O mercado imobiliário de luxo tem ganhado muito espaço nos últimos anos. Segundo dados da Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC), o segmento, nos três últimos semestres, registrou um aumento em média de 28% do Valor Geral de Vendas. Simultaneamente a este crescimento, está o uso da sustentabilidade como uma nova maneira de produzir imóveis. Dessa maneira, longe de ser algo passageiro, a sustentabilidade em edificações de luxo vai muito além de entregar empreendimentos ecologicamente corretos, mas prometem tecnologia, conforto e praticidade para aqueles que aderem a este campo das construções.
Nesse mundo de imóveis de luxo, o Nordeste vem brigando cada vez mais pelo protagonismo nacional. De acordo com relatório semestral sobre o Mercado Imobiliário Nacional, o Nordeste, com cerca de 20% de aumento, é a região do país com o maior crescimento nas vendas de empreendimentos de alto padrão, ou seja, propriedades com valores entre R$1,5 milhão e R$3 milhões. Ainda de acordo com o levantamento, das três capitais com os maiores preços médios dos imóveis de luxo, duas estão na região, sendo elas: João Pessoa (PB) e São Luís (MA).
Além disso, de acordo com levantamento da ABRAINC, entre as 10 maiores cidades brasileiras, três capitais nordestinas aparecem nas 6ª, 7ª e 8ª posições em m² médio mais caros entre imóveis de luxo, o que mostra a valorização da região. São elas, Fortaleza (CE), com o valor mais elevado, de R$ 17,3 por m²; Recife (PE) próximo de R$ 15,9; e Salvador (BA) com a menor média entre as capitais do Nordeste com m² médio de R$ 15,6.
No Ceará, o município de Eusébio, na região metropolitana de Fortaleza tem se destacado como uma cidade exemplo de crescimento de imóveis de alto padrão, entre eles os condomínios inteligentes – empreendimentos que combinam tecnologia de ponta com sustentabilidade, projetadas com diversos espaços para que o morador não precise sair do condomínio. Outra referência também fica no estado do cearense, mas dessa vez em Fortaleza. O LC Corporate Green Tower acabou se tornando uma referência nacional ao se falar de imóveis de alto padrão aliados à sustentabilidade.
Antes de explorar a relação entre sustentabilidade e o mercado imobiliário de luxo, é preciso entender o que é ser sustentável. Segundo o arquiteto e urbanista Marco Suassuna, sustentabilidade é o equilíbrio entre as dimensões social, ambiental e econômica, que pense não só nas gerações atuais, mas também nas futuras. Diferentemente do senso comum, o desenvolvimento verde não é está relacionado apenas ao uso racional de água ou energia, mas também é diretamente ligado com uso de materiais ecologicamente adequados, a emissão de gases poluentes, entre outras ações.
Ao adequar este conceito de crescimento sustentável no mercado imobiliário, existem vários requisitos que tornam um empreendimento ecologicamente desenvolvido, que vão desde a qualidade do ambiente construído à reutilização de materiais, por exemplo. Pensando nisso, existem diversas entidades que certificam edificações como sustentáveis, um deles é o LEED. Criado em 1993 pelo United States Green Building Council, o Leadership in Energy and Environmental Design é uma das certificações mais reconhecidas no mundo, possuindo 9 categorias diferentes de selos. Entre alguns dos empreendimentos que receberam o certificado do LEED, está o famoso Empire State Building, em Nova Iorque, por exemplo. Esta certificação não é uma exclusividade de imóveis internacionais, o Brasil ocupa a quarta posição no ranking global de construções atestada pelo LEED, atrás apenas de China, Índia e Canadá. Segundo dados coletados em 2020, mais de 1,5 mil edificações brasileiras contam com o selo LEED.
As preocupações ambientais não são exclusivas de estados e construtores de empreendimentos. Hoje, os consumidores estão cada vez mais preocupados em adquirir/morar em imóveis sustentáveis. De acordo com estudo realizado pela consultora imobiliária britânica, Knight Frank, para cerca de 71% dos clientes a sustentabilidade é um dos fatores cruciais na hora de investir em um lugar para morar. Devido a alta procura de pessoas por imóveis sustentáveis, empreendimentos com que abraçam este aspecto podem ter seu valor de mercado elevado. É o que pensa Camilla Coriolano, gerente de Marketing da construtora GHC. “A sustentabilidade pode sim impactar na valorização de um imóvel e existe uma crescente de consumidores que preferem comprar de empresas que têm iniciativas sustentáveis”, pontuou.Ela ainda afirma que além, do impacto social, os empreendimentos podem valorizar o uso inteligente de recursos, diminuindo os custos operacionais.
Contudo, Marco Suassuna faz um alerta, segundo ele muitas empresas usam da sustentabilidade muito mais para elevar os preços dos imóveis do que por uma consciência ambiental. Ele ainda pontua sobre possíveis contradições na hora de construir empreendimentos sustentáveis. “Resumidamente falando, se não há um equilíbrio entre social, ambiental e econômico não é sustentável. Por exemplo, esses condomínios que desmatam, uma vegetação nativa, desmatam árvores centenárias para construir casas porque tem placas solares, reuso de água, automação e tudo mais. Isso não é sustentável, porque desde a origem houve o desmatamento. Então depende muito do contexto como um todo”, afirmou.
No universo imobiliário de luxo, a sustentabilidade não é apenas um mero tema ecológico, ela também pode ser vista como uma questão de inovação tecnológica e conforto para seus moradores. Para Camilla Coriolano, outra vantagem para aqueles que moram nesses empreendimentos é em relação ao baixo custo de manutenção dos mesmos – “esses empreendimentos geralmente têm custos de manutenção reduzidos devido ao uso de tecnologias eficientes, como placas solares para geração de energia, ventilação natural, sistemas de reuso de água da chuva, torneiras e chuveiros que economizam água, além de infraestrutura moderna, como tomadas para carregamento de veículos elétricos, etc”. Além das tecnologias ditas eficientes, em alguns desses empreendimentos é possível encontrar espaços de conexão com a natureza, como lugares destinados para hortas individuais, por exemplo.
Seja no universo do mercado imobiliário de alto padrão ou em qualquer outra atividade econômica, o desenvolvimento sustentável tem se mostrado muito mais que uma tendência, hoje, diante das preocupações com meio-ambiente, a sustentabilidade torna-se imprescindível em qualquer aspecto.