A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou que a China pretende realizar grandes investimentos em infraestrutura ferroviária no Brasil, com o objetivo de ampliar as rotas logísticas entre os dois países. A declaração foi feita durante entrevista ao vivo ao programa Poder em Pauta, do canal da CartaCapital no YouTube, na sexta-feira (9).
“Já estamos tratando disso com a China desde o primeiro mês do governo Lula”, afirmou Tebet. “Na primeira reunião com o presidente Xi Jinping, percebi que eles estão muito interessados na questão das ferrovias. Eles querem rasgar o Brasil com ferrovias”, acrescentou a ministra, destacando que os projetos envolvem altos custos.
Segundo Tebet, o interesse chinês está inserido em um plano mais amplo de integração sul-americana, com o Brasil desempenhando papel estratégico. A ministra integra a comitiva que acompanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em viagem à China, onde o tema será aprofundado.
Corredores logísticos para conectar o Brasil ao Pacífico
São cinco rotas previstas no projeto e os termos para a construção de corredores logísticos que liguem o território brasileiro a portos no Oceano Pacífico, facilitando o escoamento de mercadorias com destino à China, é uma das pautas das reuniões bilaterais entre os países.
Um dos corredores mais ambiciosos começa em Chancay, no Peru, e pode atravessar o continente até a costa da Bahia. O porto peruano recebeu investimentos estimados em 3,5 bilhões de dólares, com forte participação da estatal chinesa Cosco. “A ideia é fazer um traçado por baixo, pegando a região do Acre, descendo, podendo passar por Tocantins e chegar até a Bahia”, explicou Tebet.
Outra frente em análise é a construção de um corredor bioceânico, que poderia funcionar como rota alternativa. Para a ministra, o impacto dessas obras pode ser transformador. “Será algo extraordinário, no sentido de desenvolvimento econômico para o interior do Brasil, para as regiões mais pobres”, afirmou.
Tebet também comentou o cenário global de disputas comerciais, especialmente entre Estados Unidos e China. Seguindo o posicionamento do governo brasileiro, ela sinalizou que o Brasil pode se beneficiar da reconfiguração do comércio internacional. “Outros parceiros comerciais vão olhar para o Brasil”, projetou.