A 3ª edição do Bahia Oil & Gas Energy, que está sendo realizada de 28 a 30 de maio, no Centro de Convenções Salvador, já se consolida nos calendários nacional e internacional do segmento de petróleo e gás, uma das bases da matriz energética brasileira. Para além da projeção de movimentar R$ 400 milhões na rodada de negócios e 12 mil visitantes nos três dias de evento, em uma estrutura com 260 estandes dividida em dois pavilhões, o evento conta com a presença de delegações estrangeiras de mais de 20 países, permitindo que trabalhos acadêmicos e pesquisadores de dentro e de fora do Brasil se apresentem nas seções técnicas e no congresso acadêmico da feira de negócios.

Direcionada para profissionais que atuam direta ou indiretamente no setor de petróleo e gás do Norte e Nordeste do Brasil, tanto onshore (em terra) quanto offshore (no mar), a feira é vista como grande e importante para o mercado e já tem inspirado outros Estados para a expansão. O diretor presidente da Algás, José Ediberto de Omena, participa do Bahia Oil & Gas Energy 2025 e destaca a importância das feiras do setor para o desenvolvimento e a captação de clientes, especialmente em Alagoas, onde o gás é competitivo e recebe incentivos fiscais.

“Além de permitir o encontro com fornecedores (gasodutos, ferramentas, equipamentos eletrônicos etc.) e networking, é uma oportunidade de ver as novidades tecnológicas e de mercado; um local de aprendizado e discussão. Queremos, inclusive, realizar uma feira semelhante em Alagoas para impulsionar o mercado local de gás natural, biometano e energia verde”, revelou em uma entrevista exclusiva ao Investindo Por Aí. A Algás é a concessionária alagoana de gás natural, responsável pela distribuição de gás natural canalizado em todo o estado de Alagoas.

Durante a entrevista, Ediberto abordou diversos aspectos relacionados ao Gás Natural Veicular (GNV) e ao gás natural em geral, especialmente no contexto de Alagoas. Sobre o mercado de GNV no País, o executivo destaca sua expansão além dos carros de passeio para veículos pesados, impulsionada por iniciativas governamentais e a busca por energia limpa. “O GNV está sendo utilizado em diferentes segmentos de veículos. Inicialmente, era mais comum em carros pequenos, táxis e carros de aplicativo. Agora, há uma grande campanha para expandir o uso para ônibus e caminhões pesados, incluindo ônibus estudantis, os ‘ônibus amarelinhos’”.

Na ocasião, enquanto fazia uma comparação do GNV com outras fontes de energia, como o álcool e a eletricidade, o presidente da Algás enfatizava a infraestrutura estabelecida e a segurança do GNV, e mostrava como funciona uma bomba de abastecimento de GNV em exposição no estande da Bahiagás. “Esse processo já é realizado em postos específicos de GNV em Maceió e algumas cidades do interior de Alagoas, além de outras cidades no Brasil. Para abastecer, o carro precisa ter um cilindro, seja por adaptação ou vindo de fábrica. O abastecimento é comparado ao abastecimento elétrico, mas para gás”, explica Ediberto.

Competitividade e contribuição para a transição energética

O mercado de GNV no Brasil existe há 20 anos e, segundo o titular da Algás, o objetivo é intensificar seu uso pelo “cidadão comum”. “Historicamente, o álcool competia em preço, mas seu preço subiu. Atualmente, o GNV concorre com carros híbridos e elétricos. Como é considerada uma energia limpa, o GNV contribui significativamente para a descarbonização e a transição energética, além de ter uma infraestrutura mais fácil de aplicar e muito mais consolidada do que para os carros elétricos, ainda insuficiente”, ressalta. “Além disso, os carros elétricos, frequentemente importados da China, da Alemanha, têm valor altíssimo e dependem de baterias cuja garantia e assistência técnica no Brasil ainda são questionáveis”, completa.

Omena também aborda o potencial do biometano como complemento ao GNV e destaca que o Brasil, sendo rico em energia, água e mata, tem tudo para ser pioneiro. “O biometano é uma alternativa interessante e é basicamente o mesmo gás que o gás natural, mas produzido a partir de resíduos de biomassa, como cana-de-açúcar, destilarias de álcool, cooperativas, lixo sólido e resíduos da pecuária. Além disso, ele pode utilizar o mesmo gasoduto do gás natural. A expectativa é que o volume de biometano cresça para ser comprado e injetado na rede de gás”, disse.

O Estado de Alagoas é chamado de “terra do gás”, com um dos preços de metro cúbico mais competitivos para a indústria no Brasil, junto com a Bahia. O governo de Alagoas oferece incentivos e infraestrutura para as indústrias que se instalam e utilizam o gás local. No mercado residencial do Nordeste, Alagoas está em terceiro lugar (depois de Bahia e Pernambuco) e, atualmente, busca converter condomínios antigos que usam GLP (botijão) para gás natural. “Há um esforço conjunto do governo de Alagoas, Federação das Indústrias e figuras políticas para impulsionar o desenvolvimento da Algás”, conta.

Entre as principais ações em desenvolvimento pela atual gestão da Algás estão a transição do GLP residencial para o gás natural (maior segurança, praticidade e focada atualmente em condomínios mais antigos), projetos de expansão do GNV em diversas indústrias e iniciativas com gás natural comprimido (GNC) em Alagoas, com estações instaladas em cidades como Arapiraca e Batalha. “A previsão é inaugurar a estação de Batalha até dezembro”, revelou.