Jornalismo econômico para a inovação no Nordeste -
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17 de novembro de 2025 14:06

Nordeste acelera cultura de inovação e vira celeiro de startups

Nordeste acelera cultura de inovação e vira celeiro de startups

Preocupado em impulsionar novas startups, o Sebrae nacional criou o programa Startup Nordeste, que tem como foco a aceleração de negócios que ainda estão nos estágios iniciais, como validação
Legenda: Ceará ainda precisa melhorar em componente relacionado à ambiência para desenvolvimento do empreendedorismo e startups
Foto: Shutterstock

O Nordeste vem se consolidando como um verdadeiro polo de Startups. As empresas jovens estão crescendo suas representações na região, tornando-a a terceira maior no número de empreendimentos do tipo no Brasil. Além do ecossistema de startups estar se voltando para o Nordeste, programas como o NEON, ofertado pelo Sebrae, ajudam a entender o aumento dessas empresas na região.

Segundo o mapeamento da Associação Brasileira de Startups de 2024, o Nordeste aparece de forma sólida como a terceira região do País em número de empresas do ramo com 11,5% do total. O Sudeste está em primeiro com 57,6% e a região Sul se mantém em segundo com 21,2%. Centro-Oeste e Norte fecham o ranking com 5,1% e 4,6% respectivamente.

Apesar da distância para as regiões Sudeste e Sul, o Nordeste vem passando por um crescimento acelerado no número de Startups. De acordo com dados do Sebrae Startups Report de 2024, que leva em consideração o número de novas startups que aderem a programas do Sebrae, em menos de 10 anos, a região registrou um aumento de 3,497% no número de empresas. Neste recorte, o Nordeste já ultrapassou a região Sul e representa cerca de 23,5% a 24,7% no número total de startups.

De acordo com dados da Abstartups, o Nordeste mostra uma tendência de alta, registrando crescimento contínuo ao longo dos anos. Entre 2022 e 2024, o número de startups aumentou 51,1%, e os dados indicam um fortalecimento estrutural do ecossistema regional.

Para Fernanda Zambon, analista do time de startups do Sebrae nacional, esse crescimento nordestino se dá porque o mercado está se voltando para a região, mas também ressalta as ações do Sebrae para o aumento do número de empresas no Nordeste. “Dentre outros fatores, os próprios programas do Sebrae ajudam nessa ampliação, pois são programas volumosos. Destaco aqui o Startup Nordeste, desde 2022 o Sebrae nacional e estaduais vêm investindo recursos financeiros e humanos com foco em desenvolvimento de Startups na região Nordeste”, afirma Zambon.

Na mesma linha, Cláudia Schulz, CEO da ABStartups acredita que o crescimento está relacionado a um amadurecimento do ecossistema regional de inovação, sustentado por ações estruturantes, programas permanentes e políticas públicas voltadas ao empreendedorismo tecnológico. Para ela, essa maturação pode ser observada em estados como Bahia, Pernambuco, Ceará e Paraíba, onde há uma combinação estratégica entre ambientes de inovação, presença de hubs, universidades conectadas, eventos de comunidade e redes de mentoria.

“Esses fatores, somados a um custo operacional competitivo e a uma cultura empreendedora em ascensão, explicam o avanço do Nordeste e seu novo protagonismo no cenário nacional”, afirma Schulz.

Presença de Govtehcts

Outro ponto relevante no crescimento de startups no Nordeste é o aumento de empresas Govtechs (startups focadas em soluções para as administrações públicas). De acordo com mapeamento da ABStartups, o Nordeste representa 10,3% das Govtechs brasileiras. Para Cláudia Schulz, o Nordeste tem características únicas que favorecem o surgimento de startups com foco em soluções públicas e sociais. A combinação de desafios estruturais relevantes, proximidade entre empreendedores e gestores públicos e ecossistemas colaborativos faz com que a região seja terreno fértil para inovação aplicada à gestão pública, educação, saúde e inclusão digital.

“Esse dado [10,3% das Govetechs no NE] reforça que a região vem desenvolvendo soluções que unem tecnologia e impacto, respondendo de forma pragmática às demandas sociais e econômicas locais”, pontua Cláudia.

