Jornalismo econômico para a inovação no Nordeste -
Jornalismo econômico para a inovação no Nordeste -
18 de setembro de 2024 12:26

Exclusivo: entenda como o Nordeste atinge dois recordes seguidos na geração de energia eólica em apenas uma semana

Exclusivo: entenda como o Nordeste atinge dois recordes seguidos na geração de energia eólica em apenas uma semana

No momento de pico o montante seria suficiente para abastecer todo o Nordeste, além dos estados do Rio de Janeiro e Goiás
A combinação da maturação do Nordeste como fronteira elétrica e a atual ‘safra dos ventos’ com ventos fortes são fatores que levam aos picos de produção | Foto: Miguel ngelo – CNI

Em menos de uma semana, o Nordeste do Brasil registrou dois recordes consecutivos na geração de energia eólica. Há uma semana, às 5h48, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) registrou 19.083 megawatts de potência, o que corresponde a 180,4% da demanda da região naquele momento.

Outro recorde foi estabelecido em 27 de julho, às 21h09, com 19.028 megawatts de potência, quantidade suficiente para atender toda a demanda do Nordeste, além dos estados do Rio de Janeiro e Goiás, segundo o ONS.

Para o diretor de Planejamento do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e especialista em economia regional, José Aldemir Freire, esses recordes refletem um período de ventos mais intensos combinado com um grande volume de investimentos históricos na região.

“O Nordeste é a grande fazenda de ventos do Brasil. Nos últimos anos, a expansão da matriz elétrica brasileira tem sido impulsionada por essas fontes renováveis na região. A maturação histórica do Nordeste como fronteira da expansão elétrica, aliada ao auge da ‘safra dos ventos’, com ventos mais fortes e constantes, explica os picos de produção alcançados em tão pouco tempo. Com essa combinação de fatores, não é improvável que novos recordes sejam alcançados nas próximas semanas”, explica Freire.

O recorde anterior havia sido registrado quase um ano antes, em 14 de agosto de 2023, quando o sistema alcançou 18.725 megawatts, equivalente a 149,9% da demanda no momento.

No primeiro semestre de 2024, o Brasil também registrou um aumento significativo na capacidade instalada de energia, com um acréscimo de 5,7 gigawatts. A meta é encerrar o ano com um total de 10,1 gigawatts adicionados à matriz elétrica do país.

No entanto, o diretor chama atenção para o atual desafio do setor. “Esses resultados históricos de produção são fruto de investimentos feitos ao longo de anos. Atualmente, o setor enfrenta um certo desaquecimento em novos projetos, devido à concorrência com outras fontes, como os painéis solares. O desafio agora é manter o crescimento do consumo de energia no Brasil, para que a demanda continue a justificar mais investimentos no setor eólico”, afirma.

Financiamento e investimentos em energia renovável

Paralelamente aos avanços na geração de energia eólica, o Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) tem desempenhado um papel fundamental no apoio ao setor de infraestrutura. Em 2023, o FNE contratou R$11,972 bilhões em financiamentos para projetos de infraestrutura no Nordeste, um aumento significativo de 86,7% em relação a 2022 e 19,8% acima do orçamento original de R$9,995 bilhões.

Desse total, R$6,416 bilhões (53,6%) foram direcionados a projetos eólicos e fotovoltaicos de geração centralizada.

O financiamento específico para projetos eólicos no último ano cresceu 45,7%, atingindo R$2,888 bilhões, com o número de projetos financiados subindo de sete para dezoito. Entre os destaques estão a Eólica Novo Horizonte, da Pan American Energy, que recebeu R$300 milhões do BNB, e o parque Tanque Novo, de 180 megawatts na Bahia, da CGN.

Para 2024, o orçamento do FNE para infraestrutura foi reduzido para R$8,155 bilhões, com R$3,781 bilhões reservados para o aproveitamento do potencial energético do Nordeste. Apesar da redução orçamentária, a demanda por recursos para outros setores da infraestrutura deve permanecer alta.

Além disso, também neste ano, o BNB ajustou suas regras de alavancagem para este ano, aumentando de 40% para 50% do investimento, mas reduziu o limite de contratações anuais por grupo econômico de R$200 milhões para R$150 milhões.

“Benefícios fiscais, acesso facilitado à rede de transmissão e crédito competitivo são elementos chave que ajudaram a consolidar o setor nos últimos 15, 20 anos. E isso fez com que a energia eólica se tornasse uma das fontes mais competitivas do país, até mais barata que a hidráulica”, destaca Freire.

José Aldemir Freire é diretor de Planejamento do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e economista, com especialização em Economia Regional | Foto: Arquivo Pessoal.
Print Friendly, PDF & Email

Gostou desse artigo? compartilhe!

Últimas

Agência O Globo
Captura de tela de 2024-09-18 11-24-10
WhatsApp-Image-2024-09-17-at-13.05.10
WhatsApp Image 2024-09-16 at 20.36
trator-john-deeere
53981619747_01c39ac1ec_c
Ministros Juscelino Filho e Luciana Santos falam sobre a expansão da conectividade no Brasil, TV Digital 3.0 e o papel estratégico da economia digital no cenário global durante coletiva em Maceió.
Empreendimento, situado na região da Cidade Universitária, conta com duas torres de 15 andares | Foto: Angélica Reis
queimada-em-plantacao-de-cana-de-acucar-em-dumont-sp-em-24-de-agosto-de-2024-1724673705662_v2_900x506
12bc9563-a62e-4712-acb6-ee98b58ed26f.jpe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

div#pf-content img.pf-large-image.pf-primary-img.flex-width.pf-size-full.mediumImage{ display:none !important; }