A reativação da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen) de Sergipe deu um passo decisivo. Na sexta-feira (12), a Petrobras e a Engeman, vencedora do processo licitatório, assinaram o contrato que define o planejamento operacional da unidade. O acordo contou com o apoio do governador Fábio Mitidieri, da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia (Sedetec) e da equipe de governo.
Arrendada à iniciativa privada desde 2020, a Fafen Sergipe teve as operações suspensas em março de 2024, quando a Unigel, então operadora, alegou inviabilidade econômica. Com o fim do contrato e a nova licitação, a Engeman assumirá a operação como prestadora de serviços, enquanto a Petrobras ficará responsável pelas atividades comerciais.
O contrato também inclui a unidade da Bahia e terá duração de cinco anos. Juntas, as duas fábricas devem gerar cerca de 800 empregos diretos e indiretos. A expectativa é que a retomada fortaleça a cadeia produtiva de fertilizantes em Sergipe e reduza a dependência externa do setor.
O secretário da Sedetec, Valmor Barbosa, ressaltou a importância estratégica da unidade. “Já iniciamos diálogo com a empresa vencedora do processo licitatório e estamos à disposição para apoiar a mobilização necessária ao início das operações, incluindo intermediação para a renovação de licenças ambientais, contratos de suprimento de água, movimentação de gás natural e incentivos do Programa Sergipano de Desenvolvimento Industrial (PSDI)”, destacou.
Histórico de paralisações e retomadas
Implantada pela Petrobras em 1980, a Fafen Sergipe foi um marco para o desenvolvimento industrial do estado, produzindo ureia, amônia e sulfato de amônio. Sua instalação impulsionou melhorias em infraestrutura de energia, transporte, telefonia e abastecimento de água, como a adutora do Rio São Francisco.
Apesar de sua relevância, a fábrica enfrentou dificuldades recorrentes, sobretudo pela instabilidade no fornecimento de gás natural. Em 2018, foi hibernada dentro da política de desinvestimentos da Petrobras. Após negociações, foi arrendada ao grupo Unigel em 2019, com retomada em 2021 após investimentos superiores a R$ 300 milhões.
Mesmo com incentivos fiscais e apoio do governo estadual, a operação voltou a sofrer com o alto custo do gás natural em 2023, resultando em duas paralisações. Em março de 2024, a Unigel suspendeu novamente as atividades, alegando inviabilidade.
Diante do impasse, a Petrobras lançou licitação para contratar nova prestadora de serviços. O processo foi concluído em julho de 2025 com a participação de seis empresas. A Engeman venceu ao apresentar proposta de cerca de R$ 976 milhões para operação e manutenção das unidades de amônia e ureia granulada em Sergipe.
Fundada há mais de 40 anos, a Engeman é especializada em serviços industriais, com foco em manutenção e gestão. A empresa atua no Brasil e no exterior, sendo reconhecida pela execução de contratos de alta complexidade e estabilidade no setor.