Nesta terça-feira (15), teve início em Maceió o Energia 360 Alagoas – Caminhos para a Segurança Energética, evento promovido pela Origem Energia para debater os caminhos do mercado energético no Brasil. Realizado no Jatiúca Hotel & Resorts, o encontro contará, até a quinta-feira (17), com palestras, workshops e painéis de discussões sobre temas relacionados à segurança e à transição energética.
Reunindo temas como flexibilidade e integração energética, power balancing, competitividade e aumento de oferta, o Energia 360 reuniu especialistas e já no primeiro dia e trouxe diálogos importantes entre representantes dos setores público e privado.
Para o Secretário Felipe Cordeiro, que representou o governador de Alagoas, Paulo Dantas, fomentar o debate sobre energia é também pensar no desenvolvimento do estado. “É um evento importante para o Estado, a Origem é uma grande parceira do Governo de Alagoas, que vem trazendo essa transformação energética com gás natural para cá. E isso é importante para o estado, para diversificar nossa economia, permitindo que o estado se desenvolva em outras frentes para além do turismo”, pontuou.
Um dos convidados da mesa de abertura do evento, o ex-ministro Joaquim Levy, hoje diretor do Banco Safra, falou sobre a importância do evento e de colocar o Nordeste no centro dos diálogos sobre transição energética e energia limpa. “O Nordeste, à medida que tem recursos que são específicos a ele, tem possibilidades muito grandes e a gente espera que esses avanços possam se tornar um grande estímulo para a industrialização aqui na região. As perspectivas são muito positivas, posicionam o Nordeste de uma maneira muito interessante nesse cenário”.
Estocagem de gás: mais investimentos e desenvolvimento para Alagoas
Durante o evento, a Origem recebeu a licença do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA) para seu projeto de Estocagem Subterrânea de Gás Natural (ESGN) no estado. O investimento previsto é de US$ 200 milhões (cerca de R$ 1,1 bilhão).
Além disso, a empresa também pretende destinar verbas para o investimento em termelétricas em Alagoas, com o montante de US$ 500 milhões (cerca de R$ 2,7 bi). A estimativa é que até 2030 sejam investidos US$ 700 milhões em todo o estado.
Luiz Felipe Coutinho, CEO da Origem, celebrou a conquista e destacou a importância desses próximos passos para Alagoas. “A gente acredita muito que, a partir dos investimentos da Origem, Alagoas se torne a principal bateria do sistema elétrico brasileiro. Nós vamos investir mais de 700 milhões de dólares nos próximos quatro anos para efetivamente criar essa bateria aqui no Estado e Alagoas vai ser, senão o principal, um dos principais hubs energéticos do Nordeste e do Brasil”, apontou.
Para George Santoro, secretário-executivo do Ministério dos Transportes, o projeto pioneiro da Origem trará um grande incentivo à economia local, atraindo investidores do Brasil e do exterior. “Alagoas, além de produzir biogás, vai poder estocar gás, então a energia daqui de Alagoas vai ser muito mais barata, pela proximidade dessas estocagens. Com isso, o estado se coloca na vanguarda de ter uma energia de transição energética e com menor custo. É aí que vamos poder desenvolver uma cadeia produtiva nova aqui no estado a partir dessa percepção de que energia é o futuro”.
Presidente da Algás, Ediberto Omena mencionou os impactos socioeconômicos da chegada desse novo segmento. “Nós temos áreas preparadas para as grandes indústrias que queiram se instalar aqui, e isso é trazer mais emprego, mais investimento, mais indústrias para Alagoas. Eu diria que o estado pode se tornar um parque industrial com esse grande investimento da Origem para a estocagem do gás. As indústrias precisam do gás natural, uma energia limpa, descarbonizada, e nós vamos ter esse gás de reserva para entregar”, afirmou.
Power balancing e integração energética
Um dos temas debatidos ao longo da programação do primeiro dia foi o power balancing. A mesa “Do power balancing à integração energética”, composta por Roberto Ardhengy, Italo Freitas e José Luiz Alquéres e mediada por Rodrigo Milani trouxe a importância desse conceito no cenário energético brasileiro.
O power balancing é o equilíbrio entre produção e consumo de energia. Já a integração energética é a conexão entre diferentes fontes de energia. Nesse contexto, Alagoas sai na frente por sua grande capacidade de produção de energias renováveis, sendo um potencial exportador de gás natural, seja para outros estados ou outros países.
O presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Roberto Ardhengy, explicou a importância da integração energética para o país. “Os sistemas energéticos do mundo estão cada vez mais exigentes, eles necessitam que você tenha uma certa segurança, uma garantia de fornecimento. O Brasil tem fontes energéticas diversificadas e essa integração das diversas soluções energéticas vai fazer com que a gente consiga modernamente entregar esse produto tão importante pra economia da melhor forma possível”.
Para ele, o avanço da produção energética brasileira nas últimas décadas deve ser celebrado. “O Brasil tem se destacado no cenário internacional como produtor de energia, e o IBP tem acompanhado esse esse processo. Nos anos 70, quando o mundo teve a famosa crise do petróleo, que o barril do petróleo de uma hora para outra aumentou quatro vezes, o Brasil importava 90% do petróleo que consumia. Ao final de 2024, nós exportamos 1.7 milhões de barris, sendo o principal produto da exportação brasileira no ano passado”, destacou.
Com as iniciativas já existentes em Alagoas, o estado reafirma seu pioneirismo diante da transição energética e do uso de energias limpas. Roberto destaca que sediar eventos como o Energia 360 reforçam a posição do estado no cenário nacional. “Eu acho que esse evento aqui demonstra essa vocação de Alagoas como um hub energético do Nordeste, com uma vocação inclusive exportadora”, pontuou.
