É inegável que o mercado de pagamentos digitais avançou consideravelmente entre os brasileiros nos últimos anos. De acordo com estudo da consultora britânica Juniper Research, essa tendência também pode ser observada em todo mundo. Segundo dados recentemente coletados pela empresa, o volume de transações financeiras deve passar os US$ 12 trilhões no mundo inteiro até 2027, com um crescimento anual médio de 25%.
Ainda de acordo com uma projeção realizada pela Juniper, o valor global de transações na modalidade pagamentos Business to Business (B2B), ou seja, de empresa para empresa, deve passar dos US$111 trilhões em 2027. Um crescimento de 26% em relação aos US$ 88 trilhões registrados em 2022.
Observando a realidade do Brasil, de acordo com dados da fintech canadense Nuvei, o e-commerce brasileiro também deve atingir números elevados nos próximos anos. Mesmo obtendo crescimento de dois dígitos em tempos recentes, é provável que o e-commerce brasileiro alcance a marca de US$585,6 bilhões em 2027, uma alta de 70% em comparação com 2024.
De acordo com Vitor Nayron, economista e professor de educação financeira, a alta do mercado de pagamentos digitais é um reflexo do comportamento da sociedade. “A economia é uma ciência social, e quando a sociedade vai mudando, a economia também vai alterando, bem como as formas de transações econômicas. Hoje em dia já usamos celulares, tablets e computadores com outras finalidades, e quando integramos essa tecnologia com os meios de pagamento gera uma facilitação, o que faz com que tenha uma maior aderência das pessoas”.
Como o Nordeste se comporta nesse cenário?
Ao observar dados do Banco Central de transações via Pix em 2024, fica evidente que o Nordeste acompanha essa tendência de crescimento nos meios de pagamentos digitais, não só nas capitais como nos interiores dos estados. No último ano, a região nordestina ostentou média de 26% das transações via Pix realizadas no país, atrás apenas do Sudeste, que registrou 42% das transferências no país.
Segundo Nayron, assim como no restante do Brasil, essa alta pode ser explicada por meio da democratização no acesso a internet, ascensão de celulares e smartphones e por meio da facilitação aos meios de pagamentos online. Vitor ainda evidencia que há lugares em que evidentemente esses acessos não são tão simplificados, e por isso pode eventualmente haver uma dificuldade maior do uso de pagamentos digitais. “Quando falamos a nível Brasil, claro que questões relacionadas à desigualdade existem, e claro que haverão regiões ou grupos sociais com uma utilização de pagamentos por meios digitais menor. Contudo, ao observar os dados de pagamentos via Pix, mesmo sendo menos populosa que o Sudeste, por exemplo, o Nordeste aparece com a segunda região do país nesse meio de pagamento, o que mostra que o Nordeste não está à margem, mas sim acompanhando essa tendência de alta dos mercados de pagamentos”.
Meios de pagamentos
Em relação aos principais meios de pagamentos digitais dos brasileiros, de acordo com dados da Nuvei, a estimativa é que o Pix seja o escolhido de 50% dos consumidores em 2027. No último ano de 2024 esse número foi de 40%. Por outro lado, os cartões de crédito nacionais podem perder ainda mais espaço nos próximos períodos. Em 2024 os cartões representaram 34% dos pagamentos de compras online, a tendência é que esse número caia para 27% em 2027.
Algo em comum a essas diversas formas de pagamentos estão relacionadas a evolução dos aplicativos financeiros, que estão agregando serviços como crédito, gestão financeira, investimentos e programas de fidelidades, por exemplo. Para Vitor, o crescimento no volume nesses diversos “apps” pode ser benéfico para o consumidor. Isso porque do ponto de vista do mercado, com várias empresas disputando a atenção das pessoas, as empresas vão, teoricamente, precisar investir em eficiência e oferecer os melhores benefícios e serviços para atrair o consumidor”.
Apesar do crescimento evidente dos meios digitais, os bancos e instituições financeiras ditas tradicionais ainda possuem seu espaço. Mesmo hoje, os bancos digitais, em geral, não possuem a mesma capacidade de crédito que uma instituição tradicional possui, seja para financiamento, créditos para agricultura ou empreendimentos imobiliários, por exemplo.
Por fim, ao pensar no impacto desses meios de pagamentos é preciso entender o recorte econômico de cada local. Contudo, tanto na região Nordeste como em outras localidades do Brasil, é evidente que a expansão dos meios de pagamentos digitais geram um fomento na economia. Hoje, para o pequeno empreendedor, por exemplo, é mais simples de se ter um cadastro de pessoa jurídica, com taxas de créditos melhores, bem como o acesso a máquinas de cartões é mais facilitado graças ao avanço desses pagamentos.