A Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (FIEA) está à frente da luta por uma política monetária que estimule o crescimento econômico do Brasil. Em manifestação ocorrida no dia 11, a FIEA expressou seu apoio à Confederação Nacional da Indústria (CNI) e sua posição sobre a necessidade urgente de reduzir a Selic, atualmente em 10,5%.
O Impacto da alta dos juros no Brasil
O Brasil enfrenta uma crise de crédito que limita o crescimento econômico e a competitividade. A alta taxa de juros, exacerbada por um spread bancário elevado, resulta em custos financeiros elevados que afetam diretamente as empresas e consumidores. A Selic elevada, combinada com uma inflação projetada de 3,83%, coloca o Brasil em uma posição desafiadora em comparação com outras economias emergentes.
A defesa da FIEA pela redução da Selic
José Carlos Lyra de Andrade, presidente da FIEA, destacou a necessidade de uma mudança na política monetária. “Não há mais espaço para novos aumentos da Selic”, afirmou Lyra, enfatizando que a atual taxa prejudica o crescimento econômico e industrial do Brasil. A FIEA, alinhada com a CNI, defende uma política que permita uma redução dos juros, o que seria fundamental para melhorar a competitividade e estimular o investimento.
Desafios e oportunidades no cenário global
Em entrevista exclusiva ao Investindo por Aí, Dielze Mello, gerente da Área Internacional da Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (CIN), destacou o impacto de uma política de juros altos no cenário brasileiro. “O Brasil, por histórico, mantém uma taxa de juros relativamente alta, o que influencia diretamente o crédito e o consumo. Durante o período de inflação elevada, o aumento dos juros serve para frear o crescimento da demanda, mas também afeta negativamente o acesso ao crédito e, consequentemente, o crescimento econômico”, afirma Dielze.
De acordo com Dielze, o fim da deflação chinesa e o possível aumento dos insumos internacionais representam grandes desafios para o Brasil. “O Brasil vive um grande dilema: a manutenção dos juros altos agrava a crise de crédito, enquanto uma redução prematura pode gerar expectativas inflacionárias. Esta situação coloca o Brasil numa posição que precisa avaliar suas políticas internacionais, criando um ecossistema mais positivo e que minimize os impactos deste cenário negativo. Soluções viáveis incluem novos acordos comerciais que tornem os produtos brasileiros mais competitivos, incentivando a diversidade da pauta de exportação e buscando novos parceiros comerciais”, conclui.
A necessidade de alinhamento político
Em consonância com essa visão, Victor Hortêncio, economista do Observatório da Indústria de Alagoas, ressaltou os desafios enfrentados pelas empresas industriais em meio à alta dos juros. “O crédito é uma das principais ferramentas de investimento utilizadas pelas empresas brasileiras, especialmente no setor industrial. Os juros altos se tornam uma barreira significativa, encarecendo o crédito e acumulando custos financeiros ao longo das cadeias industriais”, afirma Victor.
De acordo com o economista, o fim da deflação chinesa pode agravar ainda mais o cenário. “A China desempenhou um papel fundamental ao exportar deflação para o mundo, ao subsidiar seu setor produtivo. Se o ciclo de subsídios terminar, o Brasil poderá enfrentar um cenário inflacionário complexo, possivelmente levando a novas elevações na taxa de juros”, alerta Victor.