Jornalismo econômico para a inovação no Nordeste -
Jornalismo econômico para a inovação no Nordeste -
2 de outubro de 2025 11:33

Investe + Aeroportos deve transformar terminais nordestinos em hubs de turismo e logística

Investe + Aeroportos deve transformar terminais nordestinos em hubs de turismo e logística

Programa prevê R$ 10 bilhões em aportes da iniciativa privada e aposta em hubs logísticos, turismo e serviços para ampliar competitividade da região
Aeroporto em Salvador | Foto: Reprodução/Internet

O governo federal anunciou recentemente o lançamento do Programa Investe + Aeroportos, que prevê R$ 10 bilhões em investimentos privados no setor aeroportuário brasileiro nos próximos anos. A iniciativa, segundo o Ministério de Portos e Aeroportos, busca transformar os terminais em polos de negócios e desenvolvimento regional, ampliando o papel dos aeroportos para além da aviação comercial. A região Nordeste deve ser uma das mais beneficiadas, já que concentra aeroportos estratégicos sob gestão privada, como Recife, Salvador, Fortaleza, Maceió e Natal.

A proposta é que esses equipamentos deixem de ser vistos apenas como pontos de embarque e desembarque e passem a abrigar empreendimentos diversos, como centros logísticos, shoppings, escritórios e até hospitais, estimulando cadeias produtivas locais e atraindo novos fluxos de capital. “Queremos que os aeroportos sejam, também, motores de geração de emprego, renda e oportunidades para a população, atraindo novos negócios e fortalecendo a economia local”, afirma o ministro de Portos e Aeroportos Silvio Costa Filho.

Segundo João Branco, professor de economia do curso de administração da ESPM, os aeroportos exercem um efeito multiplicador reconhecido, com impacto direto em setores como hotelaria, comércio, transportes terrestres e serviços de logística. “O Investe + Aeroportos é mais um exemplo em que o Estado atua como coordenador e regulador, enquanto a execução é compartilhada com o setor privado por meio de parcerias público-privadas (PPPs) e concessões”, explica. “Esse arranjo busca conciliar eficiência administrativa e inclusão social, transferindo a operação a agentes privados, mas preservando ao poder público a função estratégica de planejamento e fiscalização”. 

Programa se encaixa em modelo dos anos 90

O novo programa se insere em uma agenda de modernização iniciada nos anos 1990 com o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, que abriu espaço para parcerias público-privadas (PPPs) e concessões. Desde então, a presença da iniciativa privada no setor aeroportuário brasileiro tem crescido.

De acordo com dados oficiais, entre 2023 e 2025 já foram aprovados 19 investimentos em aeroportos, somando R$ 4,5 bilhões. Apenas em 2024, 42 obras foram entregues em terminais do país, com R$ 3,2 bilhões aplicados, sendo R$ 2,7 bilhões provenientes de concessões privadas. Para 2025, estão previstos outros R$ 3,4 bilhões, ainda de acordo com dados do MPor. O Investe + Aeroportos é mais um capítulo dessa trajetória. Ele reforça o papel do Estado como coordenador e regulador, mas preserva a lógica de delegar a execução ao setor privado, que tende a ser mais ágil na gestão e mais aberto à inovação

Nordeste pode ser impactado significativamente 

No caso do Nordeste, os impactos podem ser significativos. A região depende fortemente do turismo e de cadeias agroindustriais que exigem conectividade aérea eficiente, sobretudo para exportar frutas, pescados e outros produtos perecíveis.

Segundo estimativas do governo, o programa pode atrair até R$ 12 bilhões em aportes privados, voltados especialmente à transformação de aeroportos em hubs logísticos integrados a diversos setores da economia. “Isso pode significar a consolidação de polos turísticos mais competitivos e o aumento da participação nordestina no comércio exterior brasileiro”, avalia o professor.

O aeroporto de Recife, por exemplo, já se destaca como ponto de conexão internacional para o turismo e negócios. Salvador, com seu fluxo constante de visitantes, tem potencial para abrigar centros comerciais e hospitalares. Fortaleza se firma como hub de telecomunicações e voos internacionais. Em Maceió e Natal, a aposta é no reforço do turismo e da exportação de produtos do agronegócio.

Para evitar riscos, Estado deve zelar pelo papel das PPPs

Apesar do otimismo, há desafios. Branco destaca que a priorização dos grandes terminais não pode ofuscar os aeroportos regionais, sob risco de perpetuar desigualdades históricas. O governo anunciou a destinação de R$ 7,3 bilhões para 102 aeroportos regionais, mas a execução dependerá de uma governança eficiente.

Se os recursos não chegarem de forma equilibrada, corre-se o risco de os benefícios ficarem restritos às capitais, deixando de lado cidades menores que também precisam de integração aérea. O papel do Estado é justamente zelar para que as PPPs não sejam apenas instrumentos de concentração, mas de democratização do desenvolvimento

Outro ponto crítico é a infraestrutura complementar. O Nordeste ainda enfrenta gargalos em rodovias, ferrovias e portos, o que pode limitar o potencial dos aeroportos modernizados. “Sem um planejamento sistêmico, os investimentos podem se transformar em ilhas de eficiência em meio a um sistema fragmentado. É preciso integrar os aeroportos a corredores logísticos completos”, reforça Branco.

O impacto esperado vai além da aviação. O setor aeroportuário costuma estimular empregos diretos e indiretos em diversas cadeias produtivas. Segundo dados do governo, a cada grande investimento  em infraestrutura aeroportuária, milhares de postos de trabalho são gerados em serviços de apoio, turismo, transporte e comércio.

Além disso, a transformação dos aeroportos em complexos multiuso pode atrair empresas de logística, tecnologia e saúde, criando novos polos de negócios no entorno dos terminais. “No caso nordestino, o programa pode impulsionar investimentos em turismo, comércio e integração regional”, afirma o professor.

O Investe + Aeroportos chega em um momento de retomada do turismo e de expansão das exportações brasileiras. Para o Nordeste, a combinação entre modernização da infraestrutura, investimentos privados e fortalecimento da conectividade aérea pode significar um salto qualitativo na integração regional e internacional.

O desafio é equilibrar eficiência e inclusão, garantindo que os aeroportos não se limitem a ser vitrines modernas nas capitais, mas funcionem como vetores de desenvolvimento em todo o território.

👆

Assine a newsletter
do Investindo por aí!

 

Gostou desse artigo? compartilhe!

Últimas

Aeroporto Internacional do Recife
navio1
inovação-piaui
prefeito
FIT 2025
Braskem
Imagem de carteira de trabalho | Geração de empregos no Nordeste em 2023
cop30
Senai

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

div#pf-content img.pf-large-image.pf-primary-img.flex-width.pf-size-full.mediumImage{ display:none !important; }