Jornalismo econômico para a inovação no Nordeste -
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5 de julho de 2024 21:25

Exclusivo: Nordeste acelera industrialização apesar de desafios na balança comercial

Exclusivo: Nordeste acelera industrialização apesar de desafios na balança comercial

Estados nordestinos mostram avanços significativos na industrialização e diversificação econômica

No primeiro quadrimestre de 2024, a balança comercial do Nordeste brasileiro apresenta um panorama misto, destacando tanto avanços quanto retrocessos. O Informe Macroeconômico do Banco do Nordeste (BNB) revela que, embora a região tenha enfrentado um saldo comercial menor em relação ao mesmo período do ano passado, alguns estados obtiveram resultados positivos, impulsionados pela industrialização e diversificação econômica.

Desempenho dos estados

O Maranhão liderou a lista dos estados nordestinos com saldo positivo na balança comercial, registrando um superávit de US$306,5 milhões no primeiro quadrimestre de 2024. O desempenho foi impulsionado por um crescimento notável nas exportações de celulose (+29,8%), alumínio (+100,2%) e minério de ferro (+8,9%), destacando a força das indústrias de transformação e extrativa. No entanto, o estado enfrentou uma queda de 10% nas exportações totais, principalmente devido à significativa redução nas vendas de soja (-33,6%) e milho (-64,2%). As importações também caíram drasticamente (-27,5%), refletindo uma menor dependência de combustíveis e lubrificantes.

O Piauí, por sua vez, registrou um saldo positivo de US$186,1 milhões, apesar de ter testemunhado uma queda acentuada de 41,2% nas exportações. O declínio foi impulsionado pela redução nas vendas de soja (-41,5%) e milho (-81,1%), produtos essenciais para a agropecuária local. No entanto, as importações cresceram 19,5%.

Na Bahia, o desempenho foi robusto, com um saldo positivo de US$176,7 milhões. As exportações totais do estado alcançaram US$3.337,9 milhões, quase estáveis em relação ao ano anterior (-0,2%). Produtos como soja, algodão em bruto e minérios de cobre mostraram um desempenho forte, compensando a queda nas vendas da indústria de transformação (-16,3%). As importações diminuíram 7,5%, refletindo uma redução nas compras de bens intermediários, embora as importações de combustíveis e lubrificantes tenham crescido 10,4%.

Por outro lado, o Ceará e Sergipe enfrentaram déficits comerciais de -US$702,3 milhões e -US$98,5 milhões, respectivamente. As exportações cearenses cresceram 12,5%, mas as importações aumentaram 20,3%. Em Sergipe, houve uma queda de 15,3% nas exportações e um aumento de 14,8% nas importações.

Alagoas obteve um saldo positivo de US$85,4 milhões, destacando-se as exportações de açúcar (+22,7%) e químicos inorgânicos (+19,3%), com uma queda de 8,1% nas importações. A Paraíba registrou um superávit de US$58,2 milhões, com aumento de 9,7% nas exportações e 10,2% nas importações.

 

O sucesso do Rio Grande do Norte na industrialização

O Rio Grande do Norte destacou-se como um exemplo de sucesso no primeiro quadrimestre de 2024, com um saldo positivo de US$157,1 milhões e um significativo crescimento de 67,3% nas exportações. O desempenho foi impulsionado principalmente pelo aumento nas vendas de óleos combustíveis de petróleo ou de minerais betuminosos, que cresceram 252,9%. Este salto significativo reflete o impacto positivo da industrialização no estado, que está se tornando um polo importante na produção e exportação de combustíveis refinados.

Além do crescimento nas exportações, o Rio Grande do Norte também viu suas importações aumentarem 53,6%, totalizando US$155,1 milhões. O crescimento foi impulsionado pela importação de combustíveis e lubrificantes, necessários para sustentar as operações da indústria de transformação local.

A importação de geradores elétricos giratórios também indica investimentos em infraestrutura energética. “Existe um diferencial competitivo para o Nordeste muito importante nas próximas duas décadas, que é a geração de energia. Esse sim, será o grande diferencial de atratividade para as indústrias se alocarem na região”, diz o economista João Rogério Filho, em declaração ao Portal Folha PE.

