A geografia da inovação no Brasil vem se redesenhando. Se antes o eixo Rio-São Paulo concentrava quase todo o protagonismo, hoje outras regiões ganham força no mapa do empreendedorismo nacional. De acordo com o Mapeamento do Ecossistema Brasileiro de Startups 2024, realizado pela Associação Brasileira de Startups (Abstartups), Nordeste e Norte avançam de forma consistente, respondendo juntos por mais de 16% das startups ativas no país.
O Nordeste aparece com 11,5% das iniciativas mapeadas, com destaque para Bahia (3%) e Ceará (2,4%), que se consolidam como polos emergentes. Já a região Norte, embora ainda represente apenas 4,6% do total, mostra dinamismo em áreas estratégicas, sobretudo em projetos voltados para sustentabilidade, impacto social e desenvolvimento da Amazônia Legal.
Estratégia fora do eixo tradicional
Atenta a esse movimento, a Abstartups tem ampliado sua atuação para além do Sudeste. Entre as ações, estão parcerias com universidades e hubs regionais, apoio a eventos e programas de capacitação. A associação também tem se inserido em debates estratégicos, fortalecendo o diálogo entre empreendedores, investidores e governos locais.
Em 2025, a entidade reforçou sua presença no Norte com a participação em encontros regionais e ao integrar o Pacto da Amazônia, compromisso que busca estimular a inovação como motor de desenvolvimento social e econômico. “Nosso compromisso é transformar o Amapá em referência em inovação e desenvolvimento sustentável, criando oportunidades para empreendedores, fortalecendo a economia regional e conectando o estado a grandes agendas como a COP30”, afirmou o presidente da associação, Lindomar Góes.
Investimento regional em alta
Outro dado do mapeamento reforça a descentralização: 68,1% das startups que receberam investimento captaram recursos locais. Para especialistas, esse movimento mostra o amadurecimento dos ecossistemas regionais e amplia as oportunidades de negócios que valorizam capital e conexões locais.
Para a Abstartups, a mensagem é clara: a inovação brasileira precisa ser ampla, inclusiva e descentralizada. O levantamento de 2024 mostra que o futuro do setor não está apenas em São Paulo ou no Rio de Janeiro, mas também em Fortaleza, Salvador, Manaus, Belém e outras cidades onde tecnologia e impacto social caminham juntos.