
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, sem restrições, a proposta do empresário Nelson Tanure para assumir o controle da Braskem, por meio da aquisição da fatia da Novonor (antiga Odebrecht), que detém 50,1% do capital votante e 38,3% do capital total da petroquímica.
A decisão da Superintendência-Geral do Cade, divulgada em 16 de julho, é um passo relevante para a concretização do negócio. No entanto, a operação ainda precisa do aval de outros atores estratégicos, como a Petrobras e os principais bancos credores da Novonor – entre eles Bradesco, Itaú, Banco do Brasil e BNDES.
Em negociações anteriores, propostas pela participação da Novonor chegaram a superar os R$ 10 bilhões, envolvendo empresas como a estatal de Abu Dhabi (Adnoc) e fundos internacionais.
Passivo em Alagoas é o maior obstáculo
Apesar da movimentação no mercado, um fator continua travando qualquer acordo definitivo: o chamado “passivo Alagoas”. A expressão se refere às indenizações e ações judiciais relacionadas ao afundamento de cinco bairros em Maceió, causado pela extração de sal-gema pela Braskem durante décadas.
O valor já provisionado pela empresa supera R$ 14 bilhões, mas especialistas alertam para a possibilidade de novas obrigações ambientais e judiciais, o que aumenta o risco para investidores e credores.
Enquanto as negociações seguem, Maceió continua lidando com os impactos da maior tragédia ambiental urbana do país, e permanece a dúvida sobre quem assumirá essa responsabilidade financeira.
Tanure vê potencial, mas enfrenta resistência
Nelson Tanure enxerga na Braskem uma oportunidade estratégica, dada a receita robusta, a presença internacional e a sinergia com setores da indústria pesada e química. Entretanto, os bancos credores da Novonor ainda avaliam com cautela a entrada do empresário, temendo que os custos do passivo em Alagoas impactem o futuro controlador.
A Petrobras, que detém cerca de 36% do capital total da Braskem e divide a estrutura de controle com a Novonor, também não manifestou apoio à proposta de Tanure.
Para evitar mudanças unilaterais na gestão, o Cade determinou uma limitação temporária ao direito de voto da Tanurepar, empresa do grupo Tanure, que ficará restrito a 5% até que haja consenso entre os acionistas.