Jornalismo econômico para a inovação no Nordeste -
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24 de abril de 2024 12:57

A Pandemia e seus Impactos na Economia Nordestina

A Pandemia e seus Impactos na Economia Nordestina

A história quase sempre nos ajuda a compreender o está por vir. As duas grandes guerras mundiais da primeira metade do século XX e a crise econômica de 1929 tiveram efeitos disruptivos, pois, além de mudarem hábitos, criaram condições objetivas para a construção de novas políticas econômicas e regulatórias.

A pandemia causada pela COVID-19 provocou em 2020, no Brasil, uma diminuição significativa nos investimentos na economia brasileira, queda na produção, crescimento da inflação, e, baixa dos empregos, escancarando velhas anomalias sociais e o quão caminhamos pouco em programas consistentes de equalização de renda e de geração de oportunidades aos jovens. Keynes, ao estudar os ciclos econômicos, já alertava para as forças que produzem efeitos cumulativos: elas perdem potência e tendem a ser substituídas pelas forças que operam em sentido oposto. Dessa forma, pode-se dizer que o auxílio emergencial deverá ser um impulsionador na direção contrária ao ciclo de recessão provocado pela pandemia. O seu efeito deve ser ainda ainda mais significativo no Nordeste onde, em média, o benefício representou cerca de 6,5% do PIB da região em 2020, e em 2021 deve ter um peso de, pelo menos, 1,0 % do PIB.

O setor agropecuário e a indústria (incluindo a construção civil), quase não apresentaram interrupções em seu funcionamento ao longo de 2020 e provavelmente isso se repetirá em 2021. Já não podemos falar a mesma coisa do comércio e dos serviços, incluindo a administração pública, pois vários de seus segmentos tiveram as atividades fortemente afetadas em 2020 e terão no período de março a junho/21 uma expressiva repercussão. Mesmo com a utilização de forma mais intensa neste período do e-commerce e do delivery, a grande maioria das pequenas empresas da região irão precisar de muito mais apoio dos governos para conseguirem se recuperar. Essas empresas e os microempreendedores trabalham habitualmente no limite da capacidade financeira não dispondo na sua maioria de reservas. Os programas governamentais desenvolvidos pelo governo federal, estados e municípios em 2021 merecerão de nova rodada e, provavelmente, de mais foco nas atividades mais afetadas.

A pandemia também gerou novas oportunidades e novas maneiras de fazer negócios. Se de um lado houve severas restrições às viagens de avião (a demanda por voos nacionais chegou a cair mais de 90% em relação a 2019), de outro, a procura por lugares próximos às grandes cidades aumentou. O trabalho em home office permitiu o surgimento de um novo turista que procura destinos até 300 km distante dos centros urbanos, com menor fluxo de pessoas (já que dá para ir de carro) e com boa infraestrutura.

Aliás, muitos destes “turistas” serão nos próximos anos moradores de cidades do nordeste que possuírem boa estrutura de serviços, acesso a aeroportos, boas estradas e um excelente custo de vida. Isso sem falar da busca por lugares de menor custo e maior qualidade de vida por aposentados que estão sofrendo os impactos dos juros baixos e grande aumento dos seus custos. Os estados do nordeste que apostarem neste filão poderão atrair novos negócios e pessoas de boa renda ávidos por melhorar sua qualidade de vida. Assim, a fuga das grandes cidades do Sul e Sudeste poderá trazer uma nova leva de negócios, especialmente, na área de serviços e da construção.

Quem sabe essa nova realidade poderá impulsionar uma nova onda migratória ao inverso, porém, semelhante aos que muitos nordestinos vivenciaram em busca de oportunidades e de uma vida melhor.

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3 respostas

  1. Sr Santoro, admiro muito sua preocupação com os micro e pequenos empreendedores.
    Essa onda de retorno dos nordestinos aposentados e/ou estabilizados seria muito salutar é quem saber poderia ser impulsionadas por algum projeto de incentivo governamental.

  2. Sr Santoro, admiro muito sua preocupação com os micro e pequenos empreendedores.
    Essa onda de retorno dos nordestinos aposentados e/ou estabilizados seria muito salutar é quem saber poderia ser impulsionadas por algum projeto de incentivo governamental.

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