
Um estudo conduzido pelo BNDES e pelo Ministério das Cidades aponta a possibilidade de unificação das Linhas Oeste e Leste do Metrofor, criando um ramal contínuo de 32 quilômetros de extensão. A ligação permitiria viagens do Centro de Caucaia ao Centro de Eventos do Ceará (CEC), passando pelo Centro de Fortaleza, Aldeota e Papicu. Caso saia do papel, o projeto transformaria o trecho na maior linha de metrô do Norte-Nordeste.
As informações estão no Relatório de Redes Estruturais Planejadas da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), parte do Estudo Nacional de Mobilidade Urbana (ENMU). A pesquisa propõe melhorias estruturais no sistema metroferroviário administrado pelo Metrofor, incluindo também as Linhas Sul e Nordeste.
Linha Oeste pode virar metrô
Hoje, a Linha Oeste funciona como VLT a diesel, ligando o Centro de Fortaleza ao Centro de Caucaia em cerca de 20 km e 10 estações. O estudo sugere sua adaptação para metrô, mas sem detalhar se a operação seria subterrânea ou em superfície.
Segundo a Secretaria de Infraestrutura do Ceará (Seinfra), não há previsão para a mudança imediata. A pasta, contudo, avalia a eletrificação do ramal após a conclusão da Linha Leste, prevista para dezembro de 2028. Na prática, a conversão só ocorreria a partir de 2029.
A unificação entre as duas linhas deve ocorrer na estação Tirol-Moura Brasil, ponto em superfície da Linha Leste, próximo à estação Chico da Silva. A nova linha também será conectada à Linha Sul (na estação Chico da Silva Leste) e à Linha Nordeste (na estação Papicu).
Com a integração e extensão da Linha Leste até o CEC, a demanda atendida poderia crescer 385%, alcançando 562,6 mil pessoas, segundo o estudo.
Integração tarifária é desafio
Atualmente, as tarifas do Metrofor variam: R$ 3,60 na Linha Sul, R$ 1 na Linha Oeste e acesso gratuito na Linha Nordeste, que opera em fase assistida. A ausência de integração tarifária com ônibus e vans é vista como um dos principais entraves. “Se o usuário precisar pagar duas ou três passagens, o custo inviabiliza o uso. É essencial promover integração física e tarifária”, afirmou Luciene Machado, superintendente do BNDES.
Ônibus como alimentadores do sistema
Outro obstáculo é a falta de terminais de ônibus próximos às estações. Apenas os terminais José de Alencar, Parangaba e Papicu têm integração direta. “As estações são de difícil acesso, o que desestimula o uso do metrô. É preciso repensar o sistema de transporte como um todo, com ônibus alimentando os ramais metroferroviários”, completa Clélia.
O estudo indica que o sucesso da unificação das Linhas Oeste e Leste depende de investimentos robustos em infraestrutura, integração modal e ajustes tarifários. O objetivo é consolidar o metrô como eixo estruturante da mobilidade na Região Metropolitana de Fortaleza.