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16 de outubro de 2024 19:19

Exclusivo: negócios de beleza impulsionam economia com empreendedores que buscam nova condição de vida

Exclusivo: negócios de beleza impulsionam economia com empreendedores que buscam nova condição de vida

Setor movimenta mais de 26 bilhões de dólares e gera 25 mil novas vagas de emprego todos os anos no Brasil
Empreendedores nordestinos ganham o mundo atuando no setor de beleza

Se engana quem pensa que empreender no ramo da beleza é uma atividade de pouca relevância. No Brasil, os negócios de beleza têm um impacto muito significativo não apenas na autoestima e empoderamento do público, como também na economia do país.

Dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos mostram que o mercado brasileiro é o quarto maior consumidor deste tipo de item, ultrapassando a marca de 26,8 bilhões de dólares, de acordo com a última pesquisa realizada em 2022.

Indústria da beleza no mundo

Posição País Participação de Mercado Valor (US$)
Estados Unidos 20,7% 110,671 bilhões
China 14,7% 78,937 bilhões
Japão 5,5% 29,687 bilhões
Brasil 5,0% 26,880 bilhões
Alemanha 3,7% 19,749 bilhões
Reino Unido 3,2% 17,590 bilhões
Índia 2,9% 15,689 bilhões
França 2,8% 14,806 bilhões
Coreia do Sul 2,4% 12,800 bilhões
10º Itália 2,2% 11,917 bilhões

Geração de empregos

Se tratando de empregos, o setor gera por ano cerca de 25 mil vagas. Em termos de comparação, para entender o tamanho do impacto dos produtos e serviços de beleza na economia nacional, a agropecuária gera cerca de 41 mil empregos, enquanto a indústria fica na casa dos 26 mil.

Empreendedorismo que transforma vidas

Ainda que sem conhecer as estatísticas, não são poucos os empreendedores que apostaram no ramo em busca de melhora na qualidade de vida e trabalho.

Foi assim que Fernando Lima deixou o cargo de supervisor para abrir sua própria marca de cosméticos para cabelo, a Shine Wave. “Comecei nessa área há 18 anos, quando era supervisor de outra empresa e via necessidade de ter o meu próprio negócio investir nele hoje”, conta Fernando.

A marca foi fundada em Igarassu, Pernambuco, mas hoje já atua em mais sete estados, gerando renda para os diversos revendedores parceiros. Para conquistar essa solidez no mercado, Fernando destaca que ele e sua família, que já tinham um salão de beleza, precisaram se dedicar a entender mais a fundo sobre os produtos que já utilizavam.

“Se a gente quer dar o melhor, a gente tem que aprender. Então, a gente começou a fazer curso de química, depois tive que botar a mão na massa e começar a escovar cabelos também. Para saber trabalhar não é só vender o produto, mas saber o que vende”, complementa o empresário.

Ousadia que deu certo

Fernando não foi o único a aprender sobre o setor enquanto já estava apostando suas fichas no negócio. Essa é uma característica em comum com diversos outros empresários da beleza, incluindo a maquiadora e empresária Luana Souza, proprietária da marca de maquiagem que leva seu nome.

A ideia da Luana Souza Beauty surgiu em plena pandemia, quando a maquiadora precisou buscar outras fontes de renda, já que as maquiagens para eventos não estavam sendo contratadas. Somando mais de 13 anos de trabalho no mercado da beleza, a proposta de profissionalizar seu negócio e lançar sua própria linha levou um tempo para dar certo.

“Até então eu não tinha noção de nada. Em plena pandemia 2020, quando nenhuma maquiadora trabalhava, foi muita ousadia, querer lançar maquiagem. Sem um real no bolso, solicitei as amostras das fábricas terceiras e eu acho que quem me atendia achava que eu tinha dinheiro pela ousadia”, brinca Luana.

Luana Souza | Acervo pessoal
Luana Souza | Acervo pessoal

Depois de um ano testando e reformulando os produtos, Luana conta que teve a oportunidade de finalmente investir e lançar os primeiros itens. E mais uma vez o aprendizado veio enquanto o negócio já rodava, fazendo com que as dificuldades precisassem ser encaradas na prática.

“E aí sem experiência, me embolei toda na fábrica, fiz muito pedido, pedi errado, fiquei com estoque, os boletos ficaram acumulando. Tive todas as dificuldades que qualquer empreendedor vai ter no meio do caminho, mas mesmo assim meu sonho não acabou”, conta a maquiadora.

Atualmente, a marca que começou em Maceió já conta com revendas em diversos estados do Nordeste, com vendas para atacado e uma linha completa de produtos de maquiagem social, somando aos demais negócios que juntos colocam o Brasil como o 2º mercado no ranking global de países que mais lançam produtos anualmente, perdendo o 1º lugar apenas para os Estados Unidos.

No Brasil e no mundo

Segundo os números da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos, em 2022 as exportações do setor já alcançavam 174 países. Além disso, o crescimento das exportações desses itens tem superado progressivamente o valor dos 830,4 bilhões de dólares, as exportações superaram os 911,2 bilhões.

E há ainda os negócios de brasileiros que cruzam o oceano. O sergipano Ramon Schinke começou a empreender no ramo da beleza quando se mudou para Berlim, na Alemanha. Por lá o brasileiro abriu um salão de mega hair, o Diva Brasil, e conquistou o gosto não apenas de brasileiras, mas também de alemãs, suíças e de clientes de várias outras nacionalidades.

O negócio deu tão certo que Ramon, mesmo sem nem pensar em voltar a morar no Brasil, resolveu abrir uma filial em sua terra natal. A loja já está funcionando e participando de feiras e exposições, levando a marca para outros estados do país. Apesar da dificuldade de todo negócio em início de atividades, Ramon está confiante em ver os lucros e o crescimento da filial.

Ramon Schinke | Acervo pessoal

“Eu tenho minhas funcionárias lá na cidade de Aracaju, e eu faço tudo virtualmente, eu tenho que coordenar virtualmente. Eu tive que vir ao Brasil fazer a seleção das meninas, fizemos os testes, deu certo. Foi um processo bem complicado, é muito estressante, a gente está engatinhando bastante ainda, mas está dando tudo certo”.

E a viagem de Ramon no ramo da beleza não para por aí, uma terceira unidade de seu negócio já está sendo aberta. “Agora tô abrindo outra filial na Suíça. Então é coisa de doido, na verdade. Nós temos sete funcionários em Berlim e a gente tem lotado todos os dias, por exemplo, nosso próximo horário seria em agosto para colocar o Mega Hair”, diz.

Assim como Luana e Fernando, Ramon ressalta como empreender na beleza, mesmo com pouco recursos no início, o levou para um outro nível social e econômico, que mais do que gerar empregos e renda, transformou sua própria vida e percepção sobre o mundo dos negócios.

“Eu nunca imaginei que eu ia ter a qualidade de vida que eu tenho hoje, a primeira vez que eu peguei o avião para ir a Alemanha, de classe econômica, eu passava pela classe executiva, eu pensava ‘meu Deus, será que um dia eu vou conseguir isso?’. Só que nunca duvidei, mas era quase que impossível. Eu sou gay, eu venho do Nordeste, do menor estado brasileiro e quando me vejo, eu tenho o salão mais famoso da Alemanha para mega hair, é muito gratificante”, se emociona o empresário.

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