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16 de outubro de 2024 19:00

Pneus são transformados em combustível para a indústria em Alagoas

Pneus são transformados em combustível para a indústria em Alagoas

Material que gera problemas ambientais e para a saúde pública tem valor para empresas e para o meio ambiente ao ser transformado em energia

Transformar pneus usados em combustível para a indústria é uma prática que apresenta diversos benefícios ambientais e econômicos. Ambientalistas afirmam que essa abordagem contribui significativamente para a redução da poluição e a preservação de recursos naturais não renováveis, além de diminuir as emissões de gases de efeito estufa.

Pneus usados são transformados em combustível (Foto: Cortesia)

O descarte inadequado de pneus é um problema grave, pois eles podem se tornar focos de doenças e riscos de incêndio. A reutilização de pneus como combustível não só evita esses problemas, mas também contribui para a redução das emissões de gases de efeito estufa e a preservação de recursos naturais.

Em Alagoas, uma iniciativa inovadora está transformando pneus usados em combustível para a indústria, abordando problemas ambientais e de saúde pública de maneira eficiente. A técnica, que pode ser realizada gratuitamente pela população, empresas e governos, está ganhando destaque pela sua contribuição à sustentabilidade.

Como acontece a técnica de pirólise e seus benefícios?

Pneus descartados de forma irregular prejudicam o meio ambiente e a saúde pública (Foto: Cortesia)

A transformação de pneus em combustível se dá através da pirólise, um processo que decompõe os pneus sem a presença de oxigênio, gerando óleo, gás metano e cinzas carbônicas. Esses subprodutos têm alto valor energético e podem substituir combustíveis fósseis tradicionais, promovendo uma economia circular.

A empresa Alagoas Ambiental, localizada na cidade de Pilar, na Região Metropolitana de Maceió, processa até 3.000 pneus por dia, equivalente a 20 toneladas. Marnes Gomes, diretor operacional, explicou ao portal Investindo por Aí que os pneus são inicialmente armazenados, depois cortados para retirar a capa e o arame de aço, que é reciclado. O restante é triturado em pequenos pedaços, chamados ‘chips’, usados como combustível em indústrias como as cimenteiras.

Marnes Gomes (Foto: Cortesia)

“Todos os pneus ficam armazenados numa área coberta, até iniciarmos o processo de beneficiamento. Primeiro, eles são cortados num equipamento utilizado para retirar a capa. Isso possibilita a retirada do arame de aço, que é separado e reciclado. Depois o pneu é cortado em pedaços menores e segue para a esteira e segue para o triturado, onde é transformado em pequenos pedaços, chamados ‘chips’. Eles são utilizados como combustível em indústrias, como as cimenteiras e substituem o uso de combustíveis fósseis, com um custo bem menor”, detalha.

Uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (416/2019) permite a utilização de pneus inservíveis como combustível em processos industriais, seguindo as normas técnicas em vigor e atende a Política Nacional de Resíduos Sólidos, para a reutilização com aproveitamento energético do resíduo. Marnes conta que a empresa está buscando parcerias para o recolhimento e recebimento gratuito de pneus, envolvendo tanto o setor privado quanto o público.

“Armazenar pneus é um desafio até para os grandes aterros, por causa do volume. Como conseguimos dar a destinação adequada, queremos também dar uma contrapartida social. Se uma prefeitura tem os pneus, pode mandar de graça para a nossa unidade de tratamento que recebemos sem custo nenhum. Empresas que lidam com pneus, como revendedoras e oficinas mecânicas podem encaminhar, também. Se um borracheiro, por exemplo, não tem essa condição de enviar, podemos agendar o recolhimento. Nossa meta é contribuir para a redução total do descarte irregular desse resíduo”, conclui o diretor.

