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24 de outubro de 2025 16:44

No Clima da Caatinga: o sertão que floresce com tecnologia, restauração e esperança

No Clima da Caatinga: o sertão que floresce com tecnologia, restauração e esperança

Em nova fase, projeto apoiado pela Petrobras aposta em inovação, reflorestamento e protagonismo das comunidades para enfrentar as mudanças climáticas e transformar o semiárido em um modelo de sustentabilidade
Foto: Samuel Portela

Entre as veredas secas e o verde resistente do sertão nordestino, uma nova fase de transformação desponta. O projeto “No Clima da Caatinga”, desenvolvido pela Associação Caatinga em parceria com a Petrobras, inicia seu quinto ciclo com metas ambiciosas: restaurar áreas degradadas, ampliar o uso de tecnologias sociais e fortalecer comunidades que vivem em um dos biomas mais singulares e desafiadores do país.

A iniciativa, que tem duração de quatro anos, surge num momento estratégico para o Brasil — às vésperas da COP30, quando o país apresentará avanços em mitigação climática e preservação da biodiversidade. Segundo informações oficiais da Petrobras, a nova fase reforça o compromisso da companhia com projetos de desenvolvimento sustentável e de baixo carbono, alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e à Política Nacional sobre Mudança do Clima.

“Estamos levando inovação e sustentabilidade para dentro da Caatinga. É o único bioma exclusivamente brasileiro, e cuidar dele é também cuidar da nossa identidade”, afirmou Marília Nascimento, gerente de Programas Socioambientais da Associação Caatinga, em entrevista ao Investindo Por Aí.

Tecnologia e convivência com o semiárido

As inovações previstas impressionam pela diversidade e pelo foco em soluções adaptadas à realidade do sertão. A nova etapa prevê o plantio de oito mil mudas, sendo quatro mil destinadas à Reserva Natural Serra das Almas (RNSA), a maior unidade de conservação privada do Ceará, e outras quatro mil a Sistemas Agroflorestais (SAFs).

As mudas, com raízes de até um metro, representam uma aposta técnica: “Essa metodologia aumenta a taxa de sobrevivência de 30% para 70%, o que é um salto expressivo para regiões semiáridas”, destacou Marília.

O projeto também distribui cisternas de placas, fogões ecoeficientes, biodigestores e canteiros biosépticos, além de incentivar a meliponicultura, atividade que une geração de renda e conservação ambiental. “Essas tecnologias sociais fortalecem a segurança hídrica, alimentar e energética das famílias, especialmente das mulheres que lideram iniciativas locais”, contou.

Mais do que reflorestar, o No Clima da Caatinga aposta em uma abordagem integrada de restauração, unindo ciência, biodiversidade e pessoas. “Nossos esforços de restauração fortalecem não só o bioma, mas também quem vive nele. Pesquisamos, capacitamos e envolvemos comunidades inteiras nesse processo”, explicou Marília.

As ações incluem pesquisa científica, cursos, capacitações e o uso de espécies que servem de abrigo e alimento para a fauna nativa, como forma de equilibrar o ecossistema e gerar oportunidades econômicas. “Cada muda plantada é também um gesto de resistência e esperança no semiárido”, afirmou.

Comunidades protagonistas da mudança

Um dos pilares do projeto é o Modelo Integrado de Conservação da Caatinga, que combina a proteção de áreas naturais com o fortalecimento de comunidades vizinhas. A Associação Caatinga atua diretamente com 40 comunidades rurais e quatro mil famílias nos estados do Ceará e Piauí.

Segundo Marília, o impacto vai além dos números: “A gente trabalha com educação ambiental, saúde, saneamento e renda sustentável. As comunidades são protagonistas desse processo. É sobre garantir direitos básicos — água, alimento, cultura e meio ambiente equilibrado.”

Desde 2011, o No Clima da Caatinga acumula resultados expressivos. Foram 117.760 mudas plantadas, 6.442 hectares preservados, mais de 33 mil pessoas atendidas diretamente, e 1,6 milhão de toneladas de carbono estocado apenas na Serra das Almas.

O projeto também criou seis unidades de conservação, protege 15 espécies ameaçadas de extinção e já foi reconhecido com três prêmios nacionais, além de duas certificações da Fundação Banco do Brasil por suas tecnologias sociais.

“A cada fase, aprendemos com a Caatinga e com as pessoas que nela vivem. Essa nova etapa é a mais ousada: queremos mostrar que o semiárido pode ser um laboratório de soluções sustentáveis para o mundo”, enfatizou a gerente.

Do sertão para o mundo

Com participação ativa em fóruns e políticas ambientais, o projeto reforça o papel estratégico do bioma nas metas climáticas do país. De acordo com dados oficiais da Petrobras, as ações do No Clima da Caatinga estão alinhadas à Década da Restauração de Ecossistemas (2021–2030) e ao Marco Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal, fortalecendo a imagem da Caatinga como símbolo de resistência e inovação ambiental.

“Estamos contribuindo para que o Brasil avance em políticas de conservação e inspire outras regiões do mundo a valorizar seus ecossistemas nativos”, concluiu Marília Nascimento.

Ao final, o número impressiona: mais de 6.400 hectares de Caatinga protegidos e 2.390 toneladas de CO₂ deixaram de ser emitidas por ano, segundo estimativas oficiais. Um dado que resume o impacto institucional e humano de um projeto que planta não só árvores, mas um futuro mais resiliente para o semiárido brasileiro.

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