A expansão da rede hospitalar no interior do Ceará avança com a construção de três novos hospitais regionais, conforme anunciado pela secretária da Saúde do Ceará, Tânia Coelho. As unidades devem fortalecer o atendimento de alta complexidade e beneficiar milhares de moradores de regiões distantes da capital.
Com a inauguração do Hospital Universitário do Ceará (HUC), a rede da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) soma 14 hospitais, sendo dez em Fortaleza e quatro no interior. No entanto, a gestão estadual segue expandindo o acesso a serviços especializados com a implantação de mais três unidades: o Hospital Regional dos Sertões de Crateús, o Hospital Regional do Centro-Sul e Vale do Salgado (HRCV) e o Hospital Regional do Maciço de Baturité (HRMB).
Nova estrutura hospitalar
O hospital de Crateús é o que apresenta maior avanço nas obras. Em outubro de 2024, o governador Elmano de Freitas assinou a ordem de serviço para sua construção, que contará com 280 leitos e ofertará atendimento em maternidade, emergência e clínica geral. A unidade também oferecerá serviços nas áreas de traumatologia, pediatria, cirurgia, obstetrícia e neonatologia. O investimento ultrapassa R$ 40 milhões e deve atender cerca de 300 mil pessoas de 11 municípios da região.
Em Iguatu, o hospital terá a maior estrutura entre as novas unidades e está projetado para oferecer 247 leitos. O HRCV vai atender 17 municípios do Centro-Sul do Ceará, disponibilizando serviços de urgência e emergência em traumato-ortopedia, pediatria, obstetrícia e cirurgia geral. Segundo Elmano, o projeto “está indo para licitação”.
O hospital de Baturité contará com 193 leitos para atendimento emergencial e eletivo, conforme resolução da Comissão Intergestores Bipartite (CIB). Os serviços incluirão internação em clínica médica adulto e pediátrica, cirurgia geral e traumatologia, além de contar com UTIs. A licitação para construção foi publicada no Diário Oficial do Estado, com abertura das propostas prevista para junho deste ano.
Fortalecimento da regionalização
A política de regionalização da Saúde, que busca descentralizar os serviços e facilitar o acesso da população a tratamentos especializados, foi destacada por Tânia Coelho como essencial para ampliar procedimentos cirúrgicos no Estado. “Quando fomos distribuir as cirurgias, consideramos a regionalização. Vimos quais hospitais tinham em cada região, que prestadores podiam realizar”, explicou a secretária.
Em 2018, foram realizadas cerca de 80 mil cirurgias no Ceará. Em 2024, esse número subiu para 157 mil procedimentos, segundo a gestora. “Estamos atuando para expandir cada vez mais o acesso do cidadão para que possa ser operado, e sempre procurando regionalizar. Nós somos exemplo para o Brasil inteiro”, destacou Tânia.
Ampliação do acesso a especialistas
O Ceará também aderiu ao Programa Mais Acesso a Especialistas (PMAE), do Governo Federal, que tem como meta acelerar diagnósticos por meio da ampliação do acesso a exames e consultas especializadas. A previsão é que o resultado dos diagnósticos seja entregue em até dois meses.
Segundo Adriano Massuda, secretário-executivo do Ministério da Saúde, o modelo beneficia o Estado devido à “forte articulação com a Atenção Primária” por meio das policlínicas regionais. “Isso facilita muito”, frisou Tânia Coelho, acrescentando que a telemedicina tem sido um recurso essencial para conectar especialistas a pacientes em áreas mais afastadas.
Requalificação da rede hospitalar
Além da expansão da rede hospitalar, a Sesa investe na modernização das unidades existentes. O Hospital Geral de Fortaleza (HGF) passou por melhorias recentes no serviço de endoscopia e ganhou um novo aparelho de tomografia. “Nossa intenção é cada vez mais estruturar os hospitais com modernização, porque a tecnologia está a mil anos-luz”, destacou a secretária.
Ela ainda enfatizou a qualidade dos hospitais no interior, destacando o Hospital Regional Norte (HRN), em Sobral, que realiza cirurgias de alta complexidade, e o Hospital Regional do Vale do Jaguaribe (HRVJ), em Limoeiro do Norte, onde a fila de cateterismo foi zerada. “Já estamos transferindo pacientes de Fortaleza para lá”, revelou Tânia.
Formação e fixação de profissionais
A melhoria na rede também passa pela capacitação profissional. A Sesa, em parceria com a Escola de Saúde Pública (ESP), tem investido na qualificação e ampliação das bolsas de residência médica. “O que fixa o profissional na região é a residência. Se você faz residência de cirurgia no Cariri, começa a trabalhar no hospital e quer continuar naquele hospital”, explicou Tânia.
A secretária também reforçou a importância da Atenção Primária e da prevenção, fundamentais diante do rápido envelhecimento da população. “Nosso compromisso é garantir que a população tenha acesso a uma saúde de qualidade, cada vez mais próxima de onde vive”, concluiu.
