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17 de novembro de 2025 12:41

Mercado de apostas esportivas ganha força no Nordeste e mira arrecadação bilionária

Mercado de apostas esportivas ganha força no Nordeste e mira arrecadação bilionária

Com a regulamentação do setor no país, casas de apostas esportivas intensificam presença no Nordeste, apostam na fidelização do público regional e projetam alta arrecadação de tributos para estados e municípios da região
Foto: Reprodução/Internet

O mercado das apostas esportivas vive uma nova fase no Brasil, e o Nordeste desponta como um dos principais polos de crescimento no setor. Empresas com sede na região, como a paraibana Pixbet, consolidam sua presença no cenário nacional, com contratos milionários de patrocínio no futebol, e se articulam para aproveitar o momento trazido pela regulamentação federal.

Desde o fim de 2023, com a aprovação da Lei nº 14.790, as apostas esportivas passaram a ter regras claras de operação e tributação. Agora, para atuar legalmente no país, as casas de apostas devem pagar R$30 milhões de outorga e comprovar capacidade técnica e financeira para oferecer segurança ao usuário. A expectativa é que a regulamentação traga um novo fôlego à economia brasileira, com arrecadação federal estimada entre R$ 6 e 12 bilhões por ano, segundo projeções iniciais do governo Lula.

Tributos estaduais e municipais em foco

Apesar da cautela atual do Ministério da Fazenda com os números, a Associação Brasileira das Secretarias de Finanças das Capitais (ABRASF) projeta um impacto expressivo para estados e municípios, que também poderão arrecadar tributos com o novo modelo, como o Imposto Sobre Serviços (ISS) e, futuramente, o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), com a implementação da reforma tributária.

Segundo o tributarista Luis Wulff, a reforma deve facilitar a arrecadação local: “Com o IVA nacional, a base de cálculo será mais ampla que a atual incidência do ISS e do ICMS. A distribuição para os entes subnacionais será mais eficiente, permitindo que estados nordestinos se beneficiem diretamente do crescimento desse mercado”.

A tributação das empresas segue lógica semelhante a outros setores econômicos. Há uma alíquota de 12% sobre a receita líquida das apostas (arrecadação menos prêmios pagos), além da cobrança de PIS/Cofins sobre o faturamento e IRPJ/CSLL sobre os lucros, totalizando uma carga tributária de aproximadamente 35%. Para os apostadores, os ganhos acima da faixa de isenção terão incidência de 15% de Imposto de Renda.

Nordeste lidera engajamento nas apostas online

Dados recentes da consultoria Control+F, especializada em inteligência de mercado digital, revelam que o público nordestino é o mais engajado com as plataformas de apostas. Segundo a pesquisa, realizada entre janeiro e março de 2025 com usuários de diferentes regiões, o Nordeste concentra 36% do total de apostadores online do país, sendo o maior índice entre todas as regiões.

Outros dados chamam atenção:

  • 71% dos usuários nordestinos apostam pelo menos uma vez por semana;
  • 58% disseram ter escolhido uma casa de apostas por conta de patrocínio a clubes da região;
  • 43% relataram apostar valores mensais superiores a R$ 300;
  • O Flamengo, clube patrocinado pela Pixbet, é o time com maior torcida declarada no Nordeste, o que fortalece o vínculo com a marca.

Esse cenário justifica o protagonismo de empresas como a Pixbet, que consolidou não só sua atuação comercial, mas também política e social. A empresa foi autorizada a operar pelo Ministério da Fazenda após cumprir os requisitos técnicos e pagar a outorga exigida. Em abril, obteve decisão judicial favorável para retomar as operações após controvérsia relacionada à entrega de certificados técnicos.

Com mais de 118 milhões de acessos entre janeiro e novembro de 2024, segundo o portal Aposta Legal Brasil, a Pixbet firmou um contrato de R$470 milhões com o Flamengo até 2027. Também é a operadora por trás da Flabet, plataforma registrada pelo próprio clube carioca.

Do interior da Paraíba à política nacional

Fundada por Ernildo Junior, natural de Serra Branca (PB), a Pixbet representa o poder de articulação política e econômica que esse mercado passou a exercer. Junior ampliou sua influência para além das apostas: é mecenas de vaquejadas, dono de clubes de futebol e figura presente nos bastidores do Congresso, onde tem se aproximado da cúpula do União Brasil.

Em 2024, promoveu um ex-funcionário da bet à prefeitura de Serra Branca, enquanto financia projetos de saúde e patrocina atletas e influenciadores regionais. Com isso, criou uma rede de legitimidade local que fortalece o setor no interior do Nordeste — inclusive com promessas de investimentos sociais com parte dos lucros obtidos nas apostas.

Além da Pixbet, outras marcas com DNA nordestino estão em processo de regulamentação ou credenciamento junto ao Ministério da Fazenda. É o caso da Esportes da Sorte, que já patrocinou o Bahia, e da BetPix365, criada por um grupo de empresários de Pernambuco. A tendência é que mais empresas da região aproveitem a janela de credenciamento para legalizar sua operação e concorrer com gigantes internacionais.

Para Rafael Araújo, diretor de operações da Esportes da Sorte, o novo modelo traz segurança jurídica e abre oportunidades: “Vamos poder investir com mais clareza, contratar mais gente e gerar tributos para os estados e cidades em que atuamos”.

Nordeste pode se tornar polo estratégico de arrecadação

De acordo com a ABRASF, a capital Recife pode arrecadar até R$75 milhões por ano em ISS com o funcionamento legal de plataformas de apostas. Salvador, por sua vez, estima ganhos entre R$60 e R$80 milhões, especialmente se empresas optarem por sediar suas operações administrativas nas capitais.

A chegada do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), com a reforma tributária, também ampliará o leque de arrecadação estadual. Estados como Pernambuco, Bahia e Paraíba já estudam formas de atrair operadoras para centros de tecnologia e atendimento.

Enquanto a regulamentação nacional avança, o Nordeste se consolida como protagonista em um mercado que deve movimentar bilhões de reais. Entre torcidas apaixonadas, novas oportunidades de trabalho e arrecadação crescente, o futuro das apostas esportivas parece já estar traçado e passa, inevitavelmente, pelos caminhos do Brasil profundo.

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