (créditos de carbono), desempenhando um papel fundamental na transição energética e na redução das emissões de CO2. No total, foram gerados 176.660 CBios pelas três unidades.

Taciane reforça que as iniciativas sustentáveis da Usina Caeté promovem processos que aumentam a eficiência e produtividade do campo. “Um exemplo é a utilização de ferramentas digitais para o monitoramento das operações agroindustriais com iniciativas que reduzem os custos e melhoram a qualidade do produto final”, comenta a analista.

“Além disso, o foco em energia renovável e na economia circular, com a reutilização de resíduos da produção nas práticas sustentáveis do campo, faz com que a Caeté se mantenha competitiva em um mercado cada dia mais exigente e orientado para a sustentabilidade”, complementa.

Dentre as ações práticas, destacam-se a reutilização de resíduos industriais e a economia circular

A Usina Caeté reutiliza resíduos industriais como bagaço, torta, vinhaça e água de lavagem da cana para adubação e irrigação do plantio. A biomassa do bagaço é utilizada na geração de energia elétrica, enquanto a produção de etanol e a emissão de CBios reforçam o compromisso da empresa com práticas ambientais responsáveis. Além disso, o conceito de economia circular é aplicado na gestão de recursos hídricos e na fertirrigação de vinhaça.

Nas unidades do Nordeste, o manejo dos resíduos sucroenergéticos é uma prática fundamental. A torta de filtro, um tipo de fertilizante, é aplicada em áreas de solo que estão sendo preparadas ou melhoradas para plantar cana-de-açúcar, as chamadas “áreas de reforma”. Essa prática visa melhorar o condicionamento durante a formação do canavial.

A empresa foca na agricultura sustentável, adotando equipamentos que reduzem a compactação do solo e aplicam fertilizantes de forma precisa conforme as necessidades de cada área | Foto: Acervo Usina Caeté.

Na socaria – prática de cortar a vegetação, especialmente cana-de-açúcar, para estimular novas brotações e possibilitar uma nova safra sem replantio – mais de 80% da área é fertirrigada com vinhaça localizada enriquecida com fertilizante nitrogenado e micronutrientes, promovendo a sustentabilidade e permitindo a redução no consumo de fertilizantes minerais. A rotação de culturas com gramíneas e leguminosas é comum em aproximadamente 30% da área de reforma do canavial, ajudando a manter a saúde do solo e garantir altas produtividades.

A Usina Caeté, Matriz, possui cerca de 50% de seu canavial irrigado, enquanto a Unidade Marituba atinge 75%. Para a safra 2023/2024, está previsto um projeto piloto de irrigação por gotejamento em cerca de 450 hectares, com uma lâmina de água reduzida para 2 mm.

Iniciativas sustentáveis impulsionam aumento na produção

Junto a isso, há o monitoramento ativo da qualidade do ar e adota tecnologias avançadas para reduzir as emissões. A eficiência dos sistemas de lavadores de gases e a gestão dos recursos hídricos são periodicamente avaliadas por órgãos ambientais. A empresa também se empenha na redução das emissões de combustíveis fósseis e na adoção de práticas sustentáveis, como a colheita mecanizada sem queima a fogo e o uso de adubo verde.

O Grupo tem se dedicado à busca constante por melhorias na eficiência energética, utilizando ferramentas tecnológicas que desempenham um papel crucial nesse processo. Esse esforço resultou em um aumento notável na produção efetiva de safra, que cresceu 24,05%. Paralelamente, a geração total de energia elétrica experimentou um aumento expressivo de 33,8%, totalizando 326,6 GWh, com um acréscimo de 3,29% na energia exportada. Esse incremento foi impulsionado principalmente pelo aumento na produção destinada à irrigação, que cresceu 21,27%.

A empresa implementa circuitos fechados na indústria para reaproveitar resíduos e utilizar a vinhaça como fertilizante agrícola. Além disso, o Plano de Gerenciamento de Resíduos Industriais (PGRSI) estabelece diretrizes para o manejo e destinação adequada de resíduos, com foco na redução do impacto ambiental e na promoção da reciclagem. A geração de energia renovável e a gestão responsável dos recursos naturais são prioridades da Usina Caeté, evidenciando seu compromisso contínuo com práticas empresariais sustentáveis e responsáveis.

A Usina Caeté se destaca pela eficiente transformação de biomassa, utilizando resíduos de 30% da cana para gerar energia renovável, essencial para alimentos e empregos na região | Foto: Acervo Usina Caeté.

A Usina Caeté desenvolveu um Manual de Orientação com Boas Práticas Sustentáveis para seus fornecedores de cana-de-açúcar, que aborda o conceito de ESG (Environmental, Social, and Governance) e visa promover práticas agrícolas responsáveis e sustentáveis.

A analista de Sustentabilidade destaca que tais iniciativas são essenciais para a permanência e consolidação da empresa no mercado, especialmente em um setor onde a responsabilidade socioambiental torna-se cada vez mais evidente.

“Investir em tecnologias para o manejo sustentável dos recursos naturais, como o uso de sistemas de irrigação mais eficientes e a preservação de matas ciliares, faz com que tenhamos um significativo ganho ambiental. Além de que a adoção dessas práticas ambientalmente corretas fortalece a empresa e consolida a relação entre clientes, parceiros agrícolas e comunidades”, diz Taciane.

É possível ainda incluir práticas sustentáveis por meio de parcerias

A Copra, pioneira e referência nacional na produção de óleo de coco extravirgem, atua há 25 anos com sede em Maceió e fábrica em Murici, Alagoas. Especializada no beneficiamento do coco seco, a empresa recebe matéria-prima dos principais fornecedores do Nordeste.

Comprometida com a preservação ambiental, a Copra é parceira do Instituto Biota, uma ONG dedicada à conservação da fauna marinha e dos mamíferos aquáticos em Alagoas. Desde 2015, essa parceria tem sido fundamental para o desenvolvimento das ações do Instituto, incluindo investimentos em pesquisas, resgates de emergência de animais marinhos e promoção da educação ambiental por meio do Projeto Biota-Mar.

Biota, com apoio da Copra, realiza soltura de 97 tartarugas marinhas em Maceió | Foto: Acervo Copra.

O apoio contínuo da Copra garantiu à empresa o selo Biota, uma certificação que atesta seu compromisso com o meio ambiente. Em colaboração com o Instituto Biota, a Copra realiza o Clean Up Day, uma limpeza simbólica das praias, com o objetivo de sensibilizar sobre o problema do descarte incorreto de resíduos, como ocorrido na praia da Guaxuma.

“Sustentabilidade é palavra de ordem na Copra. Assim, nos empenhamos em oferecer produtos que não apenas atendam aos altos padrões de qualidade, mas também promovam impactos sociais, econômicos e ambientais benéficos para a comunidade. A nossa empresa investe em produtos veganos, práticas de reciclagem e apoia iniciativas externas, como o Instituto Biota.”, afirma Hélcio Oliveira, CEO da Copra.

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