Jornalismo econômico para a inovação no Nordeste -
Jornalismo econômico para a inovação no Nordeste -
17 de novembro de 2025 19:02

Platina, ouro e um novo ciclo para o interior do Ceará

Platina, ouro e um novo ciclo para o interior do Ceará

Investimento canadense sinaliza transformação econômica no sertão cearense; secretária vê potencial para geração de empregos e arrecadação tributária
Foto: Reprodução Brascan Gold Inc

A mineração no Ceará pode estar prestes a entrar em uma nova fase, impulsionada por investimentos internacionais e pela promessa de transformar regiões historicamente esquecidas em polos de desenvolvimento. Com a aquisição anunciada pela canadense ValOre Metals de 100% das ações da também canadense South Atlantic Gold, o sertão cearense — mais especificamente os municípios de Pedra Branca, Mombaça e Tauá — entrou no radar do setor mineral global como potencial distrito de metais preciosos.

Segundo a ValOre, o objetivo da operação é ambicioso: criar um distrito mineral com cerca de 100 mil hectares voltado à exploração de ouro, platina, paládio e outros metais do grupo da platina (PGMs). Embora ambos os projetos ainda estejam em fase de pesquisa e sem produção efetiva, o investimento já movimenta expectativas e mobiliza o governo estadual.

A secretária executiva de Mineração da Secretaria do Desenvolvimento Econômico (SDE) do Ceará, Brígida Miola, contou ao Investindo Por Aí que os empreendimentos representam uma oportunidade estratégica para o estado. “Nos últimos cinco anos, foram investidos aproximadamente R$ 40 milhões em atividades de pesquisa mineral na região, incluindo sondagens geológicas, amostragem de solo e rochas, análises laboratoriais, levantamentos geofísicos e estudos metalúrgicos — estes últimos ainda em andamento”, detalhou.

Além do Projeto Pedra Branca Paládio e Platina, conduzido pela ValOre, o estado também acompanha de perto o desdobramento da compra do Projeto Pedra Branca Ouro, atualmente sob a South Atlantic Gold. Caso a aquisição seja concluída com a aprovação dos acionistas, a ValOre pretende utilizar sua infraestrutura existente para acelerar os estudos e a avaliação do potencial aurífero da região. A empresa ainda reforça que tudo está sendo feito em conformidade com a legislação ambiental brasileira e em diálogo constante com comunidades locais e órgãos reguladores.

A Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece) informou ao portal que acompanha os avanços com otimismo. Embora os projetos estejam em estágios iniciais — sem previsão de operação ou exploração efetiva —, a avaliação do Governo do Ceará é que o investimento pode abrir portas para novos empreendimentos no setor e fomentar uma cadeia produtiva mineral no estado. A expectativa é que, futuramente, os projetos contribuam para geração de empregos qualificados e aumento da arrecadação tributária nos municípios envolvidos.

Segundo dados da própria Adece, o setor de mineração no Ceará ainda é considerado incipiente quando comparado a estados como Minas Gerais ou Pará. No entanto, iniciativas como esta colocam o estado em nova rota de prospecção, especialmente em relação aos metais estratégicos para a transição energética, como o paládio e a platina, usados em tecnologias limpas e em catalisadores automotivos.

Para analistas do setor, o interesse estrangeiro na região também se explica pela estabilidade jurídica e pelo potencial geológico ainda pouco explorado do interior cearense. “O Ceará tem áreas com geologia promissora e, ao mesmo tempo, um histórico de pouca atividade mineral de grande escala. Isso representa um risco, mas também uma grande oportunidade para empresas dispostas a investir em pesquisa de longo prazo”, avalia um consultor do setor mineral.

Apesar das boas perspectivas, especialistas apontam que os desafios ambientais e sociais não podem ser negligenciados. Antes que qualquer mina seja aberta, é preciso passar por um ciclo rigoroso de estudos de viabilidade econômica e ambiental. Isso inclui o licenciamento junto aos órgãos ambientais, a escuta das comunidades locais e a análise dos impactos sobre o ecossistema regional — especialmente em regiões semiáridas como o sertão cearense.

A aposta da ValOre, segundo a própria empresa, é no desenvolvimento sustentável. Os trabalhos de pesquisa estão sendo conduzidos com foco na viabilidade técnica e operacional de longo prazo, o que pode resultar, no futuro, em uma exploração mineral moderna e com menor impacto ambiental.

Enquanto isso, os olhos de investidores e gestores públicos seguem voltados para o solo cearense, onde a promessa de uma nova era mineral começa a ser desenhada com o brilho de metais raros e a esperança de desenvolvimento econômico regional.

👆

Assine a newsletter
do Investindo por aí!

 

Gostou desse artigo? compartilhe!

Últimas

metrô de Recife
Ceará
Black Friday
expo favela
Governo - MA
Mineração
Consórcio nordeste
comércio e serviços
Sebrae bahia
Estradas piiauí

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

div#pf-content img.pf-large-image.pf-primary-img.flex-width.pf-size-full.mediumImage{ display:none !important; }