Consolidada cada vez mais no mapa do turismo brasileiro e mundial, João Pessoa notabiliza-se pelo grande número de investimentos no setor hoteleiro. A movimentação de capital chega a pomposa cifra do bilhão de reais; empresas multinacionais veem, cada vez mais, a capital paraibana como um bom destino para viabilizar seus empreendimentos.
Por anos sendo considerada como a “capital esquecida” do Nordeste, João Pessoa vive um “boom” de turistas. Prova disso reside na pesquisa realizada pela plataforma Booking, que projeta a cidade como a terceira mais procurada por turistas em todo o mundo em 2025. De acordo com o estudo, que leva em consideração tendências do turismo global, como a busca por lugares menos explorados que ofereçam experiências genuínas e memoráveis, João Pessoa se destaca ficando atrás apenas de Sanya, na China, e Trieste, na Itália.
Rômulo Polari, diretor da Companhia de Desenvolvimento da Paraíba (Cinep), em entrevista ao Investindo Por Aí, diz que a atual onda crescente no turismo paraibano se deve aos investimentos realizados pelo governo do estado em anos anteriores. “A Paraíba está tendo um grande salto turístico nesses últimos 2 anos, em virtude de uma decisão do governador João Azevedo de aumentar o investimento na produção do turismo. Aqui, historicamente, se costumava investir de R$700 mil a R$1 milhão. Ele (João Azevedo) aumentou esse valor em 2023/2024 para cerca de R$ 7 milhões. Foi um aumento muito grande e começamos a colher os frutos”.
O investimento do governo estadual pode ser apontado como um dos fatores primordiais para essa nova fase do turismo pessoense, contudo ele transparece uma questão de difícil resposta: os esforços do governo do estado acontecem porque o número de turistas cresceu ou João Pessoa apenas vive essa nova fase devido ao investimento do governo?
Entendendo essa nova dinâmica
Independente do que veio primeiro o ovo ou a galinha, é inegável que João Pessoa vem passando por uma grande fase no turismo. Assim, o crescimento na procura da capital paraibana acaba por atrair empresas do ramo hoteleiro, que passam a enxergar o ponto mais oriental das américas como uma grande oportunidade de expandir seus negócios e preencher uma lacuna da cidade no que diz respeito à oferta de leitos. João Pessoa possui apenas 13 mil leitos, o que a coloca na penúltima capital do Nordeste neste quesito.
Nos últimos meses, tem sido cada vez mais comum os anúncios de grandes empresas investindo em hoteis e resorts em João Pessoa. Grupos como a rede internacional Westin Hotels & Resorts, da Marriott International, divulgam investimentos robustos na capital paraibana. A Westin fez um aporte de R$143 milhões em equipamentos em João Pessoa; assim como a Tauá Hotéis e Resorts, que promete aplicar R$1,5 bilhão até 2030 e prevê a entrega e inauguração do Resort João Pessoa até meados de 2026. Outra empresa que também irá empregar capital na cidade é a Wam Experience, que irá construir hotel, parque de diversão temático e um outlet orçados em R$500 milhões no total.
Algo em comum a todos empreendimentos é a localização. Todos estão situados na área do Polo Turístico Cabo Branco. O complexo é um projeto que destina 21 lotes para a construção de um conjunto que promete ser o maior polo turístico planejado do Nordeste, no qual reunirá resorts, parques aquáticos, equipamentos de animação e estabelecimentos de comércio e serviços. Ainda em fase de desenvolvimento, o Polo Turístico é mais um elemento nessa dinâmica de atração de tantos investimentos.
Estão confirmadas a construção de 14 mil novos leitos no complexo, dobrando a capacidade atual do município. Além de aumentar a oferta de dormitórios, segundo Rômulo, os equipamentos construídos no Polo Turístico Paraibano vêm para cobrir uma nova demanda na cidade, que são os leitos de resort. “ São mais 14 mil leitos, mas 100% em uma categoria que não temos ainda, que é o leito de resort. Ele vai trazer um outro público, de um poder aquisitivo maior que o anterior, mas que não é competitivo com o anterior”, conta Polari.
O diretor ainda faz uma projeção do número de turistas que o Polo pode trazer nos próximos anos. “De forma conservadora podemos pensar em dobrar o número de turistas em um curto prazo, e entre cinco e dez anos podemos triplicar esse número. Chegar a 2 milhões e meio, 3 milhões e meio aqui em João Pessoa” , estima. Em 2024, a grande João Pessoa recebeu cerca de 1 milhão e 600 mil pessoas ao longo de todo o ano.
Ao tentar prever o que esses investimentos em hotelaria, em especial os que acontecem no Polo Turístico Cabo Branco, podem representar para a economia da Paraíba, Rômulo Polari se mostra otimista. Segundo ele, o complexo em pleno funcionamento deve gerar cerca de 20 mil empregos diretos e indiretos, o que pode representar um incremento de R$ 500 milhões por ano apenas de massa salarial. Além disso, o diretor do Cinep faz uma estimativa de que o ticket médio do turista, o quanto cada pessoa gasta com passeios, alimentação, entre outros, possa render, a partir do aumento do número de visitantes, algo em torno de R$ 400 milhões por ano.
Por fim, Rômulo calcula que outra fonte de receita que deve crescer juntamente com os investimentos em hotelaria na capital é a captação de tributos por parte da prefeitura através do ISS, que pode render de até R$ 150 milhões de reais por ano para a cidade. Ao contabilizar todas as possíveis receitas, Polari acredita que com o pleno funcionamento do Polo Turístico Cabo Branco, João Pessoa possa ter um aumento de até R$ 1 bilhão nas receitas anuais.