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17 de novembro de 2025 13:28

Nordeste une forças na COP30 para viabilizar condição de protagonista da agenda climática global

Nordeste une forças na COP30 para viabilizar condição de protagonista da agenda climática global

“Não vamos aceitar ser apenas exportadores de commodities. Queremos agregar valor à nossa economia verde”, observa a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra
O governador do Piauí Raafel Fonteles durante apresentação na COP30 | Foto: Divulgação/Consórcio Nordeste

Os estados do Nordeste brasileiro chegaram à COP30, em Belém, com uma mensagem clara. A região quer liderar a transição ecológica do país e transformar seu potencial natural e humano em vetor de desenvolvimento sustentável. Governos estaduais, instituições financeiras e o Consórcio Nordeste articularam uma série de ações e acordos que colocam o Nordeste no centro da pauta climática internacional, com foco em justiça social, inovação e preservação ambiental.

A presença dos governadores na abertura oficial da conferência, ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, simbolizou o peso político e técnico da região. O grupo firmou um memorando de entendimento com a Coalizão Under2, rede global de governos subnacionais comprometidos com o net-zero, reforçando o compromisso com a neutralidade de carbono. O acordo prevê capacitação técnica, cooperação estratégica e facilitação de acesso a financiamentos climáticos. “Queremos garantir que as populações que ajudam a proteger o meio ambiente tenham dignidade e renda”, destacou o presidente do Consórcio Nordeste e governador do Piauí, Rafael Fonteles.

Na COP30, o Consórcio Nordeste lançou oficialmente o Plano Brasil Nordeste de Transformação Ecológica (PTE-NE), instrumento estratégico que articula políticas públicas, ciência e economia verde. A iniciativa foi apresentada tanto na Zona Azul (Blue Zone) quanto na Zona Verde (Green Zone), reforçando o compromisso da região com uma transição energética justa, baseada no aproveitamento sustentável do sol, do vento e da biodiversidade da Caatinga.

O PTE-NE adapta os seis eixos do Plano Nacional de Transformação Ecológica à realidade regional e propõe 47 projetos e 324 ações prioritárias. Entre as metas, estão triplicar a capacidade instalada de energia solar e eólica até 2030, estimular a neoindustrialização verde, investir na bioeconomia da Caatinga, garantir segurança hídrica, ampliar a economia circular e valorizar a economia do mar e criativa.

“Elaborado com ampla participação social, o plano representa um novo ciclo de prosperidade compartilhada, com inovação, inclusão e sustentabilidade”, afirmou Fonteles. A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, reforçou que “o Nordeste não é problema, é solução”, destacando o papel da região na produção de energia limpa e na descarbonização do planeta. Já a pernambucana Raquel Lyra foi enfática: “Não vamos aceitar ser apenas exportadores de commodities. Queremos agregar valor à nossa economia verde”.

Financiamento verde e cooperação internacional

As ações do Nordeste na COP30 também ganharam reforço financeiro. O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) e a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) anunciaram um novo programa de cooperação no valor de 300 milhões de euros para projetos sustentáveis nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Deste total, R$ 120 milhões serão destinados ao Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE), ampliando a capacidade do Banco do Nordeste (BNB) de financiar iniciativas de energia renovável, saneamento, infraestrutura urbana e agricultura resiliente.

O diretor de Planejamento do BNB, Aldemir Freire, ressaltou que o aporte chega em um momento crucial. “O Nordeste se consolida como polo central da matriz energética nacional”. O ministro Waldez Góes reforçou que a ação está alinhada à Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR) e à Declaração de Belém, reafirmando o papel dos fundos regionais na transição justa.

O presidente do BNDES, Aloísio Mercadante, Carlos Eduardo Gabas (secretário executivo do Consórcio Nordeste) e diretor de Planejamento do BNB, Aldemir Freire | foto: Fernando Cavalcante

A força dos bancos públicos e da Caatinga

O protagonismo nordestino também foi reforçado pela parceria entre o BNDES e o Banco do Nordeste, que juntos anunciaram R$ 100 milhões para projetos de preservação e recuperação da Caatinga. O investimento integra o PTE-NE e busca proteger o único bioma exclusivamente brasileiro, essencial para o equilíbrio climático do país.

“A decisão do BNDES de aportar mais R$ 50 milhões reforça a importância estratégica da Caatinga e demonstra a sinergia entre os bancos públicos”, afirmou Aldemir Freire. O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, destacou que o compromisso vai além da restauração ambiental: “Queremos fortalecer as cadeias produtivas locais, gerando emprego, renda e preservação ambiental”.

Com protagonismo político, planejamento técnico e alianças internacionais, o Nordeste se consolida na COP30 como laboratório de políticas climáticas e modelo de cooperação federativa. A união dos nove estados, sob a coordenação do Consórcio Nordeste, mostra que a transformação ecológica pode ser um vetor de justiça social e desenvolvimento regional.

“O coração da transformação ecológica está no Nordeste”, sintetizou Fátima Bezerra. A afirmação ecoa o espírito da comitiva nordestina em Belém; o de uma região que transforma desafios históricos em oportunidades de futuro e que, agora, se apresenta ao mundo não como periferia climática, mas como protagonista da sustentabilidade global.

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