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22 de outubro de 2025 19:44

Como o tarifaço de Trump coloca tanto desafios como oportunidades para o exportadores nordestinos

Como o tarifaço de Trump coloca tanto desafios como oportunidades para o exportadores nordestinos

Tarifas elevadas do aço e alumínio atingem todo o país, mas região tem capacidade para diversificar sua pauta exportadora e cobrir lacunas de outros países
Foto: Divulgação

Com mais de dois séculos de relações diplomáticas, o Brasil e os Estados Unidos mantêm um intercâmbio comercial robusto, marcado por um superávit americano persistente há mais de uma década. No entanto, novas medidas comerciais anunciadas nos EUA podem redefinir essa dinâmica, criando tanto oportunidades quanto desafios para as exportações brasileiras.

Recentemente, o governo americano introduziu medidas que podem abrir portas para produtos brasileiros. Segundo estudo da ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), setores como máquinas e equipamentos, rochas ornamentais, cosméticos, móveis e calçados devem ficar atentos às possíveis mudanças nas cadeias de fornecimento dos EUA, que podem buscar novos parceiros diante de tarifas elevadas impostas a outros países.

Este cenário, claro, pode mudar em face da escalada das tensões diplomáticas entre os países depois do anúncio de que Trump vai sobretaxar todas as exportações brasileiras em 50% a partir de 1º de agosto.

Investimentos crescem, mas barreiras persistem

O investimento estrangeiro direto (IED) dos EUA no Brasil atingiu a marca de US$ 287,7 bilhões em 2023, um crescimento de 16,8% em relação ao ano anterior. Anúncios recentes de novos projetos (greenfield) focaram especialmente em setores promissores como data centers e energias renováveis.

Contudo, nem tudo são boas notícias. As sobretaxas americanas sobre importações de aço (25%) e alumínio (elevada de 10% para 25%), das quais o Brasil desfrutava de isenção, passam a ser aplicadas a todos os países. Essa mudança pode ter um impacto significativo, especialmente considerando que produtos semiacabados de ferro ou aço representam o segundo principal item da pauta exportadora brasileira para os EUA, com o Brasil sendo o maior fornecedor desse tipo de material para o mercado americano, detendo 55,8% de participação. O impacto potencial pode alcançar cifras bilionárias.

O presidente da Apex, Jorge Viana, avalia que o tensionamento comercial a partir de novas tarifas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é prejudicial para o mundo inteiro. “Eu espero que essas medidas não aconteçam, como no começo também não se efetivaram [em referência a recuos anteriores de Trump], porque, se você tiver um maior tensionamento no comércio, isso é ruim para todo mundo”, afirmou. 

Ele avalia, ainda, que o Nordeste, embora não seja o principal exportador de aço e alumínio do Brasil, tem empresas que contribuem para a pauta nacional desses produtos. “Isso aumenta o custo e reduz a competitividade desses produtos vindos da região no mercado americano, podendo levar à diminuição das vendas ou à necessidade de repassar parte do custo para os produtores nordestinos”, disse. 

A análise da Fitch Solutions aponta que, em 2025, diversas cadeias de valor nos Estados Unidos podem enfrentar maior custo operacional devido a novas tarifas, controles fronteiriços mais rígidos e mudanças regulatórias.

Apesar de a pauta exportadora brasileira para os EUA ser consideravelmente diversificada, com destaque para produtos da indústria de transformação (78% das exportações), o Brasil não possui um acordo comercial formal com os Estados Unidos. Além disso, o Sistema Geral de Preferências (SGP), um benefício unilateral que isentava certos produtos brasileiros de tarifas, segue sem perspectiva de renovação. 

O presidente dos EUA, Donald Trump | Foto: EBC

Exportações em destaque e participação de mercado

Em 2024, as exportações brasileiras para os EUA alcançaram um recorde, superando pela primeira vez a barreira dos US$ 40 bilhões. Mesmo assim, a participação do Brasil no mercado americano permanece estável, em torno de 1,3%, repetindo a estatística de uma década atrás.

Os dez principais grupos de produtos exportados pelo Brasil para os EUA, que concentram mais de 55% do valor total, incluem:

Óleos brutos de petróleo

Produtos semi acabados de ferro ou aço

Aeronaves e equipamentos

Café não torrado

Ferro-gusa e ferro-ligas

Óleos combustíveis

Celulose

Instalações e equipamentos de engenharia civil

Sucos de frutas ou vegetais

Carne bovina

Essa pauta demonstra que os Estados Unidos são um comprador de produtos brasileiros de maior valor agregado, um contraste notável com outros mercados importantes, como a China, onde a indústria de transformação representa uma fatia menor das exportações brasileiras.

O cenário exige atenção e estratégia por parte das empresas e do governo brasileiro para navegar pelas novas políticas comerciais americanas e maximizar as oportunidades que surgirem.

Exporta Mais Brasil

Um dos programas que pode equilibrar a balança e aliviar o tensionamento promovido pelo tarifaço, ajudando a região a diversificar sua pauta exportadora com os Estados Unidos é Exporta Mais Brasil. Ele atua como um catalisador para as empresas da região, especialmente as de menor porte, a ingressarem e se consolidarem no mercado internacional.

Leia também: ApexBrasil vai abrir escritório em Salvador para fortalecer exportações do Nordeste

O programa busca expandir a gama de produtos exportados pelo Nordeste, que muitas vezes é concentrada em commodities. Ao focar em setores específicos, como o de couros e peles no Maranhão, ou alimentos e bebidas em Alagoas, o Exporta Mais Brasil ajuda a diversificar as fontes de receita e reduzir a dependência de poucos produtos.

Um dos pilares do programa é trazer compradores internacionais diretamente para o Brasil, organizando rodadas de negócios e visitas a empresas. Isso facilita o contato e a negociação para empresas nordestinas que talvez não tivessem recursos ou acesso para participar de feiras internacionais no exterior.

O programa é fundamental para que PMEs nordestinas, que representam uma parte significativa da economia local, consigam superar barreiras e iniciar sua jornada exportadora, mudando seu patamar e impulsionando seu crescimento.

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