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17 de novembro de 2025 14:44

Expansão logística avança em seis capitais do Nordeste e promete 12 mil empregos

Expansão logística avança em seis capitais do Nordeste e promete 12 mil empregos

Investimentos de R$ 742 milhões até 2027 em seis capitais nordestinas miram crescimento do e-commerce, farmacêuticas e alimentos, e prometem 12 mil empregos e reacendem debate sobre impactos urbanos e contrapartidas públicas
Foto: Reprodução/Internet

Até 2027, a LOG, desenvolvedora e gestora de galpões logísticos, deve construir 238 mil m² de galpões logísticos classe A em seis capitais nordestinas: Recife, Fortaleza, João Pessoa, Maceió, São Luís e Teresina, em um pacote de investimentos que soma R$ 742 milhões. A iniciativa reforça o movimento de interiorização da infraestrutura logística no país e coloca a região no centro da disputa por eficiência na entrega de produtos de e-commerce, farmacêuticos e alimentos.

Segundo o Diretor Executivo de operações da LOG, Márcio Siqueira, o projeto responde a um diagnóstico de longo prazo. “A região tem sido mapeada pela empresa há mais de dez anos. Já investimos R$ 1,5 bilhão no Nordeste e projetamos mais R$ 1,5 bilhão até o final de 2028, com 40% do plano de expansão focado na região”, afirma. O diferencial, segundo ele, está na redução dos prazos de entrega e do custo do frete para o consumidor nordestino, historicamente penalizado pela distância dos principais centros de distribuição.

Capitais nordestinas não foram escolhidas por acaso

Os seis destinos da LOG no Nordeste não foram escolhidos por acaso. Recife e Fortaleza já despontam como polos consolidados, com infraestrutura portuária e aeroportuária robusta. João Pessoa e Maceió surgem como alternativas para desconcentrar operações do eixo Pernambuco-Ceará. Já São Luís e Teresina representam apostas mais ousadas, ligadas diretamente a pedidos de clientes.

“Em Teresina e São Luís, por exemplo, a decisão de investir foi impulsionada por pedidos de clientes. A LOG já estuda essas cidades há cerca de dois anos, pois sabemos que empresas de e-commerce, alimentos e bebidas e farmacêutico estão interessadas em novas operações nessas regiões, mas não encontram estruturas adequadas”, explica Siqueira.

Esse movimento dialoga com a estratégia de diversificação geográfica da companhia, que serve de guia para os investimentos em novos projetos, baseada em análises criteriosas de oportunidades e demanda dos clientes. O histórico da empresa sustenta a aposta: seus empreendimentos costumam ser entregues com taxa média de 70% e 100% de ocupação ao término das obras. O resultado é que a LOG conta com 1,5% de taxa de vacância em seus empreendimentos – indicador bem abaixo da média nacional, que é estimada em 8%. “Isso acontece pela qualidade dos ativos desenvolvidos pela companhia e pela visibilidade que os galpões classe A têm no mercado”, explica o diretor.

O motor do e-commerce

O pano de fundo desse avanço é a explosão do comércio eletrônico. Dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) mostram que o setor faturou cerca de R$ 185,7 bilhões em 2023, R$ 205 bilhões em 2024 e a projeção de R$225 bilhões em 2025.Para 2026 e 2027, o e-commerce deve chegar ao faturamento de R$ 248 bilhões e R$ 273 bilhões, respectivamente, ainda de acordo com o levantamento da ABComm.

Analistas avaliam que, sem galpões modernos, esse potencial não se converte em eficiência. Empresas acabam instaladas em estruturas improvisadas, com custos mais altos e impacto direto no preço final ao consumidor.

Além do e-commerce, setores como farmacêutico e de alimentos demandam galpões com padrões específicos de refrigeração, controle ambiental e rastreabilidade, exigências que só condomínios classe A conseguem atender.

Geração de empregos e contrapartidas com as cidades

Os números também impressionam pelo impacto social. A LOG estima que cada novo condomínio gere cerca de 2 mil empregos em cada empreendimento entregue.  Considerando os seis empreendimentos, seriam pelo menos 12 mil novas vagas, distribuídas em capitais que ainda enfrentam altos índices de desemprego e informalidade.

As contrapartidas, porém, variam conforme a cidade. “Estabelecemos, em conjunto com prefeituras e órgãos reguladores, ações que podem incluir melhorias na infraestrutura urbana,promoção de sustentabilidade, incentivo à capacitação de moradores, iniciativas sociais para crianças e adolescentes, entre outros”, explica Siqueira.

No Recife, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Carlos Andrade Lima, destaca que projetos desse porte são submetidos a rígidos estudos de impacto. “Os galpões classe A tendem a se localizar em zonas industriais e próximas a eixos rodoviários, como a BR-101 e a BR-232, evitando sobrecarga de tráfego em áreas residenciais. Além disso, a legislação exige Estudo de Impacto de Vizinhança e audiências públicas, o que assegura transparência e participação social”, diz.

A prefeitura não confirma incentivos fiscais específicos para a LOG, mas admite que mecanismos de atração podem ser discutidos caso a caso. “Sempre dentro da legislação vigente e com avaliação caso a caso”, reforça Andrade Lima.

Recife como hub regional

A capital pernambucana exemplifica como a logística se tornou vetor de desenvolvimento. Entre 2018 e 2024, o faturamento das atividades ligadas ao setor mais que dobrou, de R$ 3,1 bilhões para R$ 6,4 bilhões, com crescimento médio de 13% ao ano. “Em anos desafiadores, como 2021 e 2022, o setor cresceu mais de 20%. Isso mostra a resiliência e o impacto direto na geração de empregos e arrecadação e atração de novos investimentos para a região”, diz o secretário.

A proximidade do Porto de Suape, do Aeroporto dos Guararapes e da malha rodoviária estadual faz do Recife um hub natural para distribuição a cerca de 60 milhões de consumidores no entorno. Esse modelo tende a se replicar, com adaptações, em Fortaleza, João Pessoa e Maceió.

Especialistas alertam, contudo, que a expansão logística traz dilemas urbanos. O tráfego de caminhões, a impermeabilização do solo e a pressão sobre serviços públicos podem agravar problemas já presentes nas capitais nordestinas, e o desafio é garantir que os benefícios econômicos não sejam neutralizados por impactos ambientais e de mobilidade. Daí a importância de estudos de vizinhança e da fiscalização permanente das condicionantes ambientais.

LOG acredita que esta é uma aposta de longo prazo na região

Para a LOG, o saldo é positivo e a região se consolida como prioridade estratégica. “Com o investimento em condomínios logísticos no Nordeste, colaboramos para fortalecer a infraestrutura, estimular o consumo e impulsionar a economia local”, resume Siqueira.

Seja pela força do e-commerce, pela necessidade de estruturas modernas ou pelo potencial de interiorização dos investimentos, a logística promete redesenhar parte do mapa econômico nordestino. A dúvida que permanece é se os municípios conseguirão equilibrar a chegada dos empreendimentos com os interesses coletivos da população, e transformar a promessa de 12 mil empregos e R$742 milhões em um legado duradouro de desenvolvimento sustentável.

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