O Nordeste se destacou como a região que mais gerou empregos formais no Brasil em agosto de 2024, liderando os setores de Indústria, Agropecuária e Construção. De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, a região criou 72.372 novos postos de trabalho no mês, consolidando-se como uma das mais dinâmicas no mercado de trabalho do país. Os números foram divulgados pelo Banco do Nordeste através do Informe Macroeconômico da Célula de Estudos e Pesquisas Macroeconômicas (ETENE).
Para o economista Francisco Rosário, o resultado expressivo do Nordeste pode ser explicado pela forte demanda da indústria sucroalcooleira e o boom da construção civil na região. “Na indústria, foi a fabricação e o refino de açúcar que puxaram essa alta, com 11.143 novos postos. E essa é uma movimentação sazonal, que ocorre principalmente na safra da cana-de-açúcar, entre agosto e abril”, explicou o especialista ao Investindo por aí.
Francisco Rosário destacou também o aumento na produção de biocombustíveis, como o etanol, vinculado à indústria de transformação. “A indústria sucroalcooleira, ou sucroenergética, foi fundamental nesse processo de geração de empregos”, disse.
O Brasil, como um todo, registrou a criação de 232.513 novos empregos formais em agosto de 2024, elevando o estoque total de vínculos ativos para 47.243.764, uma variação de +0,49% em relação ao ano anterior. No acumulado de janeiro a agosto de 2024, o país gerou 1.726.489 novos postos de trabalho. O Sudeste foi a região com o maior saldo absoluto de novos empregos, com 796.241 vagas, seguido pelo Nordeste (+72.372), Sul (+30.857), Norte (+14.886) e Centro-Oeste (+3.618).
Desempenho dos setores no Nordeste
A Indústria foi o principal setor responsável pela geração de empregos no Nordeste, com a criação de 21.706 novos postos em agosto. Além da produção de açúcar e biocombustíveis, outros segmentos da indústria de transformação também tiveram destaque, como a fabricação de produtos derivados de petróleo (+2.448) e a preparação de couro e fabricação de calçados (+2.003). “A indústria de bens de consumo contratou muito devido à redução de estoques no primeiro semestre e à demanda de final de ano”, explicou Rosário. Ele ressaltou o papel de polos industriais, como Caruaru e Campina Grande, que contribuem fortemente para a geração de empregos na região.
No setor agropecuário, o Nordeste liderou com 10.353 novos empregos, o maior saldo do país. O cultivo de cana-de-açúcar foi o principal responsável, com 3.971 novas vagas, seguido por culturas de frutas como melão (+1.934), manga (+1.024) e uva (+1.017), concentradas em polos como Petrolina, em Pernambuco, e Mossoró, no Rio Grande do Norte. “A fruticultura no Vale do São Francisco e em Mossoró também teve um impacto importante, gerando empregos na produção de melão, manga e uva”, acrescentou Rosário.
Enquanto o Nordeste avançava, outras regiões como o Sudeste (-10.185) e o Centro-Oeste (-1.281) registraram perdas no setor agropecuário, reforçando a liderança nordestina na geração de empregos no campo.
Crescimento da construção civil
O setor da Construção Civil também apresentou forte crescimento no Nordeste, com a criação de 4.098 novos empregos em agosto, superando outras regiões. Rosário atribui esse desempenho ao aumento de investimentos em infraestrutura e ao financiamento imobiliário na região. “Estamos vivendo um boom na construção civil. A redução nos juros de financiamento pela Caixa Econômica ajudou a impulsionar o setor, que tem sido um dos grandes motores da geração de empregos no Nordeste”, afirmou o economista.
Comércio e Serviços em alta
Embora a Indústria, Agropecuária e Construção tenham liderado a geração de empregos, o setor de Serviços foi o que mais contratou no Nordeste em termos absolutos, com 25.561 novos postos de trabalho em agosto. Atividades administrativas (+6.485), educação (+4.822), transporte e armazenamento (+4.589) e saúde (+3.768) foram as áreas que mais cresceram. O Comércio, por sua vez, gerou 10.657 novas vagas, com o varejo sendo o principal impulsionador, somando 7.703 postos.
Francisco Rosário destacou que, no acumulado do ano, os setores de Serviços e Comércio continuam sendo os principais responsáveis pela geração de empregos no Nordeste, refletindo a importância dessas atividades para a economia regional. “Serviços e Comércio são responsáveis por cerca de 73% do PIB nordestino. Apesar do bom desempenho da Indústria e da Agropecuária em agosto, são esses setores que sustentam a maior parte dos empregos ao longo do ano”, concluiu.
Contexto nacional
No cenário nacional, o Sudeste liderou a criação de empregos no setor de Serviços, com 60.591 novas vagas, seguido pelo Nordeste (+25.561). No Comércio, o Sudeste também teve o melhor desempenho, com 22.391 novos postos, frente aos 10.657 do Nordeste.
Os números de agosto de 2024 mostram que, apesar de oscilações sazonais, o Nordeste tem desempenhado um papel fundamental na recuperação do mercado de trabalho no Brasil. A região liderou em setores estratégicos como Indústria, Agropecuária e Construção, demonstrando seu dinamismo econômico e reafirmando sua importância no cenário nacional de geração de empregos.