
O governador do Piauí, Rafael Fonteles, anunciou na última sexta-feira (30), durante sua agenda nos Emirados Árabes Unidos, o início das obras da primeira usina de hidrogênio verde do estado, localizada na Zona de Processamento de Exportação (ZPE) de Parnaíba. A revelação foi feita em Dubai, diante de representantes e investidores árabes.
Segundo Fonteles, as máquinas já estão em operação na limpeza do terreno, primeira etapa do projeto liderado pela empresa Solatio. A fase inicial deve durar entre seis e sete meses. “É um grande projeto de transição energética, que impacta o mundo pela grandiosidade e pela descarbonização que ele vai proporcionar para o meio ambiente. E a ZPE de Parnaíba, o Piauí, o Nordeste, o Brasil sendo protagonistas desse projeto, gerando trabalho, emprego e renda para o nosso povo”, afirmou o governador.
A iniciativa tem o objetivo de posicionar o Piauí como um polo estratégico de energia limpa no cenário internacional. O presidente da Solatio, Pedro Vaquer, também presente ao evento, destacou a relevância do empreendimento. “Hoje temos um momento simbólico para mostrar as obras começando, com a limpeza do terreno lá dentro da ZPE de Parnaíba. É um momento histórico, porque o que começou como sonho, há dois anos, agora se torna realidade”, celebrou.
Os investidores dos Emirados Árabes demonstraram entusiasmo com o potencial do projeto. “Fiquei muito feliz e estou ansioso para visitar a instalação para avançarmos, porque vi ali um grande potencial e tenho clientes que querem investir nesse projeto”, declarou H.E. Mohammad Khalifa Al Qamzi.
Etapas da implantação
A primeira etapa compreende a limpeza de uma área de 154 hectares para implantação da usina, que produzirá hidrogênio verde e amônia. O trabalho segue normas ambientais e é acompanhado por uma equipe multidisciplinar, incluindo engenheiros civis, agrônomos, biólogos e um médico veterinário, com o objetivo de preservar a fauna e a flora locais.
Pablo Aguiar, engenheiro responsável pela supressão vegetal da área, detalhou algumas das medidas adotadas. “Dentre as ações utilizadas, estão o uso de sons para afugentar animais, paralisação imediata em caso de identificação de ninhos ou tocas ativas, preservação total de espécies ameaçadas (como aroeira e amburana), registro de todos os animais resgatados, coleta de mudas e preparo de viveiros para o remanejo adequado da flora, além do isolamento da área para proteger a população de qualquer tipo de acidente”, explicou.
Produção e impacto
A usina terá capacidade para gerar 3 GW de energia por ano e deve gerar aproximadamente 3 mil empregos diretos e indiretos. A produção será voltada majoritariamente para exportação, com foco nos mercados da Europa e da Ásia, que estão em crescente demanda por combustíveis sustentáveis.
O projeto integra a Missão 5 do programa Nova Indústria Brasil (NIB), que tem como foco a bioeconomia, a descarbonização e a segurança energética. A autorização para a instalação na ZPE foi concedida em março deste ano pelo vice-presidente e ministro da Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin. A empresa também já possui licença prévia da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh).
Energia limpa em expansão
Considerado um vetor-chave na transição energética global, o hidrogênio verde é produzido sem emissões de carbono, a partir de fontes renováveis. Pode ser armazenado e transportado em diferentes formas, como gás comprimido, líquido, amônia ou metano sintético, o que o torna uma das alternativas mais promissoras para o enfrentamento das mudanças climáticas.
O início das obras representa um marco para o Piauí e para o Brasil na corrida global por soluções energéticas sustentáveis.