
O Governo Federal na figura do Ministério dos Transportes está preparando um projeto de concessão com um objetivo ousado e transformador: ligar os extremos leste e oeste do Brasil. Essa nova linha pretende ir de Ilhéus, na Bahia, até Lucas do Rio Verde, no interior do Mato Grosso.
Concedendo até 2400 quilômetros de ferrovia para a iniciativa privada, o projeto do novo corredor logístico unirá dois projetos que já estão em andamento: a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL) e a Ferrovia do Centro-Oeste (FICO). “Este corredor estruturante se conecta à Ferrovia Norte-Sul, criando uma rota estratégica que integra as regiões produtoras do Centro-Oeste e do Oeste brasileiro aos principais portos internacionais, com mais eficiência e competitividade”, explica Hélio Fernandes, Gerente de Projetos do Ministério dos Transportes. “O projeto é fundamental para impulsionar a sustentabilidade do transporte brasileiro. Além de diminuir as emissões de CO2, o empreendimento promove o desenvolvimento regional, gerando empregos e melhorando a infraestrutura do país”, conclui.
Essencial para oferecer um melhor escoamento de minério de ferro e grãos para os portos do país, o projeto do corredor logístico leste-oeste já está com estudos de viabilidade prontos e já está com audiência pública aberta pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). “Estão previstos, no total, 840 km de ferrovia para construção pelo futuro concessionário, sendo que os trechos FICO 1 e FIOL 2 já serão entregues executados”, diz Hélio Fernandes.
O trecho da FICO 1, que teve suas obras iniciadas em 2021, sai de Mara Rosa, em Goiás, onde existe uma conexão com a Ferrovia Norte-Sul, e vai até Água Boa, no leste do Mato Grosso. O traçado da FICO 2 irá de Água Boa até Lucas do Rio Verde, ponto final do futuro corredor logístico Leste-Oeste. Atualmente já concedido em leilão para a empresa de mineração Banin, o trecho 1 da FIOL tem um traçado que vai de Ilhéus a Caetité, com o objetivo de escoar minério de ferro extraído no sertão baiano até o Porto de Ilhéus. Já o trecho 2 da FIOL, em construção desde 2011 e com obras avançadas, liga Caetité, no alto sertão baiano, com Barreiras, no extremo oeste da Bahia. Um terceiro trecho da FIOL, já em fase de revisão de projeto e com liberação do Ibama, conectaria Barreiras a Figueirópolis, no Tocantins. Porém, nesse modelo seria necessária uma passagem pela Ferrovia Norte-Sul até Mara Rosa, por isso, para evitar a passagem pelo outro corredor logístico, um novo traçado está sendo avaliado para levar esse trecho direto até Mara Rosa.
Segundo Hélio Fernandes, o investimento total do projeto será de aproximadamente R$ 29 bilhões, sendo quase R$ 13 bilhões destinados só para a construção do trecho FIOL 3. “A operação da FICO 1 e FIOL 1 e 2 iniciarão até o 5º ano de contrato. Já o corredor completo, após execução da FIOL 3, é previsto para se iniciar após o 10º ano de contrato”, diz o Gerente de Projetos.
Recentemente, o Ministério dos Transportes esteve presente em um Road Show para rodadas de negócios envolvendo a implementação do novo corredor logístico. “As conversas com investidores trouxeram elementos importantes para revisões do projeto, tais como sugestões de mecanismos de compartilhamento de riscos, bancabilidade do projeto e aprofundamento do número de CAPEX”, conta Fernandes.
Além disso, no último dia 16, uma comitiva de engenheiros do governo chinês visitou as obras do trecho de Ilhéus da FIOL para avaliar a possibilidade de um corredor logístico ainda maior: agora conectando Ilhéus até o porto peruano de Chancay, no extremo oeste do continente. Esse projeto pretende estender o corredor leste-oeste permitindo uma conexão entre os oceanos Atlântico e Pacífico, permitindo assim uma maior conectividade logística entre o Brasil e o extremo oriente.
Esse novo projeto pretende construir novos trechos saindo de Lucas do Rio Verde, ponto final da FICO, e passando por Rondônia e pelo Acre até entrar no território peruano. Essa conexão bioceânica permitiria que produtos brasileiros com destino à Ásia cheguem até 10 dias mais rápido do que o possível atualmente.