A consolidação da oferta de gás natural em Alagoas tem se tornado um dos principais vetores de crescimento econômico e industrial do estado. Com uma rede em expansão, preço competitivo e segurança no fornecimento, o insumo vem ganhando papel estratégico na atração de empresas de alto consumo energético, especialmente dos setores de cimento, plásticos, cerâmica e fertilizantes, reforçando o protagonismo alagoano no cenário energético do Nordeste.
O gás natural é um dos pilares da política de desenvolvimento do estado, por reunir atributos que favorecem tanto a competitividade industrial quanto a sustentabilidade ambiental. O combustível é mais limpo em relação a outras fontes fósseis e proporciona redução significativa de custos de produção, o que o torna essencial em segmentos industriais intensivos em energia.
Em fevereiro de 2025, Alagoas registrou o segundo melhor desempenho do país no Ranking do Mercado Livre de Gás Natural (Relivre), elaborado pela Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petróleo e Gás (Abpip), Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) e Abrace Energia. O ranking monitora e quantifica as melhores práticas legais e regulatórias em cada estado e aponta seus potenciais de melhoria.
Nos últimos anos, o governo estadual, em parceria com a Algás, tem apostado na ampliação da malha de gasodutos e na interiorização do acesso ao insumo. O objetivo é conectar novos polos produtivos e criar um ambiente ainda mais atrativo para empresas que buscam eficiência energética e previsibilidade de fornecimento.
Para a secretária de Estado do Planejamento, Gestão e Patrimônio de Alagoas (Seplag), Paula Dantas, a segurança jurídica é um ponto decisivo para a atração de novos negócios para o estado. “Para nós, da Seplag, é um prazer poder apresentar possibilidades para que a Algás se consolide no estado. Tudo isso possibilita também a chegada de novas indústrias e empresas. Nos últimos dez anos, os empresários estão vendo que é seguro investir em Alagoas, porque a segurança jurídica é alta.”
Fábio Morgado, diretor da Algás, destaca a importância do gás natural para o desenvolvimento econômico de Alagoas. “O gás deve ser ressaltado como fator relevante de Alagoas, porque é um dos únicos estados em que a produção acontece em terra e dentro do território. Para além das indústrias, nós temos uma atuação importante também em outros segmentos: são 65 mil clientes que utilizam gás natural residencial, por exemplo”, apontou.
Entre as iniciativas mais recentes para o crescimento da cadeia no estado está a implantação de uma unidade de Gás Natural Comprimido (GNC) no município de Batalha, que marca a chegada do insumo ao Sertão alagoano. O investimento de R$ 5 milhões representa um passo decisivo para a interiorização da rede e deve beneficiar, além de produtores locais, empresas com alto consumo energético. A previsão é de que a unidade esteja em operação no primeiro trimestre de 2026.
Expansão do gás movimenta bilhões no estado
A Algás planeja expandir sua rede para atender novos polos industriais, com destaque para o Litoral Norte e o Agreste. Esses investimentos estão alinhados à estratégia de consolidar Alagoas como um hub regional de gás natural, ampliando a competitividade do estado frente a outros mercados nordestinos.
Outro ponto relevante é o avanço dos investimentos privados no setor. A Origem Energia, responsável pela exploração terrestre de gás natural no estado, projeta investir R$ 1,55 bilhão até 2027, consolidando Alagoas como um polo produtor relevante. Desde 2022, a empresa já aplicou cerca de R$ 390 milhões nos campos de Pilar e Furado, e no Polo Alagoas, o que tem permitido ampliar a produção e garantir estabilidade no fornecimento.
O aumento da produção local contribui diretamente para manter os preços do gás em patamares competitivos, condição essencial para atrair novas indústrias. A empresa também opera o Polo Alagoas, que possui capacidade de estocar cerca de 1,5 bilhão de metros cúbicos de gás, volume que supera diversas vezes o consumo diário nacional. Essa robustez de oferta dá segurança para novos contratos e amplia o potencial de uso do insumo em território alagoano.
Apesar disso, cerca de 60% do gás produzido no estado ainda é vendido para fora, o que evidencia a necessidade de políticas que incentivem o consumo interno. A Origem defende ajustes regulatórios e fiscais que estimulem a instalação de novas indústrias e o aproveitamento do insumo dentro de Alagoas, fortalecendo a cadeia produtiva e a geração de valor local.
Fábio Morgado reforça a importância da produção interna e do apoio do poder público à cadeia do gás. “Uma das vantagens de Alagoas é que praticamente todo o gás que nós distribuímos é produzido dentro do estado, então a gente tem uma competitividade que já se inicia nesse elo da cadeia. Além disso, o governo está sempre antenado para garantir competitividade para as indústrias se instalarem aqui. Já que o gás natural é produzido internamente, existe uma facilidade com redução de impostos, por exemplo.”
A combinação entre investimentos públicos e privados, segurança regulatória e disponibilidade energética tem reposicionado Alagoas no mapa dos grandes investimentos industriais. O estado, que já desponta como referência em eficiência na distribuição de gás natural, aposta agora na interiorização e na ampliação da rede para consolidar uma nova etapa de desenvolvimento econômico sustentável.