
A cidade de Arapiraca, no Agreste de Alagoas, pode se tornar o novo ponto de atenção da mineração de ouro no Brasil. A mineradora canadense Pacific Bay Minerals firmou uma carta de intenção com a gestora britânica Appian Capital Advisory para aquisição integral do projeto Pereira-Velho, com área superior a 14 mil hectares. A primeira etapa prevê um investimento de US$ 1,56 milhão ainda em 2025 para perfurações confirmatórias, testes metalúrgicos e avaliação econômica preliminar.
Segundo comunicado da Pacific Bay, a decisão de avançar no projeto está sustentada por fatores logísticos e geográficos considerados ideais. A empresa destacou que a área conta com rodovia asfaltada, rede elétrica e proximidade com Arapiraca, município com mais de 230 mil habitantes e mão de obra qualificada. A localização estratégica se reforça ainda pela vizinhança com a Mina de Cobre Serrote, em Craíbas, recentemente adquirida por US$ 420 milhões pela chinesa Baiyin Nonferrous.
Indícios promissores de ouro e recuperação metalúrgica elevada
Estudos técnicos anteriores apontam uma forte presença de ouro livre com mineralização próxima à superfície, o que favorece métodos de extração de baixo custo, como a lixiviação em pilha. Entre 2018 e 2022, foram realizados 47 furos de sondagem, somando mais de 6 mil metros perfurados, com dados registrados na Agência Nacional de Mineração (ANM). Ensaios laboratoriais indicaram índice de recuperação metalúrgica de até 94,8%.
Para a Pacific Bay, o conjunto de fatores torna o projeto especialmente atrativo. Em nota oficial, o CEO da empresa, Reagan Glazier, avaliou que se trata de uma oportunidade rara: “Este é um sistema de ouro com predominância de óxido próximo à superfície, com excelente infraestrutura, forte metalurgia inicial e um recurso histórico já disponível – e permanece aberto para expansão.”
A próxima fase envolve a validação dos dados históricos, com nova campanha de perfuração e aprofundamento dos testes metalúrgicos. A expectativa é concluir essa etapa até o fim de 2025 e, com base nos resultados, tomar as decisões técnicas e econômicas sobre o início da produção. O contrato ainda prevê o pagamento de royalties de 1,5% sobre a produção futura, com cláusula de recompra parcial por parte da empresa vendedora.
Caso se confirme a viabilidade, o projeto pode gerar empregos diretos e indiretos, movimentar a arrecadação estadual e consolidar Alagoas como um novo polo da mineração de ouro no país — em um cenário internacional de alta valorização do metal.
Procurada, a Appian Capital Advisory informou, por meio de nota, que, “por questões estratégicas de negócio, a empresa não está comentando sobre o caso no momento.”
Mina Serrote consolidou Alagoas no mercado global de cobre
Próxima ao projeto Pereira-Velho, a Mina Serrote, no município de Craíbas, é uma operação consolidada de mineração de cobre. Até abril de 2024, era controlada pela própria Appian Capital. O fundo britânico adquiriu o ativo em 2018, quando ele ainda pertencia à Aura Minerals, e apostou na construção de uma operação com foco técnico e produção de metais preciosos como subproduto.
A venda da mina para o grupo Baiyin Nonferrous Metal Group, da China, foi concluída por US$ 420 milhões em uma transação estruturada em base livre de caixa e dívidas. Desde o início das operações, a Mineração Vale Verde (MVV), responsável pela exploração, já exportou mais de 300 mil toneladas secas (dmt) de concentrado de cobre para países como China, Finlândia, Tailândia, Índia e Polônia. A operação colocou Alagoas no mapa da mineração brasileira, com destaque na balança comercial do estado.