A missão internacional do Consórcio Nordeste ao Oriente Médio, iniciada no último domingo (25), avança com o objetivo de atrair investimentos para setores estratégicos da economia nordestina. A iniciativa, que se estende até 30 de maio e passa por Catar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, mobiliza governadores, vice-governadores e secretários de estado para apresentar projetos prioritários de energia renovável, infraestrutura e turismo a fundos soberanos, empresas e instituições financeiras.
O primeiro grande evento da missão, o “Northeast Day”, aconteceu em Doha, no Catar, no hotel St. Regis. Durante o encontro, foram apresentados projetos a representantes do Qatar Investment Authority (QIA), o fundo soberano que gerencia os investimentos internacionais do Catar. Em 2023, os investimentos catarianos no Brasil alcançaram US$ 1,2 bilhão, um aumento de 16,8% em relação ao ano anterior, consolidando o país como a 38ª maior origem de investimentos estrangeiros diretos no Brasil.
“A região Nordeste é a mais promissora do país para investimentos em energia renovável, especialmente solar e eólica, além de infraestrutura logística que pode atender ao mercado interno e internacional”, afirmou Rafael Fonteles, governador do Piauí e presidente do Consórcio Nordeste. A energia e a infraestrutura estão no centro da pauta: a região lidera a produção nacional de energia eólica e abriga mais de 40% das usinas solares do país, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Além do QIA, a missão prevê encontros com o Public Investment Fund (PIF) da Arábia Saudita e com o Mubadala Investment Company, dos Emirados Árabes Unidos — dois dos maiores fundos soberanos do mundo. As reuniões visam consolidar parcerias com câmaras de comércio, instituições financeiras e grupos empresariais interessados em oportunidades no Brasil.
Durante a passagem pela Arábia Saudita, o vice-governador do Rio Grande do Norte, Walter Alves, apresentou dois projetos estratégicos: o programa de eficiência energética e o porto Indústria Verde. “Esses projetos foram concebidos para modernizar a infraestrutura logística e energética do Nordeste brasileiro, com soluções sustentáveis e tecnologicamente avançadas”, destacou. Alves também ressaltou que as iniciativas se alinham com os objetivos do programa saudita Visão 2030, que busca diversificar a economia do país e fomentar cadeias globais de comércio e energia limpa.
Na manhã seguinte, a comitiva nordestina participou de uma reunião com o Fundo Saudita para o Desenvolvimento (SFD), importante instituição do governo saudita que oferece empréstimos concessionais e subsídios para projetos de impacto social e econômico. O vice-governador da Paraíba, Lucas Ribeiro, destacou o potencial dessa parceria. “Apresentamos projetos sociais e de infraestrutura que podem ser analisados pelo SFD, abrindo caminho para novas colaborações que beneficiem o desenvolvimento da região Nordeste”, afirmou.
A missão também inclui representantes de instituições financeiras brasileiras, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Banco do Nordeste e o Banco do Brasil, além de organizações como a Embrapa e a ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos). Esta última desempenha um papel central na articulação com investidores internacionais e na promoção da imagem do Brasil como destino seguro e atrativo para capital estrangeiro.
Segundo Jorge Viana, presidente da ApexBrasil, a missão busca estreitar relações comerciais e abrir novas frentes de negócios para a região. “Estamos reforçando a internacionalização das empresas brasileiras e mostrando o potencial nordestino, que é relevante em setores como energia renovável, turismo e infraestrutura. Essa missão é estratégica para ampliar o fluxo de investimentos e a geração de empregos”, destacou.
Cada estado nordestino levou à missão projetos que dialogam com suas vocações econômicas. A Paraíba apresentou o Polo Turístico Cabo Branco e o programa Paraíba Saneada, voltado à universalização do saneamento básico. Sergipe destacou o potencial energético e a produção de fertilizantes, enquanto Pernambuco levou propostas do Complexo Industrial Portuário de Suape, um dos principais ativos logísticos da região, com localização estratégica e infraestrutura moderna.
A missão do Consórcio Nordeste ao Oriente Médio é vista como uma oportunidade concreta para transformar o potencial econômico da região em parcerias sólidas e investimentos sustentáveis. Com aproximadamente 15% do PIB brasileiro, o Nordeste busca consolidar sua posição de liderança na transição energética e no desenvolvimento de infraestrutura resiliente, essenciais para o crescimento regional e para a atração de capital internacional.
O encerramento da missão está previsto para 30 de maio, com a expectativa de retorno não apenas com contatos fortalecidos, mas também com compromissos concretos que impulsionem a economia do Nordeste nos próximos anos.