Um dos símbolos da culinária do Pará, na região Norte do Brasil, o açaí tem sido o combustível de empreendedorismo para uma empresa cearense que, em menos de dez anos, saiu de vendas em carrinho para mais de 40 lojas em operação. O Grupo Ki Açaí Nordeste registrou, nesse primeiro semestre de 2025, um crescimento de 27% no faturamento em comparação ao mesmo período do ano anterior.
Criada em 2016 por Emerson Montenegro, Socorro Braga, Victor Montenegro, João Pedro e Emerson Filho, a Ki Açaí é uma empresa familiar que iniciou suas operações de maneira simples, com a venda de açaí em um carrinho no bairro Maraponga, em Fortaleza. Hoje, a empresa conta com 40 unidades e mais de 1,1 milhão de quilos de açaí, cremes, sorvetes e mix comercializados, consolidando-se como um dos principais players do setor no Nordeste. Sócio fundador da Ki Açaí, Victor Montenegro explica a dinâmica do sucesso da empresa.
“Nós começamos vendendo com um carrinho de açaí, mas sempre tivemos uma visão grande. Desde o início buscamos entregar um produto de alta qualidade, com sabor consistente, fórmula própria e uma operação acessível para quem quer empreender. Junto a isso, nosso posicionamento de marketing, a diversificação de produtos e o atendimento são fatores que contribuem para o nosso crescimento mês a mês. O crescimento veio porque nosso modelo de negócio é simples, escalável e pensado para funcionar”, pontua Montenegro.
Outro comprovante do crescimento da empresa está na recente inauguração de mais uma loja da Açaináticos, vertical de distribuição do grupo. A nova unidade, localizada no município de Caucaia (CE), aumentou a capilaridade da marca no estado e criou 25 empregos diretos, além de possíveis postos indiretos com a abertura de novos pontos de venda.
Com o crescimento nos últimos anos, a empresa estabeleceu duas metas ousadas: a expansão da Açaináticos por todo o Nordeste e a meta de alcançar 100 lojas Ki Açaí até 2028. A médio e longo prazo, o grupo também pretende avançar para outras regiões do Brasil, com a abertura de novas distribuidoras e unidades da marca. Victor Montenegro revela ao Investindo Por Aí que, buscando viabilizar esse objetivo, a empresa tem focado na estruturação da base, na expansão geográfica e no fortalecimento do modelo de franquia. Ele conta ainda que estão ampliando o centro de distribuição e investindo em tecnologia para garantir que a operação acompanhe o crescimento com segurança. Já do ponto de vista comercial, a Ki Açaí tem estudado novas praças com potencial de consumo e procurado franqueados.
Alberto Félix, CEO da Agropar, uma das principais produtoras de açaí no estado cearense e parceira do Grupo Ki Açaí, acredita que a meta da empresa pode ser alcançada. Ele destaca que nos últimos anos o consumo de açaí cresceu significativamente não apenas no estado do Ceará como no Brasil inteiro.
Dados do IBGE ratificam Alberto. Nos últimos cinco anos, a produção de açaí no Brasil registrou um aumento de 70% e, segundo a Scantech, entre janeiro e julho de 2024, o mercado de açaí cresceu 12,9% em relação ao mesmo período de 2023. O açaí não é só destaque no consumo nacional, em 2023 o Brasil exportou cerca de 79 toneladas do fruto, gerando US$314 milhões; um aumento de 41% em relação ao ano anterior.
Alberto também conta que a Agropar, empresa genuinamente cearense, começou o plantio de açaí em 2016 e produz uma média de 5 toneladas da fruta por mês. Segundo ele, seguindo a tendência de crescimento do consumo no país, há projetos para expandir ainda mais o plantio de açaí, seja por meio de terrenos próprios ou de terceiros.
O sucesso da comercialização do fruto paraense é tanto que ter uma loja de açaí vira alvo de desejo até mesmo na ficção. Na novela “Vale Tudo” da Rede Globo, o personagem César Ribeiro (Cauã Reymond) sugere a sua parceira de golpes, Maria de Fátima (Bella Campos) fugirem para abrir uma loja de açaí longe do Rio de Janeiro. Contudo, a ambiciosa Maria de Fátima declina a proposta para continuar a vida de golpes no Rio de Janeiro.
Ao pensar no diferencial do Grupo Ki Açaí, o que permitiu a empresa crescer tanto nos últimos anos, Victor destaca o modelo de negócio adotado que facilita o caminho para o empreendedor, buscando unir praticidade na operação e rentabilidade. “Apostamos em um formato mais enxuto, para otimizar recursos e reduzir custos. Temos, por exemplo, franquias que funcionam em quiosques, contêiner e até trailers, o que é muito bom para o empreendedor. Além disso, diferente de modelos tradicionais, com as taxas variando de acordo com o faturamento, nossas franquias têm custos estáveis, com royalties mais acessíveis.”
A trajetória familiar do Grupo Ki Açaí marca mais uma história de empreendedorismo nordestino de sucesso, partindo do carrinho de bairro e se consolidando como um dos grandes atores do setor.