O presidente do Sistema FIERN, Roberto Serquiz, apresentou à governadora Fátima Bezerra uma agenda de oportunidades econômicas para o Rio Grande do Norte. A reunião, realizada na Governadoria, abordou o uso de recursos do Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag) para educação profissionalizante, o avanço do projeto piloto de energia offshore do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e o reaproveitamento de plataformas oceânicas desativadas.
Educação profissional com recursos do Propag
Um dos principais pontos discutidos foi a destinação do Propag — iniciativa do governo federal que permite a reestruturação das dívidas estaduais — para financiar a capacitação técnica. Serquiz defende que os recursos do Propag poderiam reforçar o trabalho já desenvolvido pelo SENAI na formação de mão de obra para a indústria.
“É uma dívida que a União tem com o Estado e que nós solicitamos à governadora para que fração disso seja investido no SENAI pela expertise que nós temos e pela identificação de onde melhor, estrategicamente, ele vai ser aplicado. É favorecer a qualificação de mão de obra, que será muito importante quando encerrar a transição da reforma tributária, como diferencial para atração de investimentos”, afirma.
Segundo o presidente, aplicar estrategicamente significa direcionar os recursos para áreas com maior potencial de desenvolvimento, de modo a preparar trabalhadores com esse foco. Ele cita como exemplo o projeto voltado à indústria de transformação de confecção no Seridó, região que concentra grande parte das oficinas de costura. Nesse caso, o investimento não se limita à melhoria da qualificação tradicional, mas também busca desenvolver novas competências e até estimular a criação de marcas próprias. “Então, isso é um exemplo de expertise e de identificação de uma situação estratégica para aquela região, que tem uma grande vocação para a confecção, o bordado e a bonelaria”, garante.
O mesmo vale para a indústria de alimentos do estado, que é muito criativa, com queijeiras, fabricação de bolachas, bebidas e polpas de frutas. Serquiz destaca a importância de apoio técnico e qualificação para fortalecer a inovação e o empreendedorismo. “Não somente a cultura empreendedora, como também a de inovação. O SENAI tem expertise e esse recurso do Propag, uma vez chegando lá, a gente tem a segurança de que o que está dando certo será ampliado”, considera.
Energia offshore e inovação estrutural
O Rio Grande do Norte, líder nacional em energia eólica, busca consolidar sua posição estratégica ao articular projetos estruturantes que integrem educação profissional e inovação energética. Nesse contexto, o projeto piloto do SENAI-RN, previsto para 2027, envolve energia offshore e demanda acompanhamento para garantir agilidade no licenciamento federal.
“Será um gol para o Rio Grande do Norte”, destaca Serquiz, em relação ao projeto piloto da energia offshore. Ele explica que as torres a serem implantadas no litoral norte potiguar são o ponto de partida do Brasil para o offshore.
O SENAI e o Sistema FIERN estão bastante empenhados na construção do projeto e, por isso, mantiveram conversas com a governadora. Ele reforça que a partir dessa iniciativa toda uma cadeia de apoio à energia offshore será desenvolvida, mas que é necessário dar o ponto de partida.
“O começo tem que acontecer. E o início é exatamente com a instalação dessas duas torres eólicas, que vão gerar energia para abastecer o Porto Ilha, permitindo também um excedente para atender a outras indústrias. É uma nova cadeia que começará a se desenvolver”, aponta Serquiz.
Para o presidente, o projeto é muito importante como início de todo esse processo para o Brasil, contribuindo ainda para a descarbonização e para o cumprimento das metas ambientais definidas em cada COP.
Outra proposta apresentada é o reaproveitamento de estruturas oceânicas desativadas, iniciativa que pode gerar oportunidades de investimento privado e federal, além de estimular a sustentabilidade na indústria local.
Ele ressalta que, no Rio Grande do Norte, já existem indústrias atuando no descomissionamento dos parques eólicos. Os primeiros parques instalados em 2005 estão sendo desmontados para atualização tecnológica, e a indústria de descomissionamento trabalha na destinação adequada, realizando a reciclagem dos materiais das torres que não estão mais em uso.
“Temos aqui o potencial para esta cadeia tanto pelo tempo que já estamos operando com a energia onshore quanto pelo imenso potencial que começará a ser explorado com a produção offshore”, conclui Serquiz.
Impacto econômico esperado
A agenda da FIERN visa atrair novos investimentos e fortalecer a formação de mão de obra qualificada. O uso do Propag para educação técnica, aliado ao desenvolvimento de energia offshore e à inovação na indústria, tem potencial de gerar empregos, agilizar projetos estratégicos e consolidar o RN como polo de tecnologia e energia no país.
Em declaração oficial, a governadora Fátima Bezerra recebeu as sugestões de forma positiva. “Essas pautas são inovações que contribuem para manter o RN na vanguarda das energias renováveis. Elas posicionam o Rio Grande do Norte de forma estratégica para capturar um volume expressivo de recursos federais a serem investidos de forma consequente e sustentável em educação e infraestrutura, com um retorno projetado altamente positivo para o Estado”.
Procurada pela equipe do Investindo Por Aí, a Assessoria de Comunicação Social (Assecom) do Governo do Rio Grande do Norte informou que o Propag ainda está muito incipiente. A equipe já realizou reuniões com a Secretaria de Educação e demonstra total interesse nos recursos, mas ainda existem questões a serem analisadas antes da adesão.