
O Estado da Paraíba assinou uma ordem de serviço de R$ 24 milhões para construção da Cidade da Astronomia, no município de Carrapateira. As obras já foram iniciadas e possuem previsão de um ano para conclusão. O investimento fará parte de um Complexo Científico do Sertão liderado pelo radiotelescópio BINGO.
A Cidade da Astronomia, que é um empreendimento promovido pela Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior (Secties), em parceria com a Superintendência de Obras do Plano de Desenvolvimento do Estado (Suplan), será composta por planetário de última geração para 80 lugares, observatórios, espaços educativos e museus, como parte do projeto maior do radiotelescópio BINGO. O objetivo, de acordo com o governo, é tornar a região uma referência nacional em pesquisa astronômica, educação científica e turismo científico. Além de transformar o Sertão em um polo regional capaz de atrair pesquisadores, estudantes e turistas, impulsionando o desenvolvimento socioeconômico da região.
De acordo com o secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior do Estado, Cláudio Benedito, o empreendimento será utilizado por estudantes de escolas públicas, tanto das redes estaduais quanto das municipais. Ainda de acordo com o secretário, a Cidade da Astronomia fará parcerias com instituições de ensino superior para promover formação, além de atrair pesquisadores para colaboração internacional do BINGO.
Em entrevista ao Investindo Por Aí, Benedito ressaltou a importância do equipamento para a comunidade científica da Paraíba. “Além de um centro de convenções de eventos científicos, teremos a circulação de estudantes que fará com que o ensino de astronomia e astrofísica seja impulsionado e forme mais pessoas nas áreas”, acrescenta o secretário.
Marcelo Zurita, astrônomo e presidente da Associação Paraibana de Astronomia, reforça que os investimentos são fundamentais para toda a comunidade científica do estado. Ele ainda cita o radiotelescópio BINGO como um elemento chave para atrair recursos no setor. “Esses investimentos devem atrair para a Paraíba investimentos nacionais e internacionais para a produção científica com dados desse observatório. Além disso, o equipamento contribui bastante para a questão de infraestrutura no sertão da Paraíba”, afirma Zurita que reflete sobre a relevância do Complexo para a construção de uma comunidade astronômica. “Apesar de ter pessoas que fazem astronomia de forma amadora, a gente não tinha um ambiente propício para pesquisa e para o trabalho profissional nesta área. É essencial para a gente alavancar esta área em um estado que tem um potencial tão grande”.
Por que Carrapateira?
De acordo com o secretário Cláudio, a escolha pela cidade de Carrapateira passou por uma série de fatores técnicos. Um outro fator que facilitou a escolha do município foi a proximidade com o radiotelescópio BINGO. O mesmo ainda informou que há investimentos em construção e pavimentação entre as duas cidades com o objetivo de aproximar ainda mais os complexos.
Para a construção do BINGO, a escolha da cidade de Aguiar também se deu por um motivo técnico. Um estudo mostrou que a área era ideal por não possuir a contaminação ou interferência de sinais de celular ou aeronaves, o que é fundamental para o funcionamento do telescópio.
Marcelo Zurita acredita que a construção do radiotelescópio BINGO, em Aguiar, pode ter sido uma virada para a astronomia da Paraíba. “Sem sombra de dúvidas foi um ponto de inflexão. É a partir desse momento que começa a haver investimentos que nunca haviam sido feitos antes”, afirma. Ele ainda diz que a expansão com a Cidade da Astronomia, em Carrapateira, é excelente e compara o projeto paraibano com o de outros estados. “Há iniciativas assim em, praticamente, todo o Ceará, a Paraíba precisa de mais polos de incentivo à astronomia e ciência como um todo. Espaços em que a gente possa fazer uma imersão científica, com planetários e museus”, conclui o presidente da APA.
O Estado da astronomia
Além da Cidade da Astronomia, a Paraíba vem injetando recursos para o desenvolvimento científico do Estado. Com um investimento de aproximadamente R$1,5 milhão, entre outubro de 2024 e março de 2025, o governo do Estado tem impulsionado iniciativas que unem ciência, inclusão social e tecnologia de ponta.
O Complexo Científico do Sertão, do qual a Cidade da Astronomia faz parte, ratifica o conjunto de iniciativas voltadas ao fomento das pesquisas nas áreas de astronomia, paleontologia e arqueologia. Nele, além do BINGO e da Cidade da Astronomia, estão inseridos o Museu de Arqueologia, em Cajazeiras e o Monumento Parque Vale dos Dinossauros, em Sousa.