O mercado de multipropriedade no Nordeste está em plena ascensão, com 29 empreendimentos ativos espalhados por sete estados. Esse modelo, que permite a compra de frações de imóveis de lazer, está crescendo tanto em destinos turísticos já consolidados quanto em novas localidades.
Alagoas se destaca na região, ocupando a quarta posição em número de unidades habitacionais de multipropriedade, atrás apenas da Bahia, Ceará e Sergipe. Em termos de potencial de vendas (VGV), Alagoas é o quarto maior do Nordeste, com impressionantes R$ 1,24 bilhão.
A Bahia lidera a região com dez empreendimentos e um VGV de R$ 4,38 bilhões. Em seguida, vem o Ceará, com cinco projetos e R$ 2,72 bilhões em VGV. Sergipe, apesar de ter menos empreendimentos (apenas dois), chama a atenção pelo alto VGV de R$ 2,80 bilhões, garantindo a terceira maior marca da região.
Outros estados nordestinos também mostram força no setor:
- Pernambuco possui dois projetos, totalizando 670 unidades habitacionais e um VGV de R$ 1,15 bilhão.
- A Paraíba conta com quatro empreendimentos, 450 unidades e R$ 835 milhões em VGV.
- Já o Rio Grande do Norte tem três projetos, somando 519 unidades habitacionais e um VGV de R$ 1,07 bilhão.
No cenário nacional, o mercado de multipropriedade atingiu um VGV de R$ 92,7 bilhões em 2025, registrando um crescimento de 16,6% em relação ao ano anterior. O número de empreendimentos mapeados subiu para 216, com mais de 42 mil unidades habitacionais distribuídas por 97 cidades em 18 estados.
Os dados são de pesquisa feita pela consultorias Caio Calfat Real Estate Consulting e Mapie. De acordo com Caio Mabazzo, especialista no setor, fatores como a prevalência do clima quente na maior parte do ano e a beleza das praias colocam o Nordeste em vantagem para este modelo de investimento e negócio em relação ao restante do país.
“Esse é um modelo de negócio para quem gosta de tirar férias e querem fazer isso na própria casa, como há um período de dias específicos que o dono vai ficar com a posse do imóvel, a estabilidade do clima é um fator que pesa, assim como a beleza de onde esse imóveis estão instalados. Muitas vezes mais do que o luxo que o empreendimento oferece, embora essa também seja uma característica que importa bastante”, afirma.
Perfil dos compradores
A pesquisa da Mapie, “Hábitos de viagens de lazer dos compradores de férias compartilhadas no Brasil”, revela que os proprietários de multipropriedade viajam com mais frequência, por períodos mais longos e têm um poder de consumo elevado. Dentre os entrevistados, 43% fazem viagens de seis a dez dias, e a maioria (38%) gasta entre R$ 5 mil e R$ 10 mil em viagens nacionais.
O perfil predominante é de homens entre 40 e 69 anos, das classes A e B, que viajam em família e buscam principalmente conforto, segurança e flexibilidade. A posse formal do imóvel é um fator decisivo, com 49% dos compradores afirmando que a escritura foi crucial para a aquisição.
O que é a multipropriedade imobiliária
A multipropriedade imobiliária é um modelo de investimento em que diversas pessoas são proprietárias de um mesmo imóvel. Nesse regime de condomínio, cada coproprietário adquire uma parte do bem e tem direito de uso exclusivo em período pré-estabelecidos de no mínimo 7 dias por ano.
Esse modelo é regulamentado pela Lei 13/777/2018, que permite que o imóvel seja compartilhado entre diferentes donos sem a necessidade de investimento integral por parte de um único comprador.
Imagine que um grupo formado por 12 pessoas deseja adquirir uma casa na praia. Nesse caso, cada indivíduo compra uma fração da propriedade e assume os custos proporcionais da aquisição, manutenção e impostos.
Em troca, cada proprietário pode utilizar o imóvel de forma exclusiva por períodos distintos. Ou seja, nesse formato, é possível acessar bens de alto padrão com um custo inicial mais baixo.
Além disso, a indivisibilidade do bem é um dos principais pontos da multipropriedade. Em outras palavras, isso significa que, mesmo com diversos donos, o bem não pode ser dividido fisicamente.
Os coproprietários dividem proporcionalmente os custos de manutenção do imóvel. Isso inclui despesas como condomínio, impostos e possíveis reparos.
A qualidade da oferta de lazer e entretenimento para toda a família, os apartamentos com padrão de hotel quatro estrelas e o atendimento atencioso durante a estadia são os principais pontos de satisfação dos clientes de multipropriedade no país.
O levantamento foi feito junto a 879 clientes do modelo de “fractional ownership” no país. A grande maioria (62,2%) é dona de apenas uma fração, mas o número de clientes com duas cotas ou mais vem crescendo e já ultrapassa 36%. A pontuação do nível de satisfação em relação ao uso de multipropriedade variava de 1 a 4 pontos.