O Banco do Nordeste (BNB) intensificou, nos últimos dois anos, seu protagonismo na transição energética do Brasil, com investimentos robustos em energia limpa tanto no meio rural quanto em grandes empreendimentos de geração centralizada. A atuação abrange desde pequenos agricultores familiares até megaprojetos solares e eólicos, reforçando o papel estratégico da instituição na redução das emissões de gases de efeito estufa e no desenvolvimento sustentável da região Nordeste.
No primeiro quadrimestre de 2025, o BNB financiou R$ 55,3 milhões em projetos de minigeração de energia solar no campo, por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Os recursos beneficiaram mais de sete mil operações em estados nordestinos e parte de Minas Gerais e Espírito Santo, demonstrando o alcance do programa Agroamigo Sol, braço do BNB voltado ao microcrédito para energia solar na agricultura familiar.
Esse desempenho consolida uma curva de crescimento acentuada: em 2024, o banco já havia financiado R$ 151 milhões em projetos semelhantes, quase o dobro dos R$ 78,1 milhões desembolsados em 2023. De acordo com Luiz Sérgio Farias Machado, superintendente de Agronegócios e Microfinança Rural do BNB, a iniciativa não apenas reduz custos com eletricidade para famílias rurais, como também estimula o uso de uma matriz energética limpa e sustentável no campo.
Alagoas é um dos exemplos desse avanço. Entre janeiro e abril deste ano, o estado registrou 261 operações, somando R$ 550 mil. Em 2024, o total financiado foi de R$ 1,4 milhão em 571 contratos, representando um crescimento de 54% em relação ao ano anterior.
Mas os investimentos do BNB em energia renovável vão além do campo. Em 2024, o banco aplicou R$ 4,4 bilhões em 47 grandes projetos de geração centralizada de energia solar e eólica, com destaque para os R$ 3,9 bilhões provenientes do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE). Esses empreendimentos somam 1.930 megawatts (MW) de potência instalada e devem evitar, ao longo de 25 anos, a emissão de 15,7 milhões de toneladas de CO₂ equivalente — o que corresponde a seis anos de emissões da frota de automóveis da cidade de São Paulo.
Segundo José Aldemir Freire, diretor de Planejamento do BNB, os investimentos em energia limpa trazem retorno ambiental e econômico. “Com R$ 250 aplicados em energia renovável via FNE, evitamos a emissão de uma tonelada de CO₂. Isso mostra a importância do banco como agente de transformação e infraestrutura para atrair novas empresas à região, além de contribuir para a meta climática do Brasil”, afirmou.
O impacto ambiental positivo desses financiamentos é comparável ao sequestro de carbono obtido com o plantio de 952 km² de árvores — o equivalente a cerca de 158 mil campos de futebol. Além disso, os projetos apoiados pelo FNE atraíram mais R$ 3,8 bilhões em recursos privados, gerando emprego, renda e movimentando cadeias produtivas locais.
A economista do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (ETENE), Célia Colen, autora da análise de impacto dos projetos, explicou que o cálculo de emissões evitadas foi realizado com base na “Calculadora de Emissões Evitadas e Removidas” do BNDES. A ferramenta leva em conta o perfil da matriz energética brasileira e os impactos das usinas ao longo de seu ciclo de vida.
Os dados revelam que o BNB tem atuado de forma decisiva na implementação de políticas públicas voltadas à sustentabilidade e à segurança energética. O Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste, operado pelo banco sob a orientação da Sudene, é hoje um dos principais instrumentos da Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR) e do Plano Regional de Desenvolvimento do Nordeste (PRDNE), sendo responsável por financiar mais de dois mil municípios.