A Enegix Global, uma das principais empresas de data centers especializados em mineração de bitcoin no mundo, está estudando a instalação de uma unidade em Parnaíba, no litoral do Piauí. O investimento previsto pode chegar a US$ 120 milhões, com o objetivo de alcançar até 100 megawatts (MW) de capacidade em um período de quatro a seis anos. Um memorando de entendimento (MoU) já foi firmado com autoridades locais, marcando o início das tratativas.
A Enegix, sediada no Cazaquistão, já opera dois grandes data centers naquele país, além de uma planta de processamento de gás para mineração off-grid, que utiliza gás flutuante — energia considerada verde por aproveitar resíduos da produção. Para o Brasil, a aposta se dá justamente no potencial energético renovável, especialmente no Nordeste.
Segundo Mário Palombini, sócio brasileiro da empresa, o modelo de operação da Enegix permite rápida instalação, com equipamentos organizados em contêineres no formato plug-and-play. A expectativa é que parte dos clientes atendidos no Cazaquistão migre para a nova operação no Brasil.
O projeto foi anunciado oficialmente durante a Brazil Energy Conference 2025, realizada em Teresina, com a presença do governador Rafael Fonteles e da Investe Piauí. Para as autoridades locais, a chegada da Enegix pode transformar o estado em um novo polo global de mineração de criptomoedas, gerando receita, empregos e infraestrutura.
O Brasil desponta como um mercado atrativo para o setor, principalmente por conta da geração excedente de energia renovável. O país frequentemente produz mais energia do que consome, especialmente nas modalidades solar e eólica, mas a falta de capacidade de armazenamento provoca desperdício. A mineração de bitcoin surge como solução para transformar esse excedente em receita e desenvolvimento.
Estudos recentes indicam que essa atividade pode destravar investimentos paralisados em novas usinas renováveis, com potencial de gerar até R$ 300 milhões por ano. O governo federal também tem incentivado o setor: desde maio de 2025, equipamentos de mineração têm isenção de imposto de importação.
Apesar das perspectivas positivas, especialistas alertam para a necessidade de regulação e acompanhamento, visando evitar que o consumo intensivo de energia provoque efeitos adversos no sistema elétrico e no meio ambiente.