A sustentabilidade no processo de industrializaçãoA industrialização do Nordeste vai além do crescimento econômico, abrangendo também questões de sustentabilidade e independência energética. Boa parte do investimento virá da iniciativa privada, especialmente no setor de energias renováveis.

Segundo dados da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), o Nordeste apresenta um expressivo investimento nessa área, com projetos em andamento que totalizam R$21 bilhões em parques eólicos em construção, capazes de gerar 3 mil megawatts (MW) de energia. Adicionalmente, há aproximadamente R$130 bilhões em projetos outorgados, representando uma capacidade de 18 mil MW, embora ainda não iniciados na região.

A crescente importação de geradores eólicos, especialmente no Rio Grande do Norte, demonstra o investimento da região em energias renováveis, contribuindo tanto para a industrialização quanto para a sustentabilidade ambiental e a segurança energética.

Foto: Divulgação | ENGIE

“O Nordeste do Brasil é um paraíso para desenvolver projetos de energia renovável, o fator de capacidade das eólicas é fantástico, representando uma excelente oportunidade de desenvolvimento para a região”, destaca o CEO da Engie no Brasil, Maurício Bähr, em entrevista ao Portal Terra.

 

Maranhão e Bahia evidenciam exportações diversificadas

O Maranhão teve um desempenho sólido no primeiro quadrimestre de 2024, registrando um saldo positivo de US$306,5 milhões, apesar de uma queda de 10% nas exportações totais. A diversificação de suas exportações foi um fator crucial para este resultado. O estado conseguiu compensar a queda nas vendas de soja e milho com um aumento significativo nas exportações de celulose (+29,8%), alumínio (+100,2%) e minério de ferro (+8,9%).

A Bahia, com um saldo positivo de US$176,7 milhões, também demonstrou a importância da diversificação nas exportações. As vendas de soja, algodão em bruto e minérios de cobre ajudaram a compensar a queda nas exportações de produtos da indústria de transformação. A capacidade da Bahia de manter quase estáveis suas exportações totais (-0,2%) reflete a resiliência de sua economia e a importância de uma base industrial diversificada.

O cobre baiano é produzido no Vale do Curaçá, região próxima a Juazeiro, pela Mineração Caraíba. | Foto: Divulgação

“O cenário de curto e médio prazos é promissor. Mas, há questões de médio e longo prazo que precisam ser trabalhadas pelo setor industrial na Bahia, assim como no Brasil. Caso o país deseje fazer a sua neo-industrialização, precisará investir na transição energética incentivada pelas principais economias mundiais”, comenta Carlos Henrique Passos, presidente em exercício da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) ao Portal Folha PE.

Pernambuco tem indústria automotiva em foco

Pernambuco apresenta um quadro econômico desafiador, com um déficit comercial de -US$ 1.666,1 milhões no primeiro quadrimestre de 2024. No entanto, o estado tem mostrado sinais promissores de crescimento industrial, especialmente no setor automotivo. Pernambuco tem exportando veículos automóveis de passageiros e importando peças automotivas, o que indica um aumento na produção local de automóveis.

Apesar do déficit comercial, a industrialização em Pernambuco, particularmente no setor automotivo, pode ter efeitos positivos de longo prazo na economia local. O aumento das exportações de automóveis e a importação de peças refletem uma cadeia de valor mais integrada e sofisticada.

Para visualizar melhor:

Oportunidades e desafios

O saldo comercial negativo da região (-US$1.464,1 milhões) não deve obscurecer os progressos realizados. A queda nas importações de combustíveis e lubrificantes no Maranhão (-25,5%) e de bens intermediários na Bahia (-17,4%) sugere adaptação e resiliência econômica. Além disso, a crescente exportação de produtos industriais indica uma transformação econômica em andamento.

O cenário econômico do Nordeste é complexo e multifacetado. Enquanto alguns estados enfrentam desafios significativos, outros demonstram resiliência. “Acredito que a indústria, na região, seguirá, nos próximos quatro ou cinco anos, tendo os efeitos da retomada da economia e ainda com as particularidades das vantagens fiscais e algumas vantagens competitivas já detidas pelo Nordeste. A pergunta é o que virá depois”, declara João Rogério Filho, novamente ao Portal PE.

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