Cláudia Schulz, CEO da ABStartups | Foto: Divulgação

Fase das Startups e maiores segmentos da região

Outra discussão relevante sobre o tema diz respeito à fase de produção das startups no Nordeste. De acordo com o mapeamento de 2024, 29,7% das startups da região estão nesses estágios iniciais, um número considerado bem elevado.

Entre os desafios encontrados na região, podem-se destacar o acesso a capital, especialmente a ausência de fundos regionais e investidores-anjo com foco local; a escalabilidade e acesso a novos mercados, principalmente fora da região; a capacitação de lideranças e times técnicos, ainda concentrada nos grandes centros; e a infraestrutura de apoio contínuo, como programas de aceleração e parcerias corporativas.

Preocupado em impulsionar novas startups, o Sebrae nacional criou o programa Startup Nordeste, que tem como foco a aceleração de negócios que ainda estão nos estágios iniciais, como validação.

“O nosso programa tem por objetivo acelerar esses negócios para que eles mudem a maturidade. É Através de várias atividades, diversas iniciativas, que buscamos que eles aprofundem a formatação do modelo de negócio, coloquem esses produtos e essas soluções no mercado, validem essas soluções e assim convertam em venda e passem a gerar receita”, afirma a equipe de gestão de startups do Sebrae, que reconhece a dificuldade de transformar uma startup em estágios iniciais para uma empresa que seja capaz de gerar renda.

“É um grande desafio, tirar uma ideia do papel para que de fato seja colocada no mercado. Então a gente olha para todo esse cenário e o nosso objetivo também com a Startup Nordeste é que eles tenham acesso ao mercado, fazer com que os negócios tenham de fato acesso ao público alvo, que encontrem potenciais clientes.”, concluem as analistas.

Por fim, uma última questão importante está na distribuição dos segmentos das startups na região. Entre os setores mais predominantes estão: Edtech (Educação), Healthtech e Life Science (Saúde e Bem-estar) e Tech (Desenvolvimento de Software). Outros segmentos também possuem bastante capilaridade em alguns estados, como é o caso da fintech (finanças) em Sergipe e a Agrotech (agronegócio) na Bahia.

Estado % % %
Alagoas (AL) Tech (Desenvolvimento de Software) 18,8% Agtech (Agronegócio) 12,5% Edtech (Educação) 12,5%
Bahia (BA) Edtech (Educação) 11,2% Healthtech e Life Science (Saúde e Bem-estar) 10,1% Fintech (Finanças) 10,1%
Ceará (CE) Edtech (Educação) 11,0% Martech (Marketing) 11,0% Tech (Desenvolvimento de Software) 9,6%
Maranhão (MA) Edtech (Educação) 25,0% Tech (Desenvolvimento de Software) 10,0% Healthtech e Life Science (Saúde e Bem-estar) 10,0%
Paraíba (PB) Edtech (Educação) 20,8% Healthtech e Life Science (Saúde e Bem-estar) 12,5% Proptech (Imobiliário) 12,5%
Pernambuco (PE) Edtech (Educação) 19,6% Healthtech e Life Science (Saúde e Bem-estar) 8,7% Biotech (Biotecnologia) 6,5%
Piauí (PI) Healthtech e Life Science (Saúde e Bem-estar) 16,0% Retailtech (Varejo) 12,0% Socialtech (Impacto Social) 8,0%
Rio Grande do Norte (RN) Tech (Desenvolvimento de Software) 18,2% Healthtech e Life Science (Saúde e Bem-estar) 12,1% Edtech (Educação) 9,1%
Sergipe (SE) Fintech (Finanças) 20,0% Edtech (Educação) 15,0% Healthtech e Life Science (Saúde e Bem-estar) 10,0%

 

Apesar de um longo trabalho pela frente, o Nordeste já se apresenta ao Brasil como uma realidade no crescimento de Startups. A região, que em 2015 registrava apenas 35 empresas do setor, hoje já possui mais de 1.259 e com tendência de forte crescimento.

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