Toneladas de pneus são descartadas de forma irregular no Brasil

Só no ano passado foram comercializados quase 52 milhões de pneus no Brasil, segundo a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip). Infelizmente, aproximadamente 450 mil toneladas de pneus, o equivalente a 90 milhões de unidades, são descartadas de forma irregular todos os anos no país. Esses materiais, feitos de borracha e produtos químicos derivados de petróleo, demoram cerca de 600 anos para se decompor. O descarte irregular pode contaminar o solo, a água e o ar, além de trazer problemas de saúde pública.

Esforços para a sustentabilidade

A iniciativa de transformar pneus em combustível em Alagoas reforça o compromisso com a sustentabilidade. O objetivo é reduzir o descarte irregular de pneus e promover uma gestão eficiente dos resíduos sólidos, contribuindo para a proteção do meio ambiente.

Transformar pneus usados em combustível é uma solução que alia desenvolvimento econômico e preservação ambiental, com Alagoas se posicionando na vanguarda dessa prática sustentável.

Consultor ambiental reforça importância da reutilização de pneus

Em entrevista ao IPA, o consultor ambiental Alder Flores destacou a importância de transformar pneus em combustível. Flores explicou que, quando queimados, os pneus produzem a mesma quantidade de energia que o petróleo, cerca de 30 a 50% mais energia que o carvão e entre 100 a 200% mais energia que a madeira, de acordo com estudos realizados pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos. “Os pneus sucateados são utilizados como combustível para suplementar o carvão e a madeira em alguns países do mundo”, afirmou.

O consultor ambiental Alder Flores reforça a importância de transformar pneus em combustível (Foto: Cortesia)

No entanto, ele alertou que os pneus representam um grande problema para o meio ambiente e para a saúde humana. “Eles servem de reservatório para insetos que provocam doenças, como a dengue, e às vezes causam enchentes. Uma das soluções encontradas, que reduz o risco ambiental e proporciona a reutilização deste resíduo, é a utilização através da queima com processamento adequado, sem risco se realizada dentro das técnicas de controle e proteção ambiental”, explicou Flores.

Além do uso como combustível, os pneus também têm outras aplicações, como na pavimentação asfáltica e na recuperação da borracha e outros componentes. Entretanto, a queima representa uma alternativa apropriada devido à alta capacidade de consumo e menor liberação de poluentes não oxidados.

Flores destacou o método de pirólise como o principal processo para o reaproveitamento dos pneus. “A pirólise é um processo de degradação térmica na ausência de oxigênio, permitindo a extração de óleo e gás para uso como combustível em processos industriais. O óleo é obtido após a condensação e decantação e é muito usado na indústria química como substituto do petróleo. O gás combustível é consumido dentro da própria indústria, aquecendo a caldeira onde ocorre o processo da pirólise, gerando mais gás que mantém o sistema funcionando”, detalhou.

Ele mencionou a existência de diversas tecnologias de reatores de pirólise em operação para a extração de subprodutos dos resíduos. “A borracha do pneu tem inúmeras aplicabilidades, como em tapetes de automóveis, solas de sapatos, encanamento de córregos e drenagem de gases em aterros sanitários”, disse.

A pirólise, segundo Flores, não requer grandes áreas para os equipamentos, suas plantas não emitem poluentes atmosféricos, efluentes líquidos ou resíduos sólidos nocivos, e demanda apenas água de uso industrial recirculada para os resfriadores e trocadores de calor. “Os pneus podem ser altamente reaproveitados como combustível alternativo no Brasil, evitando a contaminação e poluição ambiental”, concluiu.

Para facilitar o entendimento do público, Flores explicou que “a pirólise é um processo de tratamento térmico sem oxigênio que permite a decomposição da borracha do pneu, transformando-a em energia e matéria-prima reutilizável, tanto em formas sólidas, líquidas quanto gasosas. É uma das formas mais utilizadas para o reaproveitamento de pneus, transformando-os em combustível alternativo”, concluiu o consultor ambiental.

Pneus são triturados, formando “chips” que serão transformados em combustível (Foto: Cortesia)

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