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16 de outubro de 2024 19:15

Nordeste lidera redução da pobreza extrema no Brasil

Nordeste lidera redução da pobreza extrema no Brasil

Com queda de 50,4% no número de brasileiros em extrema pobreza, região Nordeste se destaca pela contribuição significativa na melhoria dos índices nacionais, segundo dados do Ibre/FGV

A pobreza extrema no Brasil registrou uma significativa redução de 50,4% desde 2021, com o Nordeste tendo uma contribuição expressiva para essa queda, segundo dados do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV). Em um cenário que, até recentemente, mostrava níveis alarmantes de vulnerabilidade devido a cortes nos programas sociais, como o Bolsa Família, agora renomeado Auxílio Brasil, o país conseguiu diminuir o número de pessoas vivendo em extrema pobreza de quase 19,201 milhões para menos de 9,529 milhões no último ano.

Nordeste lidera redução da pobreza extrema no Brasil (Foto: Roberta Aline/ MDS)

Análise de dados

O estudo, baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), foi conduzido por quatro economistas do Centro de Estudos para o Desenvolvimento do Nordeste. Eles apontam que, além da extrema pobreza, a pobreza também apresentou uma redução significativa, embora em menor proporção. O número de pessoas em situação de pobreza caiu de 78,384 milhões para 60,406 milhões, representando uma queda de 22,9%.

Contribuição do Nordeste

A análise dos dados mostrou que o Nordeste, que concentra a maior parcela de pessoas em situação de pobreza e extrema pobreza, teve uma contribuição expressiva para essa redução. A região reduziu seu contingente de extremamente pobres de 10,130 milhões para 5,262 milhões, uma queda de 48,1%. No entanto, a região ainda detém os piores índices de pobreza, abrigando 45,6% dos pobres e 55,2% dos extremamente pobres do Brasil.

Políticas específicas

Os pesquisadores destacam a necessidade de políticas específicas para acelerar a redução da pobreza no Nordeste. Eles argumentam que eliminar pisos mínimos para saúde e educação, desindexar o salário mínimo e reduzir pensões e aposentadorias poderia agravar a vulnerabilidade das famílias mais pobres, que mais dependem dos serviços do Estado e de políticas afirmativas de transferência de renda.

Mudanças ao longo do tempo

Entre 2012 e 2023, o percentual de pobres e extremamente pobres saiu de 34,8% e 6,6% para 31,7% e 6,1% respectivamente. As variações, registram os pesquisadores, não foram uniformes, “respondendo ao cenário econômico que, por sua vez, induziu mudanças no nível e na composição da renda das famílias”. No Nordeste, a participação dos extremamente pobres continua elevada, pouco mais de duas vezes maior que a média nacional.

Comparações regionais

Os índices de pobreza no Nordeste, que haviam alcançado níveis recordes em 2021, representando 36,7% do total de brasileiros, baixaram para 31,7% no ano passado. A região continua apresentando os piores indicadores nesta área, concentrando 45,6% do total de pobres e 55,2% das pessoas no extremo da pobreza no Brasil. Em comparação, a extrema pobreza no Nordeste é mais de cinco vezes superior à do Sul, a região com os menores índices de pobreza extrema do país.

Necessidade de atenção diferenciada

Os pesquisadores do Centro de Estudos para o Desenvolvimento do Nordeste afirmam que a região necessita de uma atenção diferenciada devido à alta concentração de brasileiros em extrema pobreza. Eles ressaltam que políticas específicas são essenciais para melhorar o bem-estar da população nordestina e para acelerar a redução da pobreza na região. As transferências de renda mostraram-se cruciais para a diminuição da pobreza, mesmo em tempos de recessão econômica e crises sanitárias graves.

Repensar políticas

Na visão dos economistas, será necessário repensar as políticas de combate à pobreza e à vulnerabilidade social. A eliminação dos pisos mínimos para saúde e educação e a desindexação do salário mínimo são vistas como medidas que poderiam agravar ainda mais a situação das famílias mais pobres. A continuidade e o fortalecimento das políticas de transferência de renda são considerados essenciais para garantir a redução da pobreza e da extrema pobreza no Brasil.

Opinião

Em entrevista ao Investindo por Aí, o economista Renan Laurentino afirmou: “Conforme dados do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, a região Nordeste concentra o maior número de beneficiários e o maior volume de recursos do Bolsa Família. São mais de 20,84 milhões de famílias contempladas, movimentando cerca de 6,41 bilhões de reais na região, com um benefício médio de R$ 682,02. Essas políticas públicas têm o papel de tirar as famílias da vulnerabilidade, dando acesso à alimentação digna e movimentando a economia nordestina como um todo”, opinou o especialista.

Economista aponta que aumento de recursos para programas sociais, diminuiu a pobreza extrema (Foto: Reuters)

Laurentino afirma ainda que a preocupação com a geração de empregos persiste, já que há mais beneficiários de programas sociais do que pessoas trabalhando nos nove estados do Nordeste. “No entanto, acredita-se que isso seja passageiro. Mediante as políticas públicas dos governos estaduais junto ao governo federal, a geração de emprego e renda e a capacitação das pessoas devem aumentar. O sistema S tem um papel fundamental em capacitar as pessoas para o mercado de trabalho, possibilitando que alcancem vagas e patamares mais altos, não ficando exclusivamente dependentes do benefício socia”, continuoul.

O economista reforça que, o papel do benefício social é justamente fazer com que o cidadão saia da vulnerabilidade, do risco alimentar, e tenha dignidade. “Esse é um princípio básico da Constituição, e é gratificante ver que o programa está realmente alcançando seu propósito, trazendo bem-estar para a população, principalmente para a população nordestina”, disse.

Para o especialista, essa prática de governos que pensam no crescimento econômico atrelado ao desenvolvimento social humano é crucial. “De nada adianta ter uma economia forte e pulsante com uma população vivendo na extrema pobreza. Nos anos anteriores, vivemos isso, especialmente durante a pandemia, mas o novo governo vem com a temática de bem-estar social para todos. Um governo com essa consciência parte da humanização, do respeito pela vida e da qualidade de vida dos seus habitantes”, ressalta Laurentino..

Em Alagoas, por exemplo, o economista aponta que os benefícios como o Primeira Infância já somam R$ 35.452.800, atendendo 244.956 crianças de 0 a 6 anos. “Mais de 20 mil famílias alagoanas são beneficiárias, além de outros programas como o Pé de Meia, que auxilia alunos nas escolas, e outros programas municipais e estaduais. Esses esforços contribuem para a elevação do número de pessoas que saíram da extrema pobreza”, concluiu.

 

 

